skip to main |
skip to sidebar
Quatro anos após a explosão da plataforma Deepwater Horizon, no Golfo do México, o petróleo cru que vazou ainda provoca anormalidades no desenvolvimento de espécies marinhas. Uma das consequências é a má-formação cardíaca em peixes como o atum-rabilho e o atum-amarelo. A conclusão faz parte de um estudo da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) divulgado no final de março na publicação Proceedings of the National Academy of Sciences.
Com a explosão, mais de 4 milhões de barris de petróleo foram despejados ao longo de 7 mil quilômetros da costa norte-americana. Apesar das dimensões visíveis do acidente, estima-se que metade de todo o material tenha sequer chegado à superfície. No entanto, o acidente coincidiu com a época de reprodução dessas espécies, que depositam ovos na superfície oceânica.
Segundo a pesquisadora da Universidade de Standford, Barbara Block, uma das autoras do estudo, as evidências apontam um efeito comprometedor do óleo na fisiologia e morfologia dos embriões e larvas. O estudo mostrou que o petróleo age como um fármaco que impede processos-chave nas células cardíacas. O movimento de contração e descontração do músculo cardíaco é afetado, o que provoca arritmias.
O coordenador do estudo, John Incardona, explica que os problemas cardíacos afetam diretamente a capacidade de natação dos peixes, criando uma mortalidade tardia ainda relacionada ao derramamento. Como a pesquisa confirmou deformidades que já haviam sido registradas, os autores acreditam que peixes-espada, marlins, cavalas e outras espécies também enfrentem o mesmo problema.
A pesquisa alerta ainda que os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos derivados do óleo, substâncias que afetam diretamente o coração dos peixes, podem permanecer nos habitats marinhos por vários anos, ampliando os impactos ambientais do acidente.
Piores vazamentos da história
A Agência Deutsche Welle fez uma seleção dos cinco piores vazamentos de petróleo ocorridos na história. Confira:
1. Gerra do Golfo / Kuwait
Em 1991, tropas iraquianas abriram as válvulas dos poços de petróleo do Kuwait, que havia sido invadido, para reduzir a oferta desse recurso mineral. O Kuwait tinha produção excessiva e, com isso, forçava a queda dos preços no mercado internacional, o que motivou a invasão das forças de Saddam Hussein. O resultado foi um derramamento de aproximadamente 240 milhões de galões de petróleo bruto no Golfo Pérsico. A mancha de óleo atingiu uma área de mais de 700 quilômetros de costa, além de causar danos irreparáveis à biodiversidade e à integridade física do Golfo.
2. Golfo do México
Esse foi o maior desastre acidental da história, de acordo com a agência. Em 20 de abril de 2010, um vazamento de gás provocou uma explosão na plataforma de exploração Deepwater Horizon, a 6,4 quilômetros da costa do estado norte-americano de Louisiana, no Golfo do México. Mais de mil quilômetros de costa foram atingidos, destruindo habitats, vida marinha e prejudicando as populações locais. Especialistas dizem que a recuperação deve levar décadas.
3. Ixtoc 1
A terceira posição também pertence a um acidente ocorrido no Golfo do México. Em 6 de março de 1979, uma explosão na plataforma mexicana Ixtoc 1, na Bahia de Campeche, causou o vazamento de mais de 1 milhão de galões de petróleo bruto por dia. No total, cerca de 147 milhões de galões do óleo se misturaram às águas do Golfo.
4. Atlantic Empress
Este desastre aconteceu poucos meses após o incidente no México, de 1979. Em 19 de julho, os navios petroleiros Atlantic Empress e Aegean Captain, carregando 276 mil e 200 mil toneladas de petróleo bruto, respectivamente, colidiram a poucos quilômetros da ilha de Tobago. Com o choque, houve uma explosão seguida de fogo, matando 26 tripulantes. O fogo no Aegean foi controlado e o navio foi rebocado para a costa, derramando pouco petróleo na água. Já o Atlantic Empress afundou dias depois. Ao todo foram jogados 88 milhões de galões do recurso mineral no mar do Caribe.
5. Bacia do Rio Iguaçu (PR)
O desastre na bahia do rio Iguaçu, no estado do Paraná, não está entre os piores do mundo, mas é o principal do Brasil, conforme informações da agência. Em 16 de julho de 2000, houve um vazamento na refinaria da Petrobrás em Araucária. Mais de 1 milhão de galões (4 milhões de litros) de óleo foram jogados no meio ambiente, afetando a fauna e a flora da região.
Poucos meses antes, o Brasil sofreu outro grave vazamento. Em 18 de janeiro, um dos oleodutos que ligam a Refinaria Duque de Caxias ao terminal da Petrobrás na ilha D'água se rompeu. O vazamento liberou 340 mil galões de óleo combustível na bahia de Guanabara, no Rio de Janeiro.
Com informações da Agência Deutsche Welle