terça-feira, 15 de abril de 2014

Acidificação do oceano diminui instinto de sobrevivência dos peixes


A investigação analisou o comportamento dos peixes nos recifes de corais em frente à costa de Papua Nova Guiné, uma zona onde o oceano é naturalmente ácido, e descobriu que seu comportamento é mais arriscado.
“Normalmente, os peixes evitam o cheiro de um predador, é totalmente lógico. Mas neste caso se sentem atraídos por seu cheiro. É incrível”, explicou à AFP um dos autores da pesquisa, o professor Philip Munday da universidade australiana James Cook.
O nível de acidificação na zona do estudo, “um laboratório natural” perfeito, segundo Munday, é comparável ao que os oceanos de todo o planeta terão ao fim deste século se não forem tomadas medidas contra as mudanças climáticas.
Cerca de 30% do dióxido de carbono emitido à atmosfera pela atividade humana termina sendo absorvido pelos oceanos, o que faz com que eles se tornem mais ácidos.
Segundo Munday, os peixes da região estudada não conseguiram se adaptar à acidez, apesar de terem vivido sempre nestas condições.
“Afastam-se muito dos refúgios e são mais ativos. É um comportamento mais arriscado, que os expõe a ataques dos predadores”, afirma o cientista.
“Isto demonstra que um peixe não sabe se adaptar quando está exposto permanentemente a altos níveis de dióxido de carbono. Também não sabemos se a adaptação será possível nas próximas décadas”, caso a acidificação do oceano continue aumentando, afirma.
O estudo foi realizado conjuntamente pelo Coral Centre of Excellence da Universidade James Cook, pelo Australian Institute of Marine Science, pelo Georgia Institute of Technology e pela National Geographic Society.
Fonte: Nature Climate Change

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Dez fotos que mostram que o nosso lixo pode ser consumido por animais




O albatroz está entre as maiores aves do mundo e voam grandes distâncias com pouco esforço. Contudo, a falta de consciência humana coloca em xeque à sobrevivência dessa espécie. Prova disso é uma série fotográfica capitaneada por Chris Jordan.
No atol de Midway, no vasto Oceano Pacífico, um conjunto de ilhas com mais de dois mil quilômetros do continente mais próximo, Chris Jordan retrata a morte de milhares de albatrozes que foram alimentados por seus pais, que confundiram o lixo flutuante com comida. Uma tragédia ambiental espantosa!
"Para mim, ajoelhado sobre as carcaças dos albatrozes, é como olhar para um espelho macabro. Estas aves refletem um resultado espantoso do transe coletivo do nosso consumismo e do crescimento industrial descontrolado", lamenta Chris Jordan.
O fotógrafo tem visitado este lugar com uma equipe e iniciou o projeto de um filme intitulado A Jornada Midway, cujo objetivo é fazer o telespectador sentir as justaposições de uma beleza deslumbrante e o nascimento da morte de milhares de albatrozes. Uma visita guiada às profundezas dos nossos espíritos que entrega uma mensagem profunda de reverência a amor que já está atingindo pessoas de todo o mundo.
Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2014/dez-fotos-que-mostram-que-o-nosso-lixo-pode-ser?tag=consumo_consciente#ixzz2yu2IkzGb

GALERIA DE FOTOS (clique na imagem para ampliar)





sexta-feira, 11 de abril de 2014

Vazamento de petróleo em 2010 causa anomalias em peixes

Quatro anos após a explosão da plataforma Deepwater Horizon, no Golfo do México, o petróleo cru que vazou ainda provoca anormalidades no desenvolvimento de espécies marinhas. Uma das consequências é a má-formação cardíaca em peixes como o atum-rabilho e o atum-amarelo. A conclusão faz parte de um estudo da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) divulgado no final de março na publicação Proceedings of the National Academy of Sciences.

Com a explosão, mais de 4 milhões de barris de petróleo foram despejados ao longo de 7 mil quilômetros da costa norte-americana. Apesar das dimensões visíveis do acidente, estima-se que metade de todo o material tenha sequer chegado à superfície. No entanto, o acidente coincidiu com a época de reprodução dessas espécies, que depositam ovos na superfície oceânica.

Segundo a pesquisadora da Universidade de Standford, Barbara Block, uma das autoras do estudo, as evidências apontam um efeito comprometedor do óleo na fisiologia e morfologia dos embriões e larvas. O estudo mostrou que o petróleo age como um fármaco que impede processos-chave nas células cardíacas. O movimento de contração e descontração do músculo cardíaco é afetado, o que provoca arritmias.

O coordenador do estudo, John Incardona, explica que os problemas cardíacos afetam diretamente a capacidade de natação dos peixes, criando uma mortalidade tardia ainda relacionada ao derramamento. Como a pesquisa confirmou deformidades que já haviam sido registradas, os autores acreditam que peixes-espada, marlins, cavalas e outras espécies também enfrentem o mesmo problema.

A pesquisa alerta ainda que os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos derivados do óleo, substâncias que afetam diretamente o coração dos peixes, podem permanecer nos habitats marinhos por vários anos, ampliando os impactos ambientais do acidente.

Piores vazamentos da história

A Agência Deutsche Welle fez uma seleção dos cinco piores vazamentos de petróleo ocorridos na história. Confira:

1. Gerra do Golfo / Kuwait

Em 1991, tropas iraquianas abriram as válvulas dos poços de petróleo do Kuwait, que havia sido invadido, para reduzir a oferta desse recurso mineral. O Kuwait tinha produção excessiva e, com isso, forçava a queda dos preços no mercado internacional, o que motivou a invasão das forças de Saddam Hussein. O resultado foi um derramamento de aproximadamente 240 milhões de galões de petróleo bruto no Golfo Pérsico. A mancha de óleo atingiu uma área de mais de 700 quilômetros de costa, além de causar danos irreparáveis à biodiversidade e à integridade física do Golfo.

2. Golfo do México

Esse foi o maior desastre acidental da história, de acordo com a agência. Em 20 de abril de 2010, um vazamento de gás provocou uma explosão na plataforma de exploração Deepwater Horizon, a 6,4 quilômetros da costa do estado norte-americano de Louisiana, no Golfo do México. Mais de mil quilômetros de costa foram atingidos, destruindo habitats, vida marinha e prejudicando as populações locais. Especialistas dizem que a recuperação deve levar décadas.

3. Ixtoc 1

A terceira posição também pertence a um acidente ocorrido no Golfo do México. Em 6 de março de 1979, uma explosão na plataforma mexicana Ixtoc 1, na Bahia de Campeche, causou o vazamento de mais de 1 milhão de galões de petróleo bruto por dia. No total, cerca de 147 milhões de galões do óleo se misturaram às águas do Golfo.

4. Atlantic Empress

Este desastre aconteceu poucos meses após o incidente no México, de 1979. Em 19 de julho, os navios petroleiros Atlantic Empress e Aegean Captain, carregando 276 mil e 200 mil toneladas de petróleo bruto, respectivamente, colidiram a poucos quilômetros da ilha de Tobago. Com o choque, houve uma explosão seguida de fogo, matando 26 tripulantes. O fogo no Aegean foi controlado e o navio foi rebocado para a costa, derramando pouco petróleo na água. Já o Atlantic Empress afundou dias depois. Ao todo foram jogados 88 milhões de galões do recurso mineral no mar do Caribe.

5.  Bacia do Rio Iguaçu (PR)

O desastre na bahia do rio Iguaçu, no estado do Paraná, não está entre os piores do mundo, mas é o principal do Brasil, conforme informações da agência. Em 16 de julho de 2000, houve um vazamento na refinaria da Petrobrás em Araucária. Mais de 1 milhão de galões (4 milhões de litros) de óleo foram jogados no meio ambiente, afetando a fauna e a flora da região.

Poucos meses antes, o Brasil sofreu outro grave vazamento. Em 18 de janeiro, um dos oleodutos que ligam a Refinaria Duque de Caxias ao terminal da Petrobrás na ilha D'água se rompeu. O vazamento liberou 340 mil galões de óleo combustível na bahia de Guanabara, no Rio de Janeiro.

Com informações da Agência Deutsche Welle

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Lixo nos mares

                    
Levados para os oceanos pelo vento, os resíduos sólidos gerados por atividades humanas já são um grave problema social e ambiental. Conservação marinha e boa gestão podem auxiliar a reduzir esse impacto.                                   
O problema do lixo marinho envolve fontes terrestres e marítimas de lixo e diferentes locais de acúmulo, como praia, mar costeiro e oceano aberto. Resíduos perigosos põem em risco os usuários da praia. (foto: Flickr/ epSos .de – CC BY 2.0)

O lixo de origem humana que entra no mar está presente nas imagens, hoje comuns, de animais emaranhados em materiais de todo tipo ou que ingeriram ou sufocaram com diferentes itens. Também é conhecida a imensa mancha de lixo que se acumula no chamado ‘giro’ do oceano Pacífico Norte – os giros, existentes em todos os oceanos, são áreas em torno das quais se deslocam as correntes marinhas. Nas zonas centrais desses giros, as correntes têm baixa intensidade e quase não há ventos. Os resíduos que chegam ali ficam retidos e se acumulam, gerando enormes ‘lixões’ oceânicos.
Apesar do sensacionalismo em torno desse tema, o estudo do lixo marinho tem bases científicas e envolve, em todo o mundo, cada vez mais pesquisadores e tomadores de decisão. Todos engajados na luta pela diminuição desse problema social e ambiental.
Detritos orgânicos (vegetais, animais, fezes e restos de alimento) não são considerados lixo marinho, porque em geral se decompõem rapidamente e se tornam nutrientes e alimentos para outros organismos
Os impactos ligados à presença do lixo no mar começaram a ser observados a partir da década de 1950, mas somente em 1975 foi definido o termo ‘lixo marinho’, hoje consagrado. Essa definição, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, diz que é lixo marinho todo material sólido de origem humana descartado nos oceanos ou que os atinge por rios, córregos, esgotos e descargas domésticas e industriais.
Detritos orgânicos (vegetais, animais, fezes e restos de alimento) não são considerados lixo marinho, porque em geral se decompõem rapidamente e se tornam nutrientes e alimentos para outros organismos. As fontes do lixo oceânico são comumente classificadas como ‘marinhas’ (descartes por embarcações e plataformas de petróleo e gás) e ‘terrestres’ (depósitos e descartes incorretos feitos em terra e levados para os rios pelas chuvas e daí para o mar, onde também chegam carregados pelo vento e até pelo gelo).
Tartaruga presa em rede
O número de publicações, científicas e não científicas, sobre lixo marinho começou a aumentar a partir da década de 1980, segundo Christine Ribic, bióloga norte-americana e uma das principais pesquisadoras da área.
Ribic atribui esse aumento a três processos:
1) a contínua e crescente substituição, em vários tipos de utensílios, de materiais naturais pelos sintéticos – estes, como o plástico, resistem por mais tempo à degradação no ambiente marinho e tendem a se acumular;
2) o baixo custo dos materiais sintéticos, que não incentiva sua reciclagem e favorece o descarte no ambiente e
3) o aumento, na zona costeira, do número de habitantes e embarcações, que podem contribuir para o descarte de lixo no ambiente marinho.
Compromissos e atitudes
Os estudos sobre o volume de resíduos no mar e os impactos à fauna levaram à realização, nos Estados Unidos, de Conferências Internacionais de Lixo Marinho, organizadas pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa, na sigla em inglês). As conferências ajudaram a consolidar a ideia de que o problema do lixo marinho deve ser reconhecido e enfrentado pelo poder público e por indústrias, pescadores, marinha mercante, militares e a sociedade em geral, e ainda agilizaram trocas de informação entre os pesquisadores e os tomadores de decisão.
O problema do lixo marinho deve ser reconhecido e enfrentado pelo poder público e por indústrias, pescadores, marinha mercante, militares e a sociedade em geral
O número de participantes – inclusive de países – vem aumentando, como mostrou a última Conferência Internacional de Lixo Marinho, realizada em 2011, no Havaí, que teve o apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Esse encontro gerou dois documentos importantes: o Compromisso de Honolulu e a Estratégia de Honolulu.
O primeiro é uma lista com 12 atitudes/ações que objetivam reduzir a geração de lixo marinho. Ao assinar esse documento, a nação, empresa ou indivíduo assume publicamente o compromisso de combate ao problema. Já a Estratégia de Honolulu consiste em um roteiro de medidas elaborado para orientar a sociedade civil, o poder público e o setor privado a planejar e executar suas ações nesse campo, incluindo a troca de informações e o aprendizado mútuo. Inclui três eixos de ação: reduzir o lixo marinho gerado em terra, reduzir o lixo marinho gerado no mar e remover o lixo acumulado no ambiente marinho.

Proteção do mar na ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada, em 1945, com o objetivo de promover a paz e o desenvolvimento dos países, mas nas décadas seguintes expandiu sua área de ação. Em 1972, criou uma comissão sobre meio ambiente e desenvolvimento, a qual, em 1987, publicou o relatório ‘Nosso futuro comum’ – chamado de Relatório Brundtland. O nome homenageia a então primeira-ministra norueguesa Gro Harlem Brundtland, que presidiu a comissão.
Albatroz
O albatroz foi morto provavelmente pela ingestão acidental de plástico. (foto: USFWS Headquarters)
O relatório criticou o sistema de produção mundial e o próprio conceito de desenvolvimento, sugerindo uma mudança na forma como as nações buscavam seu crescimento econômico. Para a comissão, os governos deveriam adotar um modelo de desenvolvimento capaz de “satisfazer as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as próprias necessidades” – ou seja, um desenvolvimento sustentável.
Em 1992, como desdobramento do Relatório Brundtland, foi promovida a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida como Eco-92, ou Rio-92, por ter ocorrido no Rio de Janeiro. O encontro mundial gerou um documento, a Agenda 21, contendo compromissos que os países deveriam adotar para proteger o meio ambiente. Entre eles estavam mudanças nos padrões de consumo, manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e proteção dos oceanos, mares e zonas costeiras, temas que se relacionam com a diminuição da geração de lixo marinho.
Dando sequência às iniciativas da ONU contra a degradação do ambiente marinho, o PNUMA criou, em 1995, o Programa Global de Ação para a Proteção do Ambiente Marinho de Atividades Situadas em Terra (GPA, na sigla em inglês). Esse programa inovou ao apontar a conexão entre os ambientes marinho e terrestre e buscou orientar as nações no sentido de reduzir as fontes de degradação dos oceanos oriundas de atividades humanas realizadas em terra.
Você leu apenas o início do artigo publicado na CH 313. Clique aqui para acessar uma edição resumida da revista e ler o texto completo.

Andréa de Lima Oliveira
Flávia Cabral Pereira

Programa de Mestrado em Oceanografia
Instituto Oceanográfico
Universidade de São Paulo
Alexander Turra
Laboratório de Manejo, Ecologia e Conservação Marinha
Instituto Oceanográfico
Universidade de São Paulo

segunda-feira, 7 de abril de 2014

    O artista Jason de Caires Taylor criou um enorme museu subaquático usando 450 esculturas em tamanho real, que foram colocadas no fundo do oceano em águas próximas a balneários mexicanos.
    As esculturas foram feitas com um cimento especial que permite o crescimento de recifes de corais ao seu redor. Ao longo do tempo, as obras de arte atraíram corais, algas e peixes, evoluindo para virar um recife vivo.
    Ocupando uma área de 420 metros quadrados, as esculturas têm um peso total de 200 toneladas.
     Veja Mais : Esculturas no mar
    Fonte: BBC

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Vídeo: a vida marinha secreta de esponjas e corais


O fotógrafo Daniel Stoupin produziu um trabalho de extrema beleza e delicadeza. A ideia dele foi capturar a essência da vida marinha, exótica para nós, por meio de fotos de alta ampliação. Stoupin busca mostrar a vida secreta dos chamados “animais marinhos lentos” – corais e esponjas.
“Estas são criaturas muito móveis, mas seu movimento é apenas detectável em escalas de tempo diferentes em comparação com a nossa e requer um período longo para ser observado. Estes animais constroem recifes de coral e desempenham um papel crucial na biosfera, mas não sabemos quase nada sobre suas vidas diárias”, afirma.
O clipe acima, batizado pelo artista de “Slow Life” (Ou seja, “Vida Lenta”), foi produzido compilando aproximadamente 150 mil fotografias diferentes. Stoupin explica que cada quadro do vídeo é na verdade uma montagem que consiste em 3 a 12 fotografias distintas, em que os focos das imagens foram mesclados.
O fotógrafo destaca que organismos vivos que desempenham funções-chave na biosfera podem não parecer empolgantes quando se trata de movimento, mas, da mesma forma que todos os seres vivos, são dinâmicos, móveis e, fundamentalmente, têm as mesmas propriedades de movimento que nós.
 “Eles crescem, se reproduzem, se espalham, se movimentam em direção a fontes de energia e fogem de condições desfavoráveis. No entanto, o detalhe é que suas velocidades estão fora de sincronia com a nossa percepção reduzida. Nossos cérebros estão programados para compreender e acompanhar melhor acontecimentos rápidos e dinâmicos, especialmente aqueles raros que acontecem em velocidades às quais estamos acostumados. Temos mais dificuldades de entender situações que envolvem predadores incrivelmente rápidos ou presas camufladas que levam minutos, horas ou dias para que uma pessoa note qualquer alteração”, explica.
Stoupin afirma que a vida marinha lenta é particularmente misteriosa. Sabemos um pouco sobre a bioquímica e ciclo de vida de corais e esponjas, mas é só isso. “Infelizmente, é difícil ter certeza sobre os demais assuntos, em particular a interação com outros organismos, que acontece ao longo de grandes períodos de tempo”.
É neste contexto que a obra de Stoupin é relevante não apenas como arte, mas também como ciência. A técnica fotográfica de “time lapse” – em que a frequência de cada frame por segundo de filme é muito menor do que aquela em que o filme será reproduzido, dando a impressão de que o tempo está passando muito rápido – revela um mundo totalmente diferente. “Minha ideia era fazer com que a vida no recife de coral parecesse mais espetacular e, desta forma, mais próxima de nossa percepção”, esclarece.
O resultado final é uma curiosa e exótica dança realizada por criaturas longe de nosso contato diário, mas que nem por isso passam despercebidas por fotógrafos de tino apurado como Daniel Stoupin. [Vimeo e Notes From Dream Worlds]

 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Transposição de água pode destruir o mar Morto

Autoridades querem levar água do mar Vermelho para o mar Morto. Lago perdeu 35% de sua extensão nos últimos 60 anos.                   
O uso excessivo da água do mar Morto fez com que ele perdesse 35% de sua extensão nos últimos 60 anos. Em dezembro do ano passado, Israel, Jordânia e a Autoridade Palestina assinaram um acordo, com apoio do Banco Mundial, para construir um sistema de canos que levará água do mar Vermelho para o mar Morto. Para especialistas, a medida pode levar à destruição do mar Morto.

"Em vez de salvar o mar Morto, a transposição do mar Vermelho irá destruí-lo", afirmou Sarit Caspi Oron, especialista em recursos hídricos da ONG Adam Teva V'din. Para ela, "o plano do governo se concentra apenas na elevação do nível da água, mas ignora o principal, que é a qualidade da água e sua composição química".

Cientistas advertem que a transposição de águas pode abalar o ecossistema do mar Morto, cuja composição química é completamente diferente daquela de mares abertos. Localizado a 427 metros abaixo do nível do mar, o ponto mais baixo do planeta, o mar Morto possui uma concentração especialmente alta de potássio, cálcio e magnésio, além de um grau de salinidade dez vezes maior do que os oceanos.

Segundo Oron, as principais razões do encolhimento do mar Morto são o desvio das águas do rio Jordão e a ação das indústrias químicas - israelenses e jordanianas, que extraem grandes quantidades de água para explorar os minerais na região.

As soluções propostas por ambientalistas envolvem mudanças radicais na política hídrica de Israel, que utiliza a maior parte das águas desviadas do rio Jordão, inclusive para irrigar plantações de assentamentos israelenses nos territórios palestinos ocupados. "Devemos desviar menos água do rio Jordão para agricultura, a fim de possibilitar que o próprio rio volte a abastecer o mar Morto. Durante milhares de anos, ele foi abastecido com a água doce do rio Jordão e manteve seu ecossistema", disse Oron.

Outra medida seria o aumento da produção de água dessalinizada extraída do mar Mediterrâneo, que já chega a 40% do total da água consumida em Israel. "Aumentando a dessalinização e a economia de água estaríamos sobrecarregando menos as nossas fontes naturais, como o mar da Galileia e o rio Jordão, e assim o mar Morto sairia beneficiado", concluiu.

Segundo o governo de Israel, inicialmente, será implementado um plano piloto, com uma transposição limitada de águas. Nessa primeira fase, os efeitos ambientais serão monitorados.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Foto do Dia: Cavalo - marinho " dando à luz" ! E, mais, "Os segredos do cavalo-marinho."

Cavalo marinho "dando à luz" autor desconhecido
Os segredos do cavalo-marinho
 Esses peixes têm um sistema reprodutivo atípico: a incubação dos filhotes é feita nos machos. Em sua coluna de março, Jerry Borges explica como isso acontece e mostra como os cavalos-marinhos podem inspirar pesquisas sobre a reprodução humana.                     
                                                               
Além da sua beleza, os cavalos-marinhos chamam a atenção por seu sistema reprodutivo peculiar, que se caracteriza pela incubação dos embriões em desenvolvimento dentro do corpo do macho. Descobertas recentes esclareceram alguns dos ’segredos‘ associados a essa forma única de reprodução e nos deram pistas importantes sobre alguns aspectos da biologia do desenvolvimento, inclusive de nossa espécie.
Os cavalos-marinhos e seus parentes, os peixes-pipa, pertencem à família dos singnatídeos, um grupo taxonômico que se reproduz por viviparidade. Essa forma de desenvolvimento é encontrada em todos os grupos de vertebrados, com exceção das aves, mas é pouco comum entre os peixes.
Os organismos em que ocorre esse tipo de incubação têm custos energéticos elevados e riscos maiores de predação. Embora os organismos vivíparos apresentem tamanhos reduzidos de ninhada se comparados com espécies que se reproduzem por meio de ovos (ovíparas), a viviparidade permite uma maior sobrevivência da prole, pois minimiza a influência ambiental durante o desenvolvimento embrionário.
A viviparidade é encontrada em 54 famílias de peixes, mas ocorre em apenas 2-3% das cerca de 30 mil espécies conhecidas. Como essas espécies não possuem útero, o desenvolvimento da prole ocorre na cavidade ovariana ou folicular.
A nutrição embrionária pode ocorrer através do vitelo, de outros ovos ou mesmo de outros embriões. Em algumas espécies os recursos alimentares e os gases respiratórios são fornecidos aos embriões através de estruturas epidérmicas, de projeções intestinais, de pseudoplacentas foliculares ou de estruturas similares a placentas, mas que possuem vitelo.
Casos raros
Peixe-pipa da espécie 'Corythoichthys haematopterus'. Assim como os cavalos-marinhos, esses animais pertencem à família dos singnatídeos, uma das 54 famílias de peixes vivíparos (foto: Steve Childs).
Peixe-pipa

Sempre que se fala em viviparidade, pensamos logo na incubação da prole no corpo das fêmeas. Há, contudo, alguns casos extremamente raros em que o desenvolvimento embrionário pode se processar no corpo de machos.
Alguns exemplos desse tipo incomum de incubação ocorrem em duas espécies de pequenos e ameaçados anfíbios habitantes do sudoeste da América do Sul e conhecidos como sapos de Darwin (gênero Rhinoderma). Esses animais apresentam fertilização externa e seus embriões se desenvolvem por cerca de 20 dias no meio ambiente até se transformarem em girinos e serem capturados e mantidos em expansões bucais dos machos, conhecidas como sacos vocais, até sua metamorfose.
Os peixes singnatídeos são outro exemplo da incubação de embriões vivíparos em machos. Esse grupo compreende 232 espécies conhecidas que exibem uma ampla variedade e complexidade reprodutiva. Entre os singnatídeos, existem espécies que apresentam reprodução externa e outras nas quais as fêmeas incubam seus filhotes. Contudo, é a incubação por machos que faz esse grupo de peixes especial para os estudiosos da reprodução.
Em algumas espécies de singnatídeos, os machos mantêm os embriões em desenvolvimento em uma bolsa de incubação especializada existente na superfície de seus abdomes ou caudas. Esses locais apresentam modificações morfológicas e fisiológicas semelhantes às encontradas nas fêmeas vivíparas.
As estruturas reprodutivas mais complexas são encontradas nas 33 espécies de cavalos-marinhos que também apresentam as alterações fisiológicas reprodutivas mais marcantes. Nessas espécies, as fêmeas transferem seus gametas (ovócitos) ricos em reservas nutritivas (vitelo) para a bolsa de incubação dos machos, onde ocorre a fertilização pelos gametas masculinos.
Os cavalos-marinhos machos apresentam uma produção muito reduzida de gametas
Nos machos dessas espécies há uma produção muito reduzida de gametas – apenas cerca de 150 células por testículo, o menor valor conhecido entre os peixes. A reduzida competição espermática nessas espécies talvez esteja associada com esse processo, que talvez seja uma adaptação para evitar a fecundação dos ovócitos por mais de um espermatozoide.
Após a fertilização, os zigotos se implantam rapidamente e ocorrem diferenciações e adaptações fisiológicas e morfológicas nos tecidos masculinos associadas com o desenvolvimento embrionário. Há um aumento da vascularização nos locais de implantação embrionária. Também é observada a ocorrência de alterações relacionadas com a osmorregulação, a aeração, a nutrição e a proteção imune dos embriões em desenvolvimento.
Cavalo-marinho grávido
Cavalo-marinho grávido no Aquário de Nova York. O período de gestação dos signatídeos pode ir de 9 a 69 dias, dependendo da temperatura ambiental (foto: Jaro Nemcok).

Apesar de os embriões receberem um suprimento rico de energia de suas mães através do vitelo, acredita-se que os pais também contribuam com nutrientes durante a incubação. Além disso, pesquisas genéticas indicam que as lectinas C – um grupo de proteínas com atividade antibacteriana – são secretadas pelos machos para a proteção dos embriões antes que esses desenvolvam as suas próprias defesas imunes.

A gestação e depois

O período de gestação dos signatídeos possui uma enorme variação, podendo alcançar de 9 a 69 dias, dependendo da temperatura ambiental. Após a gestação, a pseudoplacenta dos machos é eliminada juntamente com os as formas jovens, que passam então a depender somente de si para o desenvolvimento futuro. Não há, portanto, entre os signatídeos qualquer forma de cuidado paternal (ou maternal) da prole.
A regulação hormonal da reprodução dos signatídeos depende da prolactina, um hormônio da hipófise que está relacionado com a osmorregulação, com o desenvolvimento, com as respostas imunes e com a reprodução nos vertebrados. Nos signatídeos, o bloqueio da síntese de prolactina causa abortos e a eliminação dos tecidos associados com a reprodução.
Bolsa de incubação do cavalo-marinho
O esquema indica a localização e a estrutura interna da bolsa de incubação de um cavalo-marinho macho antes e durante o desenvolvimento embrionário (adapatado de Stolting e Wilson, 2007).

A testosterona e outros hormônios esteroides masculinos regulam o início da incubação nos signatídeos. Os esteroides femininos, como o estradiol e a progesterona, por sua vez, também controlam o desenvolvimento embrionário nessas espécies de peixes. Contudo, são necessárias pesquisas para verificar como se comportam os níveis desses hormônios durante a incubação masculina.
Os peixes do grupo dos cavalos-marinhos são modelos interessantes para pesquisas sobre reprodução
Diversas espécies de signatídeos podem ser cultivadas em laboratório com certa facilidade. Por terem tempos de geração curtos (3-12 meses), elevada fecundidade (de 50 a 2 mil filhotes por ninhada) e um genoma haploide pequeno (de 500 milhões a um bilhão de bases nitrogenadas), os cavalos-marinhos e outras espécies de seu grupo podem ser considerados modelos interessantes para pesquisas futuras que poderão esclarecer como ocorre a reprodução do ponto de vista morfológico, fisiológico e genético.
O estudo desses animais pode gerar dados essenciais para a compreensão desse processo em nossa própria espécie. Além disso, esses simpáticos peixes oferecem uma oportunidade para que possamos investigar o processo de seleção sexual e compreender melhor o papel masculino na reprodução.
Jerry Carvalho Borges
Departamento de Medicina Veterinária
Universidade Federal de Lavras

Sugestões do autor  para leitura
Dzyuba,B., Van Look,K.J., Cliffe,A., Koldewey,H.J., and Holt,W.V. (2006). Effect of parental age and associated size on fecundity, growth and survival in the yellow seahorse Hippocampus kuda. J. Exp. Biol. 209, 3055-3061.
Jones,A.G., Moore,G.I., Kvarnemo,C., Walker,D., and Avise,J.C. (2003). Sympatric speciation as a consequence of male pregnancy in seahorses. Proc. Natl. Acad. Sci. U. S. A 100, 6598-6603.
Ripley,J.L. and Foran,C.M. (2006). Differential parental nutrient allocation in two congeneric pipefish species (Syngnathidae: Syngnathus spp.). J. Exp. Biol. 209, 1112-1121.
Rothchild,I. (2003). The yolkless egg and the evolution of eutherian viviparity. Biol. Reprod. 68, 337-357.
Soares,M.J., Konno,T., and Alam,S.M. (2007). The prolactin family: effectors of pregnancy-dependent adaptations. Trends Endocrinol. Metab  18, 114-121.
Stolting,K.N. and Wilson,A.B. (2007). Male pregnancy in seahorses and pipefish: beyond the mammalian model. Bioessays 29, 884-896.
Van Look,K.J., Dzyuba,B., Cliffe,A., Koldewey,H.J., and Holt,W.V. (2007). Dimorphic sperm and the unlikely route to fertilisation in the yellow seahorse. J. Exp. Biol. 210, 432-437.
 

Mostra resgata crença de 'curar' reumatismo dentro de baleia


A foto mostra um homem que sofria de reumatismo dentro da carcaça de uma baleia em Eden, sul da Austrália (Foto: National Library of Australia/BBC)
Exposição na Austrália conta prática do final do século 19, quando reumáticos passavam horas dentro do animal e diziam sair livres de sofrimento.
Uma exposição no Museu Nacional Marítimo da Austrália ilustra uma curiosa crença do final do século 19: de que entrar na carcaça em decomposição de uma baleia trazia alívio para aqueles que sofriam de reumatismo.
Segundo reportagem do diário "Sydney Morning Herald", acreditava-se que ficar dentro de uma baleia por cerca de 30 horas aliviava dores e sofrimentos por até 12 meses. Acredita-se que a prática nasceu na cidade de Eden, no sul da Austrália.
'Nova cura'
Um paciente reumático era colocado dentro da carcaça de uma baleia recém-abatida, "deixando apenas sua cabeça para fora", relata o jornal "Sydney Morning Herald".

Uma possível origem da prática, que data do final do século 19, é de que um homem bêbado teria entrado na carcaça de uma baleia e surgido horas depois aparentemente livre de seu reumatismo.
O incidente foi reportado pelo "Pall Mall Gazette", em matéria intitulada "uma nova cura para o reumatismo", em 7 de Março 1896.
A matéria falava que "um cavalheiro de hábitos festivos, mas gravemente afetado por reumatismo" estava andando na praia com amigos quando avistou a baleia, que já estava aberta e que "pareceu um atraente pedaço de carne".
Seus amigos, horrorizados com o calor e o cheiro, o deixaram lá dentro por várias horas, até que ele surgiu sóbrio e livre de seu reumatismo. O jornal diz que o incidente, que ocorreu alguns anos antes, deu à luz a prática bizarra.
"Os baleeiros cavavam uma espécie de túmulo estreito no corpo do animal onde o paciente ficava por duas horas, e, como em um banho turco, a gordura de baleia em decomposição cobria seu corpo, agindo como um enorme cataplasma", afirma.
A curadora da exposição, Michelle Linder, disse ao "Sydney Morning Herald" que é improvável que a prática tenha sido "algo muito popular".
"Eu não sei se não havia evidência científica (para apoiar a prática), mas houve boatos na época de que eles se sentiam melhor depois de passar um tempo dentro da baleia", acrescenta. Reumatismo é uma doença que provoca dor e inchaço nas articulações, que costuma afetar as mãos, pés e pulsos.

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