sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Primeira documentação de um acasalamento baleia jubarte

Esta foto foi escolhida como um dos três melhores imagens do concurso New Scientist Eureka Photography Prize 2012.

O fotógrafo Jason Edwards foi o vencedor da edição deste ano do Prêmio Eureca New Scientist para Fotos Científicas . Ele capturou, pela primeira vez, o acasalamento da baleia-jubarte, também conhecida como baleia-corcunda. Durante várias horas, um grupo de baleias do sexo masculino competiu em uma batalha de força e resistência. O macho bem-sucedido acabou acasalando com a fêmea, acariciando flancos da baleia com suas nadadeiras peitorais e segurando-a de encontro ao seu corpo, durante a cópula. A premiação é entregue anualmente pelo Museu Australiano e visa prestigiar conquistas importantes nos campos de pesquisa, inovação, ciência escolar e jornalismo científico (Foto: Jason Edwards).

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Nove espécies de briozoários são descobertas por pesquisadores da USP

Classificação
Reino Animalia :: Filo Ectoprocta :: Classe Gymnolaemata :: Ordem Cheilostomata :: Família Bugulidae :: Gênero Bugula :: Espécie Bugula neritina

Agência FAPESP – Um estudo realizado por pesquisadores do Centro de Biologia Marinha (Cebimar) da Universidade de São Paulo (USP) resultou na descrição de nove espécies novas de briozoários do gênero Bugula no litoral brasileiro. Os briozoários são animais invertebrados majoritariamente marinhos que vivem em colônias, presos ao substrato.
O estudo que descreve as espécies – encontradas nos litorais de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo – foi publicado na revista PLoS One.

As novas espécies foram denominadas de: Bugula bowiei, Bugula foliolatan, Bugula guara, Bugula biota, Bugula ingens, Bugula gnoma, Bugula alba, Bugula rochae e Bugula migottoi.
Os nomes das novas espécies homenageiam o Programa BIOTA-FAPESP (Bugula biota), o vice-diretor do Cebimar, Álvaro Migotto (Bugula migottoi), a professora Rosana Rocha, do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná (Bugula rochae), e o músico britânico David Bowie (Bugula bowiei).

O artigo com a descrição foi elaborado por Leandro Vieira, pesquisador do departamento de Zoologia do Instituto de Biociências (IB) da USP, Karin Fehlauer-Ale, pesquisadora do Laboratório de Sistemática e Evolução de Bryozoa do Cebimar, e Judith Winston, do Museu de História Natural da Virginia (Estados Unidos).
O estudo foi realizado com apoio da FAPESP, no âmbito do projeto “Caracterização molecular de Bugula spp.: implicações taxonômicas, filogenéticas e de bioinvasão”, coordenado por Migotto.
Segundo Fehlauer-Ale, além de contribuir para a caracterização morfológica e para o conhecimento sobre a riqueza de espécies do gênero Bugula no Atântico Sul, o estudo também realizou uma revisão taxonômica do gênero.

Algumas das novas espécies caracterizadas eram antes confundidas com espécies típicas do Atlântico Norte e consideradas como espécies invasoras no Brasil.
séssil“Em alguns casos não se tratava de espécies invasoras, mas apenas de um problema taxonômico. É importante fazer essa revisão, porque, se um táxon for identificado de forma errônea, isso pode resultar em medidas inadequadas contra invasores que não o são, ou pode levar a subestimar a diversidade de uma costa ao considerar várias espécies como uma só”, disse Fehlauer-Ale à Agência FAPESP.

Embora sejam organismos sésseis – isto é, que vivem presos ao substrato marinho –, os briozoários se movimentam na coluna d’água durante a fase larval de seu ciclo de vida. Ainda assim, como a fase móvel é bastante restrita, seria plausível que cada espécie tivesse uma restrição geográfica bem determinada.

“No entanto, o que temos observado é que várias espécies possuem uma distribuição global, ao contrário do que seria de se esperar. A hipótese que sugerimos para explicar isso é o transporte antropogênico: isto é, os briozoários podem ser disseminados nos cascos de navios, em sua fase adulta. Por isso há uma preocupação com espécies invasoras em relação a esse filo”, disse Fehlauer-Ale.

60% das espécies conhecidas

Um dos objetivos do grupo do Cebimar foi compreender melhor que espécies residem na costa brasileira. O gênero Bugula foi escolhido porque já incluía algumas espécies reconhecidas como invasoras. Outro objetivo foi realizar amostragens comparativas fora da área mais estudada, que é a região Sudeste. O grupo estudou regiões costeiras de Alagoas, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.

“Para nossa surpresa, descobrimos nove espécies novas, o que corresponde a mais de 60% das espécies já conhecidas na costa brasileira”, disse Fehlauer-Ale.

Além dos autores do artigo, os estudos tiveram contribuição de Andrea Waeschenbach, do Museu de História Natural de Londres (Reino Unido), e Ezequiel Ale, doutorando de genética e biologia evolutiva do IB-USP.
De acordo com Fehlauer-Ale, de agora em diante seus estudos terão foco na espécie Bugula neritina , que tem indícios de ser um “mosaico”. “É possível que sejam três espécies de Bugula morfologicamente semelhantes, mas que apresentam distinções em análises de DNA e outros atributos como simbiose bacteriana. Encontradas em escala global, duas das espécies têm potencial de invasão”, afirmou.
O trabalho terá colaboração dos pesquisadores Joshua Mackie, da Universidade Estadual de San Jose, na Califórnia (Estados Unidos), e Grace Lin-Fong, do Randolph-Macon College, na Virgínia (Estados Unidos).

No estudo realizado, Winston teve apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Pesquisador Visitante, no âmbito do projeto “Sistemática, evolução e distribuição de briozoários marinhos recentes no Brasil”, também coordenado por Migotto.
Migotto também participou das pesquisas ao orientar o pós-doutorado de Fehlauer-Ale – com Bolsa de Pós-Doutorado – e o mestrado e doutorado de Vieira, ambos realizados com bolsas da FAPESP.
O artigo Nine New Species of Bugula Oken (Bryozoa: Cheilostomata) in Brazilian Shallow Waters, de Leandro M. Vieira e outros, pode ser lido na PLoS One em www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0040492

Microcrustáceos no mar profundo brasileiro


Duas novas espécies, encontradas a 492 metros de profundidade, Brasil, indicam nível de poluição ambiental e servem de alimento a peixes e camarões.

Uma pesquisa desenvolvida em Pernambuco, em parceria com a Petrobras e o Instituto de Senckenberg, em Wilhelmshaven, na Alemanha, identificou duas novas espécies de microcrustáceos em mar profundo no Brasil. Os animais, encontrados a 492 metros de profundidade, vivem entre os grãos de sedimentos. Eles funcionam como indicadores de poluição ambiental, além de desempenharem a função de regeneradores de nutrientes no ambiente. Na base da cadeia alimentar, nutrem peixes e camarões.

De acordo com o estudo, a descoberta dos novos invertebrados pode fornecer dados práticos para pesquisas de monitoramento ambiental de áreas de produção de petróleo. O levantamento é o resultado do doutorado em oceanografia da bióloga Danielle Vasconcelos, feito na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

A média de tamanho dos microcrustáceos pode variar de 0,2 a 2,5 milímetros. A pesquisa, no entanto, identificou espécimes de dimensão ainda menor, do Kliopsyllus minor, que recebeu o nome devido ao menor tamanho registrado do gênero (0,19 milímetro). A outra espécie encontrada, denominada Pseudomesochra longiseta, é a 19ª do gênero registrada no mundo. Na denominação científica de um ser vivo, o gênero corresponde ao primeiro nome e a espécie, ao segundo.

De acordo com o relatório, estima-se que existam registradas mais de 4.300 espécies de copépodos da ordem Harpacticoida, mas somente 460 espécies de mar profundo foram descritas até agora. “É uma região pouco estudada porque existe dificuldade de acesso e necessidade de grandes investimentos, entre eles a exigência de equipamentos especiais de coleta de material”, disse Danielle Vasconcelos.

“Esse estudo foi inovador, e, de todo material coletado, temos ainda cerca de 90% de espécies novas a serem descritas. Isso representa o começo de um longo estudo que virá e de novos que precisam ser intensificados em outras regiões do Brasil”, acrescentou a pesquisadora.

EXPEDIÇÃO
As amostras de sedimento que permitiram as pesquisas sobre os microcrustáceos foram coletadas em águas de Sergipe durante a expedição oceanográfica do projeto de caracterização ambiental de águas profundas, coordenado pela Petrobrás.

Os animais foram analisados no Laboratório Dinâmica de Populações da UFPE (Labdin), coordenado por Paulo Parreira Santos, o que permitiu a caracterização detalhada da estrutura corporal e identificação dos microcrustáceos. Depois de examinados, os espécimes foram encaminhados ao Museu da Universidade de São Paulo.

“O mar profundo é uma região extremamente rica no que se refere à diversidade da fauna, e, oportunidades de desenvolver trabalhos com boas parcerias tornam-se focos para o crescimento profissional”, disse a pesquisadora.

Au: Larissa Brainer

 

 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Folha? Planta? Não, é um animal!


Seis novos animais (que mais parecem plantas) foram descobertos na Antártica. Esses invertebrados marinhos são conhecidos como “leques do mar” e organismos parecidos são, normalmente, encontrados nos trópicos – o que faz com que a descoberta em águas tão geladas seja um mistério.
Os animais são, na verdade, colônias de pólipos (celenterados) que se juntam formando estruturas maiores, que podem parecer um arbusto ou serem alongadas. Suas cores variam de roxo, amarelo ou vermelho.
Além de aumentar a nossa compreensão sobre o reino animal os cientistas acham a descoberta especialmente memorável porque mostra a capacidade da vida superar limites.

Biólogos estão sempre examinando essas regiões na esperança de descobrir até onde organismos podem sobreviver em condições extremas – afinal, a vida em outros planetas também estaria em condições similares.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Detalhes da reprodução dos moluscos cefalópodes são revelados

Em pesquisa feita com lulas, pesquisadores do Instituto de Biociências da USP desvendam o complexo processo de transferência de espermatozoides entre machos e fêmeas (reprodução).


Agência FAPESP – Em artigo de capa publicado no periódico Journal of Morphology, pesquisadores do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP) descreveram detalhes até então obscuros do processo reprodutivo de moluscos cefalópodes, classe de animais marinhos a que pertencem os polvos, as lulas, as sépias e os náutilos.
A pesquisa foi feita com lulas da espécie Doryteuthis plei, coletadas no litoral de São Sebastião, em São Paulo, durante o doutorado de José Eduardo Amoroso Rodriguez Marian, com Bolsa da FAPESP, orientado pelo professor Osmar Domaneschi (in memoriam) e pela professora Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes.
“As lulas e os demais cefalópodes entram na fase reprodutiva no fim do ciclo de vida. Durante a cópula, os machos transferem seus gametas para as fêmeas por meio de um braço modificado conhecido como hectocótilo”, disse Marian.
Os espermatozoides são transferidos dentro de cápsulas chamadas espermatóforos, explicou o pesquisador. Essas estruturas são produzidas continuamente pelo macho quando ele atinge a maturidade sexual e ficam armazenadas no saco espermatofórico. A cada cópula, algumas dezenas de cápsulas são transferidas para as fêmeas.
“Já se conhecia esse processo, mas não se sabia por que os cefalópodes possuíam espermatóforos tão complexos. Para alguns autores, são as estruturas reprodutivas mais complexas do reino animal”, disse Marian.
Ao perceber a carência de trabalhos na área, Marian decidiu focar sua pesquisa de doutorado, que havia começado com tema mais amplo, no entendimento da estrutura e do funcionamento dos espermatóforos.
“Acreditava-se anteriormente que os machos desempenhavam um papel mais ativo na transferência de espermatozoides. Mas mostramos que o espermatóforo sozinho é capaz de se ancorar no corpo da fêmea, perfurar o tecido e se aderir a ele por meio da liberação de substâncias adesivas. Todo esse processo é autônomo, ou seja, realizado pelo próprio espermatóforo, e extracorpóreo”, explicou.
O espermatóforo tem três componentes principais, cada um deles com uma função diferente. “Além da massa espermática, que contém os espermatozoides, há o aparato ejaculatório, responsável pela ancoragem no corpo da fêmea e pela escarificação do tecido. Há ainda o corpo cimentante, estrutura que libera as substâncias adesivas”, disse Marian.
No artigo publicado no Journal of Morphology, Marian descreve em detalhes a chamada reação espermatofórica – processo durante o qual o aparato ejaculatório é projetado e a massa espermática e o corpo cimentante são liberados.
O tempo de duração desse fenômeno varia de acordo com a espécie. No caso das lulas estudadas, gira em torno de 30 segundos. “Mas, no caso do polvo gigante do Pacífico, cujo espermatóforo pode atingir um metro de comprimento, pode chegar a uma hora”, contou.
Para entender melhor cada etapa do processo, Marian, com auxílio de colegas do Centro de Biologia Marinha da USP, removeu os espermatóforos das lulas, engatilhou a reação espermatofórica vitro e observou o fenômeno sob as lentes do microscópio.
“O espermatóforo é uma cápsula alongada com cerca de um centímetro no caso da maioria das lulas. Em um dos ápices há um filamento. Quando esse filamento é tensionado, tem início a reação espermatofórica”, disse.
A pesquisa também deu origem a outras publicações. No periódico Acta Zoologica foi descrita uma análise morfológica detalhada do espermatóforo.
A constatação de que os espermatóforos tinham capacidade de perfurar o tecido das fêmeas rendeu um artigo no Journal of Molluscan Studies. Já na revista Papéis Avulsos de Zoologia foi publicado um outro artigo de revisão sobre o tema.
“Com base nas evidências que conseguimos reunir, desenvolvemos um modelo teórico para explicar o processo de implante de espermatóforos, fenômeno que permaneceu obscuro durante muito tempo”, contou Marian. Esse modelo foi divulgado em artigo no Biological Journal of the Linnean Society.
“Esses animais estão sempre nadando por meio de jato-propulsão e há muita turbulência na superfície de seus corpos. Isso, em teoria, dificulta a deposição de espermatóforos. O sistema de fixação por implante observado nos cefalópodes é eficiente a ponto de suportar a resistência imposta pelo modo de vida desses animais”, disse Marian.
Além do financiamento da FAPESP, o projeto contou com apoio do Programa de Apoio à Pós-Graduação (Proap) da Capes, da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP, da American Malacological Society e da Houston Conchology Society.
A pesquisa recebeu quatro prêmios oferecidos por sociedades de malacologia – ramo da biologia que estuda os moluscos: American Malacological Society, Houston Conchology Society, Unitas Malacologica e Sociedade Brasileira de Malacologia.



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Câmera no corpo de 'superpássaro' mostra mergulho de 46 metros no mar

O cormorão imperial, pássaro encontrado na Patagônia, teve seu comportamento alimentar registrado em vídeo (Foto: Wildlife Conservation Society/Divulgação)
Uma câmera instalada no corpo de um pássaro marinho da Patagônia, no sul da Argentina, permitiu que cientistas registrassem pela primeira vez como ele se alimenta ao mergulhar no oceano (veja o vídeo). O cormorão imperial mergulhou por 46 metros e atingiu o fundo do mar em 40 segundos, afirmam os pesquisadores.
Em 80 segundos dentro do oceano, ele encontrou um peixe, e retornou à superfície após outros 40 segundos, totalizando quase 3 minutos entre o instante em que o cormorão mergulhou e o instante em que saiu da água.veja a notícia completa em: