Secar as suas orelhas com um cotonete é fácil. E a de uma baleia-azul? Se o bicho pode chegar a 30 metros de comprimento, com o coração do tamanho de um carro, imagine a quantidade de cera que não poderia se acumular em seu ouvido!
A baleia-azul tem o tamanho de um Boeing 737 e pesa mais que 25 elefantes juntos! Sua língua pesa quatro toneladas, e ela come cerca de 4 milhões de krills (pequenos camarões) por dia.
Deixe o nojo de lado para ler
esta notícia: cientistas descobriram que a cera de ouvido de uma baleia pode
revelar informações valiosas sobre sua vida e seu ecossistema. É possível,
acredite! saber a idade do animal a partir do estudo da cera de ouvido – quanto
mais camadas de secreção acumulada houver, mais velho será o animal. Além
disso, a cera de ouvido pode indicar quais eram os poluentes que contaminavam
as águas nas quais a baleia vivia.
Stephen Trumble e Sascha
Usenko, da Universidade de Baylor, nos Estados Unidos, estudaram a cera de
ouvido de uma baleia-azul (Balaenoptera musculus) que fora encontrada em
uma praia da Califórnia, em 2007. Seu corpo – incluindo a cera de ouvido –
estava preservado no Museu de História Natural de Santa Bárbara, também nos
Estados Unidos.
As notícias não foram muito
boas. Na secreção estudada, foram encontrados vestígios de 16 pesticidas, um
sinal preocupante da poluição dos oceanos. Os cientistas encontraram também DDT
(perigoso inseticida que já foi até proibido em vários países) e mercúrio
(metal tóxico que, mesmo ameaçando a saúde e o ambiente, continua sendo usado
em atividades industriais e no garimpo de ouro).
Cera de ouvido da baleia-azul
estudada pelos pesquisadores norte-americanos. A amostra tem 25 centímetros de
comprimento e três de diâmetro, e um cheirinho nada agradável
Você pode estar se perguntando
como os pesticidas, o DDT e o mercúrio foram parar no oceano, mas a resposta é
simples: com a ação das chuvas, toda a poluição que produzimos pode, mais cedo
ou mais tarde, acabar nos mares. Assim, a vida marinha e todo o ecossistema
aquático podem ser gravemente afetados.
“Baleias são animais tão
majestosos e impressionantes, e, quando poluímos os oceanos, nós as
prejudicamos diretamente”, disse à CHC Online o toxicologista John Wise, da
Universidade de Southern Maine, nos Estados Unidos. “Infelizmente, os oceanos
estão cada vez mais poluídos; e estudando a cera de ouvido das baleias
poderemos descobrir novos caminhos para torná-los mais limpos e mais seguros
para os animais”.
Fonte: Henrique Kugler, repórter do Instituto
Ciência Hoje