domingo, 29 de dezembro de 2013

Importante para deter enchentes, manguezal é ecossistema ameaçado

      Importante para deter enchentes, manguezal é ecossistema ameaçado
Desde os anos 80, cerca de 35% dos manguezais foram destruídos em todo o mundo. A importância desse ecossistema para a proteção costeira nem sempre é conhecida. Uma floresta que se ergue do mar. Nas costas tropicais, árvores singulares formam um cinturão verde entre o mar e a terra. Os mangues precisam de águas mornas e uma mistura de água salgada e doce para sobreviver. Numerosas espécies de aves vivem entre seus ramos e raízes aéreas. Na água, peixes nadam entre suas raízes e caranguejos reviram o fundo lamacento.
Desde os anos 80, entretanto, os valiosos manguezais diminuíram em 35% em todo o mundo. Há várias razões para isso, explica Ulrich Saint-Paul, do Centro Leibniz de Ecologia Tropical Marinha, da Universidade de Bremen. Muitas vezes, eles são removidos para a construção de portos, aeroportos ou residências. “Mas estas áreas também são cada vez mais usadas ​para abrigar culturas de caranguejos e camarões, destinadas ao mercado internacional.”
Para que o exterior receba camarões a preços baratos, os países que abrigam manguezais pagam um preço alto. Com o fim dessa vegetação, eles perdem um recurso importante, comenta Saint-Paul. “Os mangues não são só importantes zonas de reprodução de peixes, mas servem à proteção costeira. São barreiras naturais contra tempestades e, no quadro climático global, têm uma função importante, pois retêm dióxido de carbono.”
A construção de barragens ou o desvio de rios também ameaçam os manguezais, lembra o especialista em política de desenvolvimento René Capote, que examinou manguezais em sua terra natal, Cuba, para seu trabalho de doutorado pela Universidade de Bonn.
Segundo ele, os manguezais garantem uma água mais limpa na zona costeira, através da filtragem de sedimentos. “Isso também é importante para a preservação dos recifes de coral e para termos praias limpas e, portanto, para o turismo”, lembra Capote.
Barreira natural contra tempestades – Em eventos climáticos extremos, os manguezais atuam de várias maneiras como um cinturão de proteção. “Esse ecossistema pode absorver uma grande quantidade de água, fazendo com que a inundação de áreas povoadas após fortes chuvas seja reduzida”, diz o especialista cubano. Além disso, eles também formam uma barreira natural contra ventos e ondas. “Suas raízes aéreas e galhos seguram a inundação”, diz Femke Tonneijck, da organização ambientalista Wetlands International, que luta pela preservação das vegetações de mangue.
Além disso, esse ecossistema pode fornecer lenha e alimentos às populações costeiras, na época posterior a uma catástrofe natural. “No entanto, é necessário um cinturão de manguezais muito largo para atenuar uma grande enchente”, sublinha Tonneijck. Por isso, ela luta por uma revitalização das costas por meio de ações complementares, como a construção de diques, em regiões onde os manguezais já desapareceram. Muitas vezes, nessas áreas não há espaço suficiente para muitos quilômetros de cinturão verde.
O replantio também ajuda a combater a erosão costeira. “Trabalhamos numa região de Java onde os mangues foram substituídos por viveiros de peixes e camarões. Para a recuperação, você também precisa de sedimentos, onde os mangues crescem. Em vez de construir estruturas duras, como diques, para proteger a costa de uma erosão adicional, utilizamos estruturas de madeira, similares a cercas, que permitem a passagem de sedimentos. Este método tem sido usado há séculos na Holanda e no norte da Alemanha”, diz Tonneijck.
“Existem hoje técnicas muito bem sucedidas, e o Banco Mundial financia tais projetos com muito dinheiro”, diz Saint-Paul. “Mas, nesses casos, sempre se comete um erro: os manguezais são replantados como monoculturas. A biodiversidade natural, que proporciona a uma floresta uma estabilidade ecológica muito maior, não é considerada.”
Capote enfatiza ser necessário um planejamento de longo prazo e um monitoramento constante das condições de crescimento em projetos de revitalização de manguezais. Muitos projetos têm, segundo ele, fracassado ao fim de poucos anos devido a negligências nos trabalhos de preparo e manutenção de longo prazo.
Cultivo sustentável de camarão – Capote defende ainda a gestão sustentável dos manguezais existentes, incluindo medidas para uma criação sustentável de peixes e camarão. “Deveria ser introduzido um sistema de rotatividade que protegesse certas áreas e que desse a zonas de mangue já exploradas a oportunidade de se recuperarem. Além disso, deve ser evitada uma poluição duradoura através de rações com aditivos químicos. Uma área só consegue alimentar um certo número de camarões. É preciso escolher entre ganhos de curto prazo, que levam à destruição de manguezais, e um lucro menor, que colabora na conservação dessas áreas a longo prazo.”
A consciência da importância dos manguezais aumenta após cada catástrofe provocada por tempestades tropicais, mas ela dura pouco, critica Saint-Paul. “Precisamos de um programa educativo de longo prazo, tanto nas escolas como na educação de adultos, para fazer com que as pessoas que moram perto dos manguezais percebam a importância dessa vegetação e saibam as razões pelas quais ela deve ser protegida.”

sábado, 28 de dezembro de 2013

Enorme mancha avermelhada surge na orla de Copacabana

                      O fenômeno pode estar relacionado à presença de algas RIO - 28/12/13
O surgimento de uma enorme mancha de coloração avermelhada na orla de Copacabana, na tarde desta sexta-feira, pode estar relacionado à presença do mesmo tipo alga que desde o início do mês vem chamando a atenção de banhistas nas praias da Reserva, na Zona Oeste do Rio, e na cidade de Angra dos Reis. De acordo com o biólogo Mário Moscatelli, que analisou a imagem, o fenômeno deve ter relação com o forte calor e com a disponibilidade de nutrientes na costa do estado. Na manhã deste sábado, técnicos do Instituto estadual do Ambiente (Inea) recolheram amostras para análise. O resultado deve sair no final do dia.
— Claro que é necessária uma coleta de material e análise para comprovar se de fato é o mesmo tipo de alga encontrada recentemente nas praias da Reserva e de Angra dos Reis. Contudo, as condições precárias de saneamento no estado, somada a fatores como calor, pode estar por trás do fenômeno — acredita o biólogo.
Manchas em Angra
No último dia 18.12.13, o Inea divulgou as conclusões dos exames da espuma que surgiu nas praias de Angra dos Reis, na Região Sul Fluminense. De acordo com nota técnica, a espuma não traz risco para a vida marinha ou para os seres humanos.
Técnicos da Gerência de Qualidade da Água do Inea coletaram amostras nas praias Brava e no Saco de Piraquara, nos dias 31 de outubro, 2 e 4 deste mês. Em conjunto com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), foi feita outra coleta no último dia 9. O trabalho teve acompanhamento de técnicos do Ibama, órgão responsável pelo licenciamento ambiental da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA).
De acordo com os laudos técnicos produzidos a partir desta coleta de material, o surgimento de espuma no mar deve ter ocorrido a partir da decomposição de algas, o que provocou o aumento de matéria orgânica na água do mar. O processo, associado a fenômenos oceanográficos, tais como ventos, ondas e ressacas, favorece o aparecimento de espuma. Não houve registro de mortandade de peixes ou redução da quantidade de pescado na região.
Como houve uma concentração de espuma nas proximidades da saída do sistema de resfriamento da Central Nuclear de Angra dos Reis, no Saco de Piraquara, pescadores e moradores levantaram a suspeita de que o problema tivesse relação com as operações das usinas atômicas, o que foi descartado.
A conclusão dos técnicos é que o processo de resfriamento das usinas provoca turbilhonamento e aumento da temperatura da água. Com o incremento de matéria orgânica na captação, isso potencializou a formação de espuma. O sistema, no entanto, não tem qualquer contato com materiais radioativos, motivo pelo qual não há riscos de contaminação.
Fonte: O Globo



quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Greenpeace alerta para prática de pesca mais escandalosa do planeta


Visando suprir a crescente demanda por sushi e peixe enlatado, a pesca de atum com espinhel não apenas está colocando esta espécie à beira da extinção, como também outros animais marinhos

 Com o consumo de pescados aumentando exponencialmente ao redor do mundo, a questão da saúde dos oceanos está cada vez mais em evidência.
Já está claro que, para que os ecossistemas marinhos resistam às consequências do aquecimento global, eles precisam ter a sua estrutura trófica preservada, e assim, é urgente que medidas sejam tomadas para barrar os imensos impactos da sobrepesca.
Com isso em mente, o Greenpeace lançou um relatório em que explica o que classifica como a prática de pesca mais escandalosa do planeta, o uso de espinhel. O método é aplicado para a captura dos valiosos atuns, que alimentam a crescente demanda por sushi e peixe enlatado (atum-branco).
Ninguém sabe os números exatos de quantas embarcações pescam com espinhel, mas estimativas alcançam mais de cinco mil. Cada uma delas pode armar uma linha com até 170 km de comprimento contendo três mil anzóis que capturam atuns, mas também tubarões, tartarugas, aves e muitos outros animais.
No caso dos tubarões, muitas embarcações se aproveitam do bycatch (‘pesca acidental’) para explorar o comércio de barbatanas, extremamente lucrativo e cruel, além de ser a causa de uma queda catastrófica no numero desses animais, essenciais para a saúde dos oceanos.
Essas embarcações, e principalmente aquelas que navegam em alto mar, operam sem regulamentação alguma e infringem as cotas impostas por leis internacionais, resultando em altos índices de pesca ilegal e não reportada. Trabalhadores em condições análogas à escravidão também são comumente encontrados, reporta o Greenpeace.
Tudo isso levou a uma massiva sobrepesca de várias espécies de atum (de olho grande, amarelo, branco e azul).
No caso da costa brasileira, as espécies de atum que podem ser encontradas são o Thunnus albacares (chamado de albacora ou amarelo), com uma população remanescente estimada em 30%, segundo o Greenpeace, e o Thunnus atlanticus.
Em setembro, o jornal Carta Capital denunciou que três embarcações estrangeiras podem ter sido responsáveis, em pouco mais de três meses, pela morte de ao menos 30 mil aves marinhas, entre albatrozes, petréis e gaivotas, por não obedecerem a normas básicas para a pescaria ditadas pela legislação brasileira. 
Cerca de 90% do atum pescado no Brasil embarca em cargueiros japoneses.
Segundo a oceanógrafa Sylvia Earle, da National Geographic Society, maior referência mundial em oceanografia, 95% da população global de atum-azul (Thunnus thynnus) já virou sushi.
O Greenpeace pede por uma revolução nessa indústria para melhorar o manejo e o controle, reduzindo o poder de países como Taiwan, Coreia do Sul, China e Japão e estabelecendo cotas de pesca.
Batalha política

Na semana passada, delegados de 25 países encarregados de gerenciar o maior setor pesqueiro do mundo se encontrou na Austrália na reunião da Comissão de Pesca do Pacífico Central e Ocidental e nenhuma restrição significativa na captura do atum foi acordada.
Apesar dos apelos de países insulares para banir a pesca do atum no leste do Pacífico, um forte lobby de países como Estados Unidos, China e Coreia do Sul impediu a aprovação de medidas fortes para conter o declínio marcado nas populações do peixe.
Na semana anterior, a Comissão Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico se reuniu e, segundo Elizabeth Wilson, que preside da unidade de políticas oceânicas do Pew Charitable Trusts, os delegados de 55 países agiram positivamente para recuperar as populações de atum azul do Atlântico ao concordar em manter a cota atual de pesca, o que seria recomendado por cientistas.
Porém, ela lamenta que não houve avanços nas medidas para acabar com o declínio de espécies vulneráveis de tubarões e para a implantação de um sistema eletrônico visando ao rastreamento das capturas e comércio do atum azul.
"Infelizmente, os governos não conseguiram limitar a captura dos tubarões mako e porbeagle no Oceano Atlântico, apesar dos conselhos científicos claros de que a sobrepesca está acabando com as suas populações”, disse Wilson.
Fonte: Instituto CarbonoBrasil

 

 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Feliz Natal e Ano Novo 2014!

Eu estou pensando em você hoje porque é Natal, e eu lhe desejo felicidade.
E amanhã, porque será o dia seguinte ao Natal,
Eu ainda lhe desejarei felicidade.
Eu posso não ser capaz de lhe falar sobre isto diariamente,
Porque eu posso estar ausente, ou nós podemos estar muito ocupados.
Mas isso não faz diferença
- Meus pensamentos e meus desejos estarão com você da mesma forma.
Qualquer alegria ou sucesso que você tenha, me fará feliz. Me iluminará por todo ano.
Eu desejo à você o Espírito do Natal.
Van Dike
O Projeto Biomar deseja a todos os amigos um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de esperanças renovadas, vitalidade e realizações. Que os homens entendam que fazem parte da teia da Vida!
Nilo Serpa e Equipe


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Projeto avalia impactos de coral bio-invasor no Litoral catarinense


Espécie nativa Astrangia rathbuni encontrada na Ilha Deserta, no Litoral Norte de SC (Foto: Bruna Gregoletto/Divulgação)
Coral-sol é espécie natural dos Oceanos Índico e Pacífico.
Primeira aparição no Brasil foi entre as décadas de 1980 e 1990.

Um projeto desenvolvido no Litoral de Santa Catarina está estudando o impacto do coral-sol, natural dos Oceanos Índico e Pacífico, que está se alastrando no Litoral de Santa Catarina.
Encontrado pela primeira vez nas décadas de 1980 e 1990, no Litoral do Rio de Janeiro, a espécie está causando prejuízo ecológico em Santa Catarina, desalojando exemplares nativos. A partir de 2008, vários focos de coral-sol foram descobertos também nos estados da Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, indicando uma rápida expansão desta na costa brasileira.
Em Santa Catarina, o projeto desenvolve atividades de pesquisa, manejo e educação com o objetivo de identificar e monitorar a espécie. Isso é feito por meio de ações como monitoramento de costões rochosos através de mergulho e também das regiões portuárias de Imbituba, Itajaí e São Francisco do Sul, bem como avalia a abundância de corais nativos. O objetivo é subsidiar análises futuras de impactos potenciais sobre essas populações. As colônias desta espécie de coral, quando encontradas, são removidas.
Em 2012, mais de 300 colônias de coral-sol da espécie Tubastraea coccinea foram descobertas na Ilha do Arvoredo, dentro da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, e removidas por uma equipe da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Projeto Coral-Sol, do Rio de Janeiro.
Os estudos são realizados e desenvolvidos em parceria com a UFSC, o ICMBio e o Instituto Ekko Brasil. O projeto conta com o apoio do Fundo Costa Atlântica da Fundação SOS Mata Atlântica.
Fonte: G1 SC

 

 


Estudo australiano destaca importantes reservas de água doce submarinas.

As reservas hídricas que existem sob o fundo do mar representam cinco vezes o volume dos lagos de água doce do planeta, um maná potencial e vital para as gerações futuras, anunciaram cientistas australianos.
As reservas de água submarinas com baixa salinidade nas plataformas continentais da Austrália, China, América do Norte e África do Sul chegam a 500.000 quilômetros cúbicos, segundo Vincent Post, coordenador do estudo e professor da universidade australiana Flinders.
É 100 vezes o volume extraído das reservas subterrâneas ao longo do século passado”, destacou.
Os resultados, publicados na revista Nature, foram obtidos com a compilação dos dados hídricos recolhidos com atividades de exploração de petróleo.
Uma pessoa em cada três vive em um país com problemas de água moderados ou graves.
Quase metade da população do planeta pode sofrer com escassez de água até 2030, segundo a ONU, que considera que a demanda será 40% superior à oferta.

 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Nível dos mares e oceanos nunca subiu tão rápido como neste ano de 2013


Desde março, águas estão subindo numa média de 3,2 milímetros por ano, o dobro da média registrada no século 20.
Relatório preliminar divulgado pela Organização Meteorológica Mundial aponta que o nível dos mares e oceanos alcançou um novo recorde neste ano. Segundo o documento, o recorde foi alcançado em março. Desde então, os mares estão subindo numa média de 3,2 milímetros por ano, o dobro da média registrada no século 20.
Essa alteração atinge diretamente os moradores de regiões costeiras, que ficam mais vulneráveis a fenômenos meteorológicos como o tufão Haiyan, que causou milhares de mortes nas Filipinas. O Brasil também está sofrendo com as mudanças climáticas. O relatório indica que, em 2013, as precipitações no Nordeste ficaram abaixo da média. "A seca deste ano é a pior dos últimos 50 anos", pontua o documento.
As temperaturas também estão mais altas de 2013. Considerando os primeiros noves meses, este é um dos anos mais quentes já registrados, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial. O relatório preliminar dos primeiros nove meses indica que 2013 está em sétimo lugar, ao lado de 2003, entre os anos mais quentes já registrados desde o início da medição, em 1850. Temperaturas recordes foram medidas na Austrália, Japão, China e Coreia do Sul. "A temperatura da superfície é apenas uma parte de um quadro mais amplo das mudanças climáticas. O impacto no ciclo da água já está se tornando aparente, manifestando-se através de secas, enchentes e precipitações extremas", afirmou o secretário-geral da organização, Michel Jarraud.


A vida marinha está ameaçada pela elevação de acidez produzida pelo aumento de CO2 nos oceanos.

Há polêmicas recentes em torno do fato de, nos últimos dez anos, a Terra não ter registrado um aquecimento tão expressivo quanto o previsto por especialistas. Uma tese diz que o excesso de calor estaria sendo armazenado no fundo dos oceanos. Na última conferência do clima em Varsóvia, na Polônia, cientistas apresentaram um estudo que sustenta essa teoria.
O Programa Internacional para o Estado dos Oceanos (Ipso, na sigla em inglês) publicou um relatório em que demonstra não apenas o aquecimento dos oceanos, mas também uma mudança no pH (potencial hidrogeniônico – o índice que indica acidez de um composto) das águas.
“O aumento de temperatura chega até 1,3ºC, como no caso do Mar Báltico. Esse aquecimento ocorre em águas profundas – a mais de 700 metros de profundidade”, esclarece o professor de biologia e zoologia da Universidade de Oxford, Alex Rogers. Em entrevista à DW, o diretor científico do Ipso explica que quase um terço do dióxido de carbono emitido no planeta atualmente é absorvido pelos oceanos.
Apesar de diminuir o aquecimento global, esse fenômeno altera a química da água marinha. O CO2 reage na água e forma ácido carbônico, resultando numa acidificação gradual dos oceanos.
Ameaças à vida marinha – Estudos recentes sugerem que a água do mar já estaria 26% mais ácida do que antes do início da industrialização. Até 2100, os oceanos já poderiam estar 170% mais ácidos. Nos últimos vinte anos, diversos experimentos foram realizados em laboratórios ao redor do mundo para tentar descobrir exatamente quais seriam as consequências da mudança de pH para a vida marinha.
Ulf Riebesell, do Centro Helmholtz de Pesquisa Oceânica da Universidade de Kiel (norte da Alemanha) iniciou em 2010 os primeiros estudos no mar sobre o fenômeno, na ilha de Spitzbergen, no Ártico.
Enormes cápsulas colocadas na água do mar simulam as condições que provavelmente deverão predominar nos oceanos durante os próximos vinte anos, dependendo do nível das emissões de CO2. Esse e outros experimentos indicam que a crescente acidificação dificulta a vida dos organismos produtores de cálcio – como os que formam os recifes de coral.
“A acidificação põe em risco corais, conchas, caracóis, ouriços e estrelas-do-mar, além de peixes e outros organismos. Algumas das espécies produtoras de cálcio não poderão mais concorrer para sobreviver nos oceanos do futuro. A composição das espécies irá mudar radicalmente”, alerta.
Problemas para as comunidades costeiras – Os cientistas alertam também para graves consequências econômicas e sociais. As mudanças do clima também deverão ter impacto na cadeia alimentar dos oceanos. Algumas regiões poderão ser afetadas com mais intensidade pela acidificação dos oceanos, como as tropicais e subtropicais, que têm corais de mares de água quente, afirma Riebesell.
Os recifes de corais, de grande valor econômico e ecológico, são particularmente vulneráveis. Elas são importantes não apenas pela diversidade de espécies – e, em muitos países, pelo turismo – mas também porque servem como barreiras que protegem os litorais de ondas e tempestades.
As regiões polares também deverão ser afetadas, uma vez que a água gelada absorve ainda mais CO2. Experimentos no Ártico indicam que a água do mar nessas regiões pode se tornar corrosiva já nas próximas décadas. “Isso significa que a água pode se tornar tão ácida a ponto de simplesmente dissolver conchas e esqueletos dos organismos produtores de cálcio”, alerta Riebesell.
Também na Antártida já é possível perceber a acidificação, segundo Alex Rogers, diretor do Ipso. “Encontramos minúsculos caracóis marinhos cujas conchas de cálcio já estavam corroídas”, afirmou. Estes são seres de grande importância para a cadeia alimentar marinha, nutrindo de pequenos animais a baleias.
“Uma das principais fontes de proteína no mar está se esgotando rapidamente” alertou Monty Halls, presidente da organização ambiental Shark and Coral Conservation Trust (Fundo para a Conservação de Tubarões e Corais), em entrevista à DW. Ele acredita que a acidificação dos oceanos é a “maior ameaça às futuras gerações”.
Problemas de longo prazo para o clima – Além dos problemas para os ecossistemas e para a cadeia alimentar, os cientistas alertam sobre um efeito retroativo que deverá provocar um novo reforço das mudanças climáticas. Apesar das águas marinhas contribuírem para a diminuição do CO2 produzido pelo ser humano no longo prazo, a absorção do dióxido de carbono pelo mar tende a desacelerar nas águas marinhas. Segundo o estudioso Riebesell, quanto mais ácidos os oceanos se tornam, menor a sua capacidade de serem estabilizadores do pH.
Alex Rogers chama atenção para um outro problema: pequenas algas com estruturas compostas de carbonato de cálcio absorvem e depois carregam consigo partículas de carbono quando afundam no oceano. Se a quantidade dessas algas diminui, aumenta o nível de CO2 na atmosfera.
Rogers ainda esclarece que as emissões de CO2 aumentaram com maior velocidade do que nos últimos 300 milhões de anos:. “O ecossistema global passou por alguns eventos dramáticos de mudanças climáticas que resultaram na extinção maciça de diversas espécies. Nosso estudo enfatiza que, durante esses períodos de alteração profunda, altas temperaturas estiveram associadas à acidificação dos oceanos – como nos dias de hoje.”
Porém, ainda há tempo para contra-atacar esse fenômeno. A medida mais importante, na opinião dos cientistas, seria a redução das emissões de CO2. Sem isso, “todo o resto é inútil”, constata Riebesell, que também defende medidas complementares para reduzir a fragilidade dos ecossistemas. Por exemplo, a poluição de resíduos agrícolas e de plástico deve ser reduzida. Áreas marítimas protegidas poderiam ajudar a reduzir a pressão sobre os ecossistemas.
Apesar da gravidade da situação, Alex Rogers afirma que “todos podem fazer algo pra reduzir sua própria emissão de CO2 e produzir menos lixo: andar de bicicleta, não utilizar sacolas plásticas e usar menos produtos químicos”.
Fonte: Terra


 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Cientistas identificam 'arma secreta' de ataque dos cavalos marinhos

   Pesquisa aponta que cavalos marinhos são engenhosos e cruéis predadores

Cavalos marinhos não são tão lentos e estranhos como imaginávamos. Segundo uma pesquisa feita por cientistas americanos, esses animais são na verdade engenhosos e cruéis predadores.
Essas belas criaturas são famosas por serem péssimas nadadoras, mas elas escondem uma arma secreta que as permite se aproximar bem devagar de suas presas, sem despertar atenção. Seu focinho peculiar é moldado para criar poucas ondulações na água, disfarçando sua aproximação a pequenos crustáceos.
Para suas vítimas, os cavalos marinhos são como monstros do mar, dizem os cientistas da Universidade do Texas, em Austin, responsáveis pela pesquisa.
"O cavalo marinho é um dos peixes mais lentos que conhecemos, mas é capaz de capturar uma presa que nada a uma velocidade incrível", disse Brad Gemmell, autor do estudo divulgado na publicação científica Nature Communications.
As presas, nesse caso, são copépodes, crustáceos muito pequenos que são a comida favorita dos Syngnathidae, a família de peixes que incluí os cavalos marinhos e os peixes-agulha.
Quando os copépodes detectam ondas formadas por seus predadores, eles fogem a velocidade de mais de 500 comprimentos corporais por segundo - o equivalente a um humano de 1,80m nadando a 3.200 km/h.
Ataque mortal
"Os cavalos-marinhos conseguem surpreender o fujão mais talentoso do mundo aquático", diz Gemmell.
"Em condições calmas, eles capturam presas em 90% das tentativas. É uma taxa muito elevada, e queríamos saber o porquê."
Cavalos marinhos usam um método conhecido como alimentação pivô: seus longos pescoços agem como uma mola, que lhes permite girar rapidamente a cabeça e aspirar sua presa.
Mas essa aspiração só é eficaz em distâncias curtas, de cerca de um milímetro. E o ataque ocorre em menos de um milissegundo.
Até agora era um mistério como essas criaturas de olhar manso conseguem se aproximar de suas presas sem serem detectadas.
Para resolver esse dilema, Gemmell e seus colegas estudaram o cavalo-marinho anão (Hippocampus zosterae), das Bahamas e dos Estados Unidos.
Eles filmaram em 3D o movimento da água em torno deles, usando a técnica de holografia, com um microscópio equipado com uma câmera digital a laser e de alta velocidade.
Eles descobriram que o formato do focinho dos cavalos-marinhos minimiza o movimento da água na frente de sua boca antes do ataque.
Outros peixes pequenos com cabeças mais arredondadas, como peixes esgana-gata (Gasterosteus aculeatus), não têm essa vantagem, dizem os pesquisadores.
"É como uma corrida armamentista entre presa e predador, e o cavalo marinho desenvolveu uma boa maneira de chegar perto o suficiente e tornar a distância para o ataque bastante curta", diz Gemmell. "Em geral as pessoas não pensam em cavalos marinhos como predadores incríveis, mas eles realmente são."