terça-feira, 3 de julho de 2012

Região de Abrolhos abriga o maior banco de rodolitos mundial


Os bancos de algas coralíneas cobrem quase 21 mil quilômetros quadrados do Banco dos Abrolhos e são responsáveis por 5% da produção mundial de carbonato de cálcio.
Estudo realizado durante dois anos na plataforma continental no Sul da Bahia e Norte do Espírito Santo confirmou que o Banco dos Abrolhos abriga o maior banco contínuo de rodolitos do planeta - 20.900 km² -, o que corresponde a três vezes e meia o tamanho do Distrito Federal.
O estudo, conduzido por cientistas de diversas instituições que compõem a Rede Abrolhos, uma das iniciativas do Sistema Nacional de Pesquisas em Biodiversidade (SISBIOTA) e da Conservação Internacional, foi publicado na conceituada revista científica PLoS ONE. Com a utilização de sonar de varredura lateral, veículos submarinos de operação remota (VORs) e equipamentos de mergulho, os pesquisadores avaliaram a distribuição, extensão, composição e estrutura do banco de rodolitos no

Algumas vezes confundido com os corais, os rodolitos possuem forma arredondada e são formados por várias camadas, principalmente de algas calcárias incrustrantes.
"Encontrar o maior banco de rodolitos do mundo no Banco dos Abrolhos, no Brasil, evidencia a extrema importância desta parte do Oceano Atlântico," disse Rodrigo Moura, Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e co-autor do estudo. "Os rodolitos desempenham papel fundamental em um ecossistema marinho saudável, fornecendo habitat primário que pode abrigar diversas e abundantes comunidades de peixes e invertebrados de elevado valor comercial."
Os rodolitos constituem-se de estruturas calcárias (CaCO3 – carbonato de cálcio) bioconstruídas, o que lhes conferem uma estrutura rígida, complexa, que servem de habitats para outras espécies. Os pesquisadores também estimam que os rodolitos do Banco dos Abrolhos são responsáveis por cerca de 5% da produção mundial de carbonato de cálcio (mineral que forma a carapaça de moluscos e crustáceos e o esqueleto dos corais).

"Bancos de rodolitos como estes são gigantescas biofábricas de carbonato de cálcio e podem desempenhar um papel significativo na regulação do clima global," disse Les Kaufman, cientista marinho sênior da Conservação Internacional. "Mas para entender qual é e quão significativo pode ser o seu papel, temos que aprender mais sobre eles."
Os bancos de rodolitos enfrentam uma série de ameaças, incluindo a acidificação dos oceanos, o aumento da sedimentação de origem costeira e, em grande escala, a dragagem e a mineração. Embora a acidificação dos oceanos não possa ser controlada em uma escala regional, as outras ameaças aos bancos de rodolitos de Abrolhos merecem atenção e podem ser controladas localmente.
O Banco dos Abrolhos se estende por uma área de 46,000 quilômetros quadrados, onde a Conservação Internacional trabalha com organizações governamentais e comunitárias brasileiras para a conservação e gestão dos recursos marinhos.

“Com base na vulnerabilidade relativamente elevada das algas coralíneas à acidificação dos oceanos, é muito provável que os bancos dos rodolitos sofrerão uma profunda reestruturação nas próximas décadas," disse o autor do estudo, Gilberto M. Amado-Filho, pesquisador do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. "Considerando a produção de cerca de 25 milhões de toneladas de carbonato de cálcio por ano, a proteção e o estudo continuado da plataforma do Banco dos Abrolhos devem ser priorizados."
Além dos bancos de rodolitos, o estudo revelou também enormes áreas de fundo do mar cobertas por algas, depressões no assoalho marinho (“buracas”) povoadas por densas populações de peixes e recifes compostos por corais e algas coralíneas. Essas novas descobertas redimensionam áreas marinhas de elevada importância ecológica, como o megahabitat rodolito, ressaltando a importância do Banco dos Abrolhos no contexto da biodiversidade e equilíbrio ecológico da porção sul do Oceano Atlântico.

Sobre a Rede Abrolhos
A Rede Abrolhos é uma iniciativa financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) no âmbito do Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (SISBIOTA), coordenada por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Fonte: Fapesp