segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O fitoplâncton está diminuindo!

O fitoplâncton é o conjunto de organismos aquáticos, autotróficos, pertencentes aos filos Monera e Protista e, que vive flutuando ao sabor das ondas, sendo a pedra angular do ecossistema dos oceanos.

Fazem parte deste grupo, organismos tradicionalmente considerados algas . Contudo, dentre estas, há um grupo de grande importância sanitária e de saúde pública, que é também classificado como bactéria, as cianofíceas ou "algas azuis". A divergência de autores quanto a classificação dos organismos pertencentes a este grupo deve-se ao fato de possuírem características de células vegetais (presença de clorofila em cloroplastos e parede celular com celulose) e de bactérias (material nuclear disperso no citoplasma).

Hoje, as cianobactérias ou cianofícias, nome atualmente mais empregado, são limitadas pelas legislações ambientais para águas potáveis, devido ao fato de que algumas colônias produzem toxinas (cianotoxinas) que podem ser letais para os mamíferos.

Outros organismos pertencentes ao fitoplâncton também são classificados como Protista, como alguns flagelados e ciliados com capacidade de realizar a fotossíntese, como os organismos da classe Euglenophyceae. Vários gêneros, como Euglena spp., são fotossintetizantes facultativos, isto é, na ausência de luz podem sobreviver como um ser heterotrófico.

Por ser a base da cadeia alimentar, o fitoplâncton é, em geral, o alimento do zooplâncton (origem animal), que por sua vez é consumido por quase todos os peixes menores. Milhares de espécies marinhas dependem do plâncton para sobreviver.

Uma cadeia alimentar para uma zona costeira pode ser esquematizada da seguinte forma:
1. O fitoplâncton é alimento de muitos dos componentes do zooplâncton.
2. Este por sua vez, alimenta uma população de peixes planctonófagos (por exemplo, sardinhas).
3. Estes peixes são fonte de alimentação de peixes predadores (como o robalo) e de outros predadores.
4. Entre eles as lulas, fonte de alimento de algumas espécies de mamíferos marinhos (como o golfinho) e de algumas aves.
5. Algumas aves ictiófagas - que comem peixes (o alcatraz, por exemplo,) se situam no topo da pirâmide trófica.

Assim, a produtividade de uma determinada zona costeira ou marinha pode considerar-se estreitamente relacionada com as características de abundância e composição do plâncton.

A quantidade do fitoplâncton nos oceanos tem diminuído 1% ao ano.

Este dado foi levantado de uma maneira muito simples: como eles constituem uma massa visível de cima, bastou observar imagens de satélite dos mares para observar a diminuição.
Mas, não é o único método. Um bom indicador de quanto plâncton há no mar é a observação da claridade da água. Como é a clorofila, em condições naturais, que escurece a água do mar, basta analisar a transparência da água para saber o quanto existe de plâncton na região. E o sistema usado para isso é bem antigo, mas incrivelmente simples: o disco de Secchi.
Usado pelo padre Pietro Secchi, em 1865, para medir a claridade do mar mediterrâneo a pedido do Papa da época, o disco é simplesmente um aparelho mergulhado no mar que vai absorvendo pouco a pouco a pigmentação existente. Com um cálculo simples, baseado no tempo em que o disco demora a escurecer, tiram-se conclusões que são usadas até hoje pelos cientistas.
Observações “oficiais” têm sido feitas com o disco de Sechi desde 1899, e as últimas seis décadas têm registrado um intenso declínio (40%, para ser mais exato) na pigmentação do mar – a despeito de haver mais poluição. Ou seja, está havendo diminuição da clorofila nos oceanos.
Uma notável exceção é o Oceano Índico. Devido à intensidade da Agricultura em regiões da África e da Ásia banhadas pelo oceano, houve um aumento de nutrientes que acabam sendo lançados no mar, o que fortaleceu o fitoplâncton da área. Mas, mesmo no Oceano Índico, a quantidade do plâncton já está abaixo da recomendada.

O motivo para o declínio: aumento da temperatura média dos oceanos.

Ao longo do tempo, observou-se que o pico da reprodução e expansão populacional do fitoplâncton acontece nos meses de inverno, em que a água é fria. Durante a época de águas quentes, há um decréscimo da população. O problema é que a temperatura média dos oceanos está subindo, ou seja, o plâncton não se reproduz com a mesma abundância de antes.

Outro fator: a pesca acima da média recomendada.

Quando se pescam muitos peixes pequenos, sobra no oceano o zooplâncton, que é o alimento dos peixes. Sobrando zooplâncton, há um maior consumo do fitoplâncton, que é por sua vez o alimento daqueles.

Assim, há uma maior redução, devido à cadeia alimentar desequilibrada, na população do fitoplâncton.

E esse problema é uma reação em cadeia.
O fitoplâncton faz fotossíntese. Diminuindo o fitoplâncton nos oceanos, as águas absorvem menos dióxido de carbono do que antes, já que a fotossíntese é o maior receptor do CO2. Esse dióxido de carbono em excesso é liberado para a atmosfera, o que colabora com o efeito estufa e o aquecimento global. Daqui a alguns anos, os oceanos com menos fitoplâncton vão soltar na atmosfera tanto ou mais CO2 do que uma indústria poluente.

É um ciclo cujo final os ambientalistas ainda não conseguem prever.