segunda-feira, 25 de agosto de 2014


Velella velella (Linnaeus, 1758) é uma espécie de hidrozoário flutuante pelágico, com distribuição cosmopolita nos oceanos tropicais e subtropicais, sendo a única espécie descrita do gênero monotípico Velella. Apresenta-se como uma colônia globosa, com aproximadamente 7 cm de diâmetro máximo, de coloração azul e com múltiplos tentáculos curtos na sua face inferior. A colônia é mantida à susperfície do oceano por uma câmara de flutuação achatada e translúcida.

Descrição
A espécie é um celenterado que bóia livremente na superfície do mar, suspenso por uma câmara achatada de flutuação encimada por uma pequena vela rígida (daí o epíteto específico velella; "pequena vela"), que protrude acima da superfície da água permitindo uma eficiente deslocação impelida pelo vento. Estes cnidários são parentes próximos das medusas e caravelas.
Cada espécime visível de Velella é de fato uma complexa colônia, em geral com menos de 7 cm de comprimento, composta por múltiplos pequenos indivíduos. Como os restantes Cnidaria, o gênero Velella é constituído por animais predadores, que usam os tentáculos como arma para imobilizar e capturar as suas presas.
Alimentam-se de pequenos organismo, em geral zooplâncton, que capturam com tentáculos pendentes na parte inferior da colônia. Os tentáculos estão recobertos por cnidócitos (também designados por nematocistos) que produzem toxinas paralisantes que injectam quando são tocados.
Ao contrário do que acontece com outros cnidários, os nematocistos de Velella são inofensivos para as pessoas, seja por serem incapazes de perfurar a pele humana ou porque as toxinas neles encapsuladas são ineficazes face ao metabolismo humano. Apesar disso, é aconselhével não tocar a face ou os olhos após manusear um espécime de Velella.
Estes pequenos cnidários inserem-se numa comunidade ecológica de organismos especializados que flutuam livremente na camada mais superficial do oceano, arrastados pelas correntes e pelo vento. Moluscos gastrópodes especializados, incluindo os nudibrânquios do gênero Glaucus e os caracóis flutuantes do gênero Janthina, predam estes organismos, constituindo uma complexa cadeia trófica.

Ciclo de vida
Como muitos Hydrozoa, Velella velella tem um ciclo de vida bipartido, com alternância de gerações assexuadas e sexuadas na forma de pólipo e de medusa, respectivamente.
A típica velela flutuante é a fase pólipo do ciclo de vida, sendo cada "indivíduo", com o seu flutuador e vela, uma colônia hidróide, constituída por múltiplos pólipos que se alimentam do plâncton do oceano, interligados por um sistema de canais que permitem à colônia partilhar a comida que é ingerida por cada pólipo.
Cada velela flutuante é uma colônia sexualmente segregada, contendo apenas pólipos machos ou fêmeas, criando assim velelas masculinas e femininas.
Funcionalmente, a colônia é composta por diferentes tipos de pólipos, alguns com funções alimentares e reprodutivas, designados por gonozoóides, outros com funções de proteção, designados por dactilozoóides. Na parte central da colônia existem gastrozoóides, pólipos com funçoes puramente alimentares.
Iniciando a outra fase do ciclo de vida da espécie, cada gonozoóide produz numerosas medusas minúsculas por gemulação, processo de reprodução assexuada durante o qual a célula continua as suas funções vitais, enquanto o núcleo se divide, com uma das partes migrando para a membrana, onde se forma uma larva que posteriormente é libertada. Por este processo, durante a época de reprodução, cada colônia de Velella produz, ao longo de várias semanas, milhares de minúsculas medusas, cada uma com cerca de 1 mm de diâmetro. Cada medusa é dotada de múltiplas zooxantelas, organismos endossimbióticos unicelulares fotossíntéticos, tipicamente encontrados em corais e em algumas anêmonas, que utilizam a radiação solar para produzir os açúcares que fornecem energia à medusa hospedeira.
Apesar de exemplares de Velella mantidos em captiveiro libertarem numerosas medusas, pelo que se presume que o mesmo aconteça no meio natural, as medusas de Velella são raramente capturadas em processos de amostragem de plâncton, sabendo-se muito pouco sobre a sua história natural. As medusas atingem a maturidade sexual em cerca de três semanas, libertando para a água óvulos e espermatozóides que se combinam em zigotos, cada um dos quais produz uma nova colônia hidróide flutuante.

Distribuição e habitat
Velella velella ocorre nas águas quentes e temperadas de todos os oceanos. Como típico organismo integrado no plêuston, vive na interface entre o ar e a água, com o flutuador e a "vela" acima da superfície da água e com o corpo bolboso, com os tentáculos pendentes, imerso nos primeiros centímetros do oceano. É comum encontrar milhares de velelas a flutuar em areas oceânicas distantes da costa.
Não tendo capacidade autônoma de locomoção, a possibilidade de velejar permite ao organismo ser deslocado rapidamente em relação às águas circundantes, podendo assim explorar em períodos curtos, grandes volumes de água, o que aumenta a probabilidade de captura de presas. Em contrapartida, quando o vento sopra em direção à costa, é inevitável a chegada ao litoral mais próximo, o que, por vezes, surjam milhares de velelas mortas depositadas pelo mar nas praias.
Geralmente, todos dos anos, ocorrem arrojamentos (encalhamentos) em massa, ao longo da costa ocidental da América do Norte, desde a Colúmbia Britânica até à Califórnia, iniciando-se o “arrojamento” a partir do norte, progredindo para sul durante várias semanas. Em alguns anos são tantos os animais deixados ao longo da linha da preamar (maré- alta) pelo recuo da maré que se formam camadas de animais em apodrecimento com alguns centímetros de espessura ao longo de muitas centenas de quilômetros de costa. Arrojamentos em massa também foram reportados na costa ocidental da Irlanda.

Taxonomia
Porpitidae é uma família de Hydrozoa constituída por três gêneros de hidróides que vivem em livre flutuação na superfície das regiões pelágicas dos oceanos: Velella, Porpita e Porpema.
O enquadramento e posição sistemática destes gêneros têm sido objeto de prolongado debate entre os taxonomistas que estudam os Cnidaria pelágicos. A partir de meados do século XIX, os três gêneros foram, em geral, agrupados com os hidróides do agrupamento Athecata, mas alguns autores da época preferiam a sua inclusão nos Siphonophora.
A maioria dos autores do último meio século tem favorecido a classificação destes organismos como hidróides coloniais flutuantes atípicos pertencentes ao grupo Athecata, pois produzem medusas claramente integráveis entre as Anthomedusae.
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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Os primeiros 2.500 espécimes de tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea), espécie ameaçada de extinção, começaram a desovar no litoral do Pacífico nicaraguense sob proteção do Exército, para impedir que os moradores roubem os ovos para consumi-los – informou uma fonte militar.
As chegadas ocorreram entre quinta-feira e sábado passado, na costa do Refúgio da Vida Silvestre de Chacocente, situado no departamento de Carazo, na costa sul, declarou o chefe do comando militar da região, coronel José Larios, ao “Nuevo Diario”.
Na quinta-feira, aninharam 1.434 quelônios; na sexta, 910, e no sábado, 197, acrescentou o militar, cujo destacamento resguarda 1.500 metros de praia.
Larios disse que essa é a primeira chegada maciça de tartarugas registrada este ano.
Os quelônios fazem ninho geralmente na costa nicaraguense de Chacocente e Refúgio La Flor, no departamento (estado) de Rivas (sul), entre julho e janeiro.
O militar contou que, em julho passado, chegaram às praias de Chacocente 1.363 tartarugas em pequenos grupos, ou sozinhas. Espera-se que cheguem a La Flor esta semana.
Nessas praias nicaraguenses, anualmente, fazem ninho mais de 120.000 tartarugas-oliva, de pente (Eretmochelys imbricata) e negra (Chelonia agassizii) explicou à AFP o biólogo Fabio Buitrago..
Fonte: AFP

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Novas espécies de água-viva gigante são achadas na Austrália - Síndrome de Irukandji

Carukia barnesi, popularmente conhecida como Irukandji, é uma espécie de água-viva cúbica (Cubozoa) da família Carybdeidae. É o responsável pelas principais ocorrências de síndrome de Irukandji.

A Carukia barnesi é encontrada nas quentes praias australianas (de grande concentração nas praias de Queensland) e em outros locais do Indo-Pacífico.
Com mais ou menos o tamanho de uma unha e seus tentáculos com alguns centímetros, a irukandji possui um veneno mortal que já levou milhares de pessoas à morte e por isso, é uma das espécies mais perigosas que existem. Contrariamente à Box Jelly Fish, os sintomas não surgem logo após a picada.
Durante anos, os cientistas achavam que a tal síndrome ocorria quando uma pessoa apenas entrava no mar, mas pesquisas indicaram que se tratava de uma pequena cubomedusa, agora chamada com o nome de "Irukandji”

Síndrome de Irukandji
A síndrome de Irukandji é um conjunto de sintomas que ocorre em centenas de pessoas todos os anos na região do Oceano Pacífico e que se pensa estar relacionado com encontros acidentais com animais cubozoários. A síndrome foi batizada com o nome de uma tribo de aborígenes australiana que descreve, no seu folclore, uma doença inexplicável que atingia as pessoas que nadavam no mar. Os sintomas que compõem esta síndrome são:
  • Dores lancinantes que implicam a aplicação de anestesias cirúrgicas;
  • Náusea e vómitos convulsivos;
  • Tensão arterial extremamente alta;
  • Sensação de desespero, provocada pela libertação do hormônio noradrenalina.

A síndrome foi descrita pela primeira vez em 1964, pelo médico Jack Barnes, que fez a associação entre os sintomas e os cubozoários. Para provar a sua hipótese, o Dr. Barnes tocou ele próprio numa Carukia barnesi (com cerca de 2 cm de diâmetro) e teve a oportunidade de descrever em primeira mão todos os efeitos da toxina do animal. A relação com os cubozoários é clara quando se acrescenta a esta sintomatologia a presença de cicatrizes vermelhas, típicas do contacto com os tentáculos destes animais, mas nem todos os acidentes resultam em marcas visíveis após o fim dos sintomas. Isto sugere que a síndrome de Irukandji possa ser a explicação para as mortes inexplicáveis que ocorrem todos os anos no Pacífico e que são normalmente atribuídas a ataques cardíacos ou afogamento.
A biologia dos cubozoários é ainda pouco conhecida e só há poucos anos se iniciaram estudos detalhados sobre estes animais. Apenas uma única espécie que até agora foi claramente associada a esta síndrome (graças aos esforços do Dr. Barnes), mas é quase certo que muitas outras a possam causar também. Por enquanto, não se conhece ainda exatamente o tipo de toxina que estes animais libertam, sabendo-se apenas que ataca o sistema nervoso central, nem há antídoto conhecido. O tratamento da síndrome de Irukandji baseia-se no alívio dos vários sintomas que a compõe.

 


 
 
 
 
 
 
 

    












               

               
               

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              sexta-feira, 8 de agosto de 2014

              Astronautas da Nasa testam Google Glass no fundo do mar

              Astronauta da Nasa no fundo do mar testando o Google Glass, que poderá ser usado em missões no espaço. (Foto: Divulgação/Nasa)
              Óculos inteligentes poderão ser usados em missões fora do espaço. Laboratório da Nasa fica submerso, a 19 metros abaixo do nível do mar.
              Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) realizou um teste no fundo do mar com equipamentos que serão usados em missões espaciais. Entre outros dispositivos, os astronautas usavam os óculos inteligentes Google Glass, segundo informações do site “Space.com”.
              Como exibe informações na tela, o Glass é utilizado para mostrar aos astronautas quais são os procedimentos a fazer em seguida durante uma missão. O setor responsável pelo teste é o Operações de Missões em Ambientes Extremos (Neemo, na sigla em inglês).
              A caminhada aquática, realizada na semana passada, serve para testar novas tecnologias que poderão ser utilizadas em missões rumo a asteroides. O próximo teste será feito em setembro.
              Além do Glass, os astronautas mergulhadores também levaram um monitor de batimentos cardíacos que se conecta via Bluetooth com a estação espacial.
              O Neemo possui um laboratório submarino chamado de Aquarius desde 2001. Submarino não é força de expressão. O laboratório fica submerso, a 19 metros do nível do mar, na costa da Flórida (EUA).
              Três dos astronautas do Neemo já voaram para o espaço, mas não todos. “Eu nunca estive no espaço, mas meu conhecimento –eu tenho trabalhado no time de Controle de Missão e visto os membros da equipe no espaço tentarem manter-se dentro do prazo lá – e eu sempre pensei como seria estar do outro lado”, disse o astronauta da Nasa, Mark Vande Hei, ao site.


               
               
               
               
               
               
               
               
               
               
               

              quinta-feira, 7 de agosto de 2014

              Corais do Caribe estão à beira do colapso

              Estudo mais abrangente já feito sobre recifes de corais caribenhos alerta que esse rico ecossistema marinho pode desaparecer em 20 anos. Ainda dá para salvá-lo!

              Com apenas um sexto do seu tamanho original, a maioria dos recifes de corais do Caribe pode desaparecer nos próximos 20 anos, principalmente devido à perda de biodiversidade, alerta um novo relatório produzido por três grandes entidades, o Global Coral Reef Monitoring Network (GCRMN ), a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) e o Programa Ambiental das Nações Unidas (Pnuma).
              As consequências podem ser catastróficas. O Caribe é casa de 9% dos recifes de coral do mundo, que são um dos ecossistemas mais diversos do planeta e vitais para a economia da região.
              Eles geram mais de US$ 3 bilhões por ano com o turismo e a atividade de pesca e mais de uma centena de outros bens e serviços dos quais 43 milhões de pessoas dependem.
              Os resultados mostram que os corais do Caribe reduziram em mais de 50% desde 1970.
              As mudanças climáticas têm sido apontadas como a principal culpada pela degradação dos corais pelo mundo, mas no caso dos corais caribenhos, a maior ameaça vem da perda de dois herbívoros importantes para a região: peixes-papagaio e ouriços do mar.
              Uma doença não identificada levou a uma mortalidade em massa do ouriço-do-mar em 1983 e a pesca extrema ao longo do século 20 deixou a população de peixes-papagaio à beira da extinção em algumas regiões.
              A perda destas espécies rompe o delicado equilíbrio dos ecossistemas de corais, permitindo com que as algas, das quais elas se alimentam, se proliferem e passem a sufocar os recifes.
              Mas, de acordo com os autores, restabelecer as populações de peixes-papagaio e melhorar outras estratégias de gestão, como a proteção contra a sobrepesca e poluição costeira excessiva, são medidas que poderiam recuperar os recifes e torná-los mais resistentes a impactos futuros das mudanças climáticas.
              "A taxa em que os corais do Caribe têm diminuído é verdadeiramente alarmante", diz Carl Gustaf Lundin, diretor do Programa Polar Global Marine e da IUCN.
              "Mas este estudo traz algumas notícias muito animadoras: o destino de corais do Caribe não está além do nosso controle e há alguns passos muito concretos que podemos tomar para ajudá-los a se recuperar", acrescenta.
              O relatório "Situação e Tendências dos Recifes de Coral no Caribe" é o estudo mais detalhado e abrangente do gênero já publicado.
              Resultado do trabalho de 90 especialistas ao longo de três anos, ele contém a análise de mais de 35 mil pesquisas realizadas em 90 locais do Caribe desde 1970, incluindo estudos de corais, algas, ouriços do mar e peixes de criadouro.
              Fonte: revista Exame