domingo, 1 de setembro de 2013

Formicivora littoralis - O Terror das Formigas

O Formigueiro-do-litoral (Formicivora littoralis) é uma ave que só pode ser encontrada Mata Atlântica, numa estreita faixa de restinga ainda existente na Região dos Lagos, no Estado do Rio de Janeiro. Também conhecido na área como "Com-com" ou "Conconha", é considerado como a única ave endêmica do ambiente de restinga. Embora a espécie tenha sido descoberta pela primeira vez em 1951, apenas foi descrita quase 40 anos depois e, desde então, não foram realizados suficientes estudos sobre a sua biologia.

O formigueiro, em média, mede 14 cm de comprimento e pesa 15 gramas. A espécie apresenta dimorfismo sexual, manifestado na plumagem: o macho é negro com detalhes em branco nas asas e na cauda, que é adornada por pequenos círculos; a fêmea tem a face clara, coberta por uma "máscara" negra sobre os olhos; o dorso é castanho e o ventre, bem claro.

Como as demais espécies do gênero Formicivora, formigueiros-do-litoral são monogâmicos, formando casais que estabelecem e defendem vigorosamente territórios, que são mantidos ao longo de todo o ano. Por habitar as restingas e formações litorâneas do litoral fluminense, preferem as áreas próximas à praia, onde a vegetação é espinhosa, formando uma frágil, mas quase impenetrável, muralha de galhos secos, rica em cactos e bromélias. Seus ninhos, em forma de cesto, são construídos com fibras vegetais, cascas de árvores e teias de aranha, por ambos os membros do casal, que também se revezam na incubação dos ovos e na criação dos filhotes.

Apesar do nome, o formigueiro não vive apenas à caça de formigas. Sua dieta também inclui, entre outros, pequenos invertebrados que vivem na restinga (larvas, mariposas, coleópteros) e frutos que ali se desenvolvem. Ocasionalmente, forrageiam junto a outras aves insetívoras, em bandos mistos, especialmente em porções de restinga arbórea.

Embora seja localmente abundante em habitat apropriado e capaz de persistir em pequenas áreas isoladas de hábitat remanescente, acredita-se que sua população total deve ser pequena e certamente declinou muito nos últimos dez anos, em decorrência da expansão imobiliária na sua área de ocorrência. Entre a descrição da espécie e sua imediata inclusão em listas de espécies ameaçadas de extinção no Brasil, no início da década de 1990, nenhuma medida efetiva de proteção foi tomada.

A especulação imobiliária na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, tem sido a maior causa da destruição das restingas e, portanto, da ameaça de extinção do formigueiro-do-litoral. É comum que áreas litorâneas próximas a grandes centros urbanos sejam altamente valorizadas como áreas de veraneio e lazer de finais de semana, além de abrigar uma populações humanas residentes em franco crescimento. Em decorrência disso, é contínua a redução e fragmentação de seus habitats.

Espécie considerada criticamente em perigo pelo ICMBio, e ameaçada pela IUCN, sua sobrevivência depende da conservação das restingas, ameaçadas pela ocupação irregular, especulação imobiliária e empreendimentos turísticos mal planejados na região.

Condylactis gigantea - a anêmona gigante

A anêmona-gigante (Condylactis gigantea) é uma espécie tropical de anêmona-do-mar e está entre as maiores que ocorrem no Brasil, atingindo cerca de 25 cm de diâmetro, em média. A espécie também é encontrada nos recifes de corais e outras áreas costeiras rasas do Mar do Caribe e do Oceano Atlântico Ocidental, incluindo o sul da Flórida, nos Estados Unidos.
A anêmona pode atingir até 40 cm de diâmetro, com 15 cm de altura e 30 cm de largura. Em forma de coluna, pode exibir variadas cores: alguns apresentam a coluna rosada, outros serão brancos, azuis claros, laranjas, vermelhos pálidos ou castanhos claros. Os tentáculos, que também diferem em cor de indivíduo para indivíduo, são longos, com pequenas estrias, e suas extremidades arredondadas podem ser esbranquiçados, amarelados, esverdeados ou de coloração púrpura. Sua boca está rodeada por 100 ou mais tentáculos. Um disco basal prende o animal firmemente ao substrato, deixando os tentáculos como com a única parte que flutua livremente.
Habitam recifes de coral e ambientes coralíneos, ocorrendo até cerca de 30 m de profundidade, em qualquer lugar da zona entremarés. Elas se abrigam em pequenas fendas e, desta maneira, sua base e coluna ficam protegidas, expondo apenas a boca e tentáculos. Embora seja primariamente um animal séssil, em comparação com outras anêmonas é bem móvel, capaz de se locomoção: ela rasteja por meio de seu disco basal.
A Condylactis gigantea encontra nos nematocistos, o seu mecanismo de defesa e proteção mais eficiente. Estas células urticantes, comuns nos cnidários, ficam localizadas nas pontas dos tentáculos do animal e, quando estimulados, os nematocistos explodem para fora da cápsula, espetando o atacante. A toxina é então descarregada, causando extrema dor e paralisia.
A anêmona-gigante é um macrófago carnívoro que se alimenta de peixes, mexilhões, camarões ou quaisquer outros organismos similares. Os nematocistos da anêmona, além de defesa contra predadores, também a ajuda a capturar alimentos. As presas são rapidamente paralisadas ​​pelas toxinas e os tentáculos as carregam para a boca, e a presa é engolida inteira e digerida.
A espécie é dioica, os sexos estão alocados em indivíduos distintos: um feminino e outro masculino. Assim, a reprodução se dá de forma sexuada e, diferentemente de cnidários, não há evidências de que possa se reproduzir de outra forma. As fêmeas produzem ovócitos grandes, em pequeno número, que são liberados para fecundação externa. Os machos, de forma relativamente sincronizada, fazem o mesmo com os gametas, o que torna o processo dependente da proximidade das anêmonas. A fertilização ocorre na água e as larvas plânulas produzidas são lecitotróficas, isto é, se alimentam dos nutrientes presentes no vitelo, substância armazenada no interior do ovo.
A C. gigantea é de grande importância ecológica nas comunidades em que ocorre: várias espécies de peixes pequenos e crustáceos (como o camarão-limpador), imunes à ação tóxica da anêmona, se protegem contra predadores. Esta espécie também serve como "estação de limpeza" destes animais.
Embora não conste da Lista Vermelha da IUCN, para o ICMBio a espécie e classificado como Vulnerável, sendo ameaçada pela captura excessiva. A exploração no país como recurso ornamental data há pelo menos duas décadas. Esta anêmona é altamente atraente à indústria da aquariofilia.
Autor: Rafael Ferreira - O Eco