terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ave guará retorna a Santa Catarina após décadas de extinção local

O guará, uma ave típica de manguezais, retorna a Santa Catarina após um longo período de extinção local. A constatação é da equipe do Projeto Aves, da Univille, que desde novembro do ano passado monitora a espécie na Baía da Babitonga, litoral norte do Estado. O último registro oficialmente documentado no Estado é de 1858, no litoral de Palhoça.
Segundo a bióloga Marta Cremer, um grupo com mais de 70 indivíduos reproduziu na região, em uma das ilhas do Saguaçu, entre dezembro de 2011 e abril de 2012. “Mesmo após o evento reprodutivo, os guarás se mantêm na região, o que indica que voltaram para ficar”, afirma a pesquisadora da Univille. “O registro da reprodução desta espécie na Baía da Babitonga demonstra a grande importância da região e de suas áreas de manguezal, reforçando a necessidade de medidas urgentes para a conservação de sua biodiversidade”, enfatiza.
Ameaçada de extinção no Paraná e em Santa Catarina, o guará esteve desaparecido por décadas, dizem os pesquisadores do Projeto Aves. Os últimos registros são históricos, dos séculos 18 e 19. Os relatos indicam que no passado o guará era considerado abundante e foi observado por diversos viajantes e exploradores, como James Henderson, que em 1820 relatou grandes revoadas da espécie colorindo os céus de vermelho na Baía da Babitonga.
“O guará sofreu um declínio populacional intenso em todo o Sudeste e Sul do Brasil, principalmente pela degradação do manguezal e pela caça descontrolada para a retirada das penas”, explica o pesquisador Alexandre Grose. As penas, de vermelho vivo, eram exportadas para a Europa e Estados Unidos para confecção de chapéus e outros adornos. O guará se alimenta principalmente de caranguejos, mas pode capturar peixes e invertebrados aquáticos.

Relatório alerta para extinção de invertebrados no mundo


Desenterrar minhocas, admirar borboletas e coletar conchas de moluscos, tudo isso pode se tornar coisa do passado se nada for feito para proteger os invertebrados. Um relatório publicado pela Sociedade Zoológica de Londres (ZSL), em conjunto com a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês), revelou que um quinto dos invertebrados do mundo pode estar ameaçado de extinção.

Os invertebrados formam a base de muitos dos benefícios essenciais que a natureza oferece. As minhocas, por exemplo, reciclam nutrientes de resíduos, e os recifes de coral suportam milhares de formas de vida e as abelhas ajudam na polinização.
Mais de 12 mil invertebrados da Lista Vermelha da IUCN foram analisados por cientistas de conservação. As espécies que estão sob maior risco estão na água doce, depois vêm os invertebrados terrestres, e por último os marinhos. Os resultados deste grupo inicial de avaliações globais, regionais e nacionais fornecem informações importantes sobre o estado geral de invertebrados. Juntos, indicam que a situação de ameaça é provavelmente muito semelhante ao de vertebrados e plantas.
“Invertebrados constituem quase 80% das espécies do mundo, e um total de cinco espécies podem estar em risco de extinção”, explicou Ben Collen, chefe dos indicadores e unidades de avaliações da ZSL. “Enquanto o custo de salvá-los será caro, o custo da ignorância para a sua situação parece ser ainda maior”.
O maior risco de extinção está associado com espécies que são menos móveis e são encontradas apenas em pequenas áreas geográficas. Já as espécies de invertebrados que são mais móveis, como libélulas e borboletas, enfrentam uma ameaça semelhante ao das aves. Cerca de um décimo das espécies estão em risco.
O problema é o tratamento dado aos invertebrados. O professor Jonathan Baillie, diretor de Conservação da ZSL, explica que é dada mais importância na extinção de um leão ou elefante do que de um molusco, por exemplo. “A ecologia de vertebrados e as suas ameaças são razoavelmente bem documentados, e muitas vezes há mais esforço para conservá-los, do que com relação aos invertebrados”, alertou.