segunda-feira, 17 de março de 2014

Veneno de caracol marinho pode se tornar analgésico potente.

Composto pode aliviar a dor melhor que morfina e sem causar dependência.
Pesquisadores criaram cinco substâncias experimentais a partir de proteína.

Uma pequena proteína extraída do veneno de um caracol marinho parece promissora para produzir analgésicos mais potentes que a morfina, com menos efeitos colaterais e menor risco de dependência, segundo trabalhos de pesquisadores australianos apresentados neste domingo (16.03.14) nos Estados Unidos.
Os Conus (caracóis marinhos de águas tropicais) utilizam seu veneno para paralisar suas presas. Este veneno contém centenas de peptídeos, que são pequenas proteínas conhecidas como conotoxinas. Nos humanos, algumas destas conotoxinas parecem ter efeitos analgésicos, explicaram os pesquisadores.
Os especialistas criaram ao menos cinco novas substâncias experimentais a partir desta proteína, que podem conduzir algum dia ao desenvolvimento de analgésicos orais eficazes para tratar algumas dores crônicas.
"Trata-se de um passo importante que pode servir de base ao desenvolvimento de uma nova classe de medicamentos capazes de aliviar as formas mais severas de dores crônicas atualmente muito difíceis de tratar", explicou David Craik, da Universidade de Queensland, na Austrália, autor principal da pesquisa.
O estudo foi apresentado na conferência anual da Sociedade Americana de Química (ACS, em inglês), reunida neste fim de semana em Dallas, Texas (sul).
As dores combatidas por estes medicamentos são provocadas frequentemente por diabetes, esclerose múltipla e por outras doenças que afetam as terminações nervosas, que podem durar meses ou até mesmo anos.
Os tratamentos atuais para estas dores crônicas neuropáticas podem causar efeitos colaterais significativos e são eficazes em apenas um de cada três doentes.
Fonte: France Presse

Saiba +

1. Conus
Conus é um género de gastrópodes, distribuídos por quase todo o indo-Pacífico. Possuem um veneno composto de um grande coquetel de toxinas, como as conotoxinas, presentes em seu epitélio-glandular, o qual inocula em um "arpão" contido em uma probóscide. Tímidos, passam o dia todo escondidos em alguma toca ou coral e saem para caçar à noite, usando seu olfato aguçado para localizar presas. Utilizam o arpão venenoso para matar suas presas, os peixes. São frequentes os relatos de morte de humanos, em razão de acidentes com Conus.
Uso medicinal do veneno
 O veneno do Conus magus, apresenta promessas de prover um analgésico não viciante 1000 vezes mais potente que a morfina. As conchas deste animal possuem uma enorme beleza e na Austrália, algumas pessoas morrem por pegarem este animal, de forma incauta, pois desconhecem os perigos enormes do seu veneno. O Conus está entre os dez animais mais venenosos do mundo.