segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Fotógrafo registra verdadeiras 'ondas de lixo' nas águas poluídas da Indonésia


Problemas de infraestrutura na coleta de resíduos na baía da ilha de Java ameaçam o meio ambiente e prejudicam tanto moradores quanto turistas.
 
    Um surfista local é flagrado pegando um 'tubo' junto com resíduos sendo levados por uma onda
 
Barco do fotógrafo ficou cercado pelo lixo e detritos que se acumulam na orla da ilha de Java
  Formada por mais de 17 mil ilhas, a Indonésia ainda tem péssima infraestrutura de coleta de lixo

O fotógrafo havaiano Zak Noyle, da emissora de esporte radicais GrindTV, registrou cenas impressionantes do acúmulo de lixo nas águas da ilha de Java durante uma viagem recente à Indonésia. Considera um dos principais paraísos do surfe no mundo, o local sofre com problemas de infraestrutura na coleta e descarte de resíduos que se espalham até o mar.
 
"Nunca tinha visto nada assim antes. As áreas povoadas apenas despejam seu lixo nos leitos dos rios ou diretamente na areia para ser levado pelas marés. Infelizmente, as correntes fazem um ótimo trabalho de levá-lo para longe e depositá-lo em algumas das praias mais isoladas, anteriormente intocadas. Foi muito desagradável estar lá", explica Noyle. 
 "Ficava vendo um monte de plástico, pacotes de macarrão e outros resíduos flutuando perto de mim e imaginava a hora em que, com certeza, ira ver algum corpo morto boiando também", ele denuncia o descaso na baía de Java. Formado por cerca de 17 mil ilhas, o território da Indonésia é o quarto país mais populoso do mundo, com mais de 200 milhões de habitantes.



terça-feira, 13 de agosto de 2013

Tartarugas encontradas mortas em praias da Guatemala

                             Tartarugas encontradas mortas em praias da Guatemala

Oitenta tartarugas apareceram mortas em sete praias do Pacífico (sul) da Guatemala desde julho passado, denunciaram esta segunda-feira ecologistas guatemaltecos que atribuem a mortandade à pesca de camarões na região.
“Desde a primeira semana de julho até agora foram vistas aproximadamente 80 tartarugas marinhas mortas”, que “coincide com a presença de barcos camaroneiros em águas em frente a estas praias”, destacou em um comunicado a ONG Associação Resgate e Conservação da Vida Silvestre (Arcas).
“Está plenamente documentado que a prática de pesca com redes de arrasto é uma ameaça para a tartaruga marinha”, detalhou a organização conservacionista no boletim de imprensa.
Segundo a Arcas, moradores assentados na costa do Pacífico guatemalteco localizaram sem vida 72 tartarugas-oliva (‘Lepidochelys olivacea‘), sete tartarugas verdes (Chelonia mydas agazzisi‘) e uma tartaruga-de-couro (‘Dermochelys coriacea‘).
“Estas últimas duas espécies (estão) criticamente ameaçadas de extinção em nível mundial”, detalha a denúncia.
Conservacionistas e cientistas ambientalistas na Guatemala solicitaram ao governo restringir a pesca de camarões para “estabelecer o impacto desta atividade econômica nas populações de tartarugas marinhas”, acrescentou o comunicado.
Segundo o texto, catadores legalizados de ovos de tartarugas estão preocupados com as mortes, pois coloca em risco seu meio de sobrevivência.
“Estas espécies representam um valioso recurso quando vivas, tanto como atração turística, como fonte de ganhos econômicos com a cata de ovos sob um programa que permite a coleta de ovos, desde que se entregue 20% de cada ninho a um tartarugário local”, acrescentou o comunicado.
O Ministério da Agricultura, encarregado da atividade pesqueira no país, investiga “as verdadeiras causas” da morte das tartarugas, explicou à imprensa local Sebastián Marcucci, vice-ministro da pasta.

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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Expedição de navio americano promove reality show submarino.


Vídeos ao vivo que mostram a vida marítima fazem sucesso na internet.
Tanto cientistas como pessoas comuns têm acompanhado saga submarina.
Da AP
 
O navio Okeanos Explorer e seu submarino-robô - da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos Estados Unidos - estão fornecendo cobertura ao vivo da expedição que saiu na ilha de Nantucket, no estado de Massachusetts.
A iniciativa permite que outros cientistas e também pessoas comuns sigam o cotidiano das profundidades do Atlântico. Até agora, o mundo do fundo do mar era exclusividade dos cientistas, que se reuniam em um navio, assistiam ao vídeo feito nas profundidades, tomavam notas e, dois ou três anos depois, escreviam um artigo científico.
"Estamos chamando de Deep Sea TV", disse a cientista Martha Nizinski, do Serviço Nacional de Pesca Marinha dos Estados Unidos. "É muito melhor do que qualquer outro reality show que está sendo exibido."
A transmissão, que ocorre normalmente entre 9h30 e 16h30 (horário de Brasília) já atingiu mais de 50 mil visitas. A expedição, que custa US$ 40 mil por dia, continuará até o dia 16 de agosto. Assista à transmissão.
Enquanto o robô submarino passeia pelo fundo do Oceano Atlântico, cientistas podem ligar ou enviar mensagens pedindo para que a câmara focalize isso ou aquilo.
Nos anos anteriores, o navio explorou o Oceano Pacífico, mas as próximas missões sairão da costa leste dos Estados Unidos. A bordo do navio, pesquisadores estão fazendo mais do que assistir. Eles explicam ciência e as atividades científicas para os expectadores.

 

Imagem mostra um dos animais mais estranhos com que a expedição se deparou: o Bathysaurus. Ele usa sua mandíbula inferior para cavar a areia. (Foto: AP Photo/NOAA)

  Estrela-do-mar da ordem Brisingida apoia-se em coral, em imagem de submarino. (Foto: AP Photo/NOAA)

  Polvo também foi fotografado pelas câmeras do Okeanos Explorer. (Foto: AP Photo/NOAA)

  Camarão é flagrado por expedição descansando no fundo do Oceano Atlântico.                                                 (Foto: AP Photo/NOAA)

Um polvo cuida de seus ovos no fundo do mar. (Foto: AP Photo/NOAA)

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

"Ciganos do Mar" - Dia do Índio

Os ‘ciganos do mar’ Moken do mar de Andaman desenvolveram uma habilidade única de focar debaixo d’água, a fim de mergulhar por comida no fundo do mar. Sua visão é 50% mais precisa que a dos europeus. James Morgan/Survival

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Mar em Colapso - adeus aos tubarões, eunices, donzelas e papagaios

Devemos cultivar o mar e cuidar de seus animais usando os mares como fazendeiros e não como caçadores. Esta é a essência da civilização: o cultivo substituindo a caça.
Jacques Yves Cousteau, oceanógrafo
 
            Em Isla Mujeres, Quintana Roo, no México, um peixe-papagaio-arco-íris acompanha um cardume de peixes cirurgiões:  Acanthurus spp. Foto: Fabio Olmos
Apesar de serem consideradas como recursos ilimitados, espécies marinhas enfrentam declínios comparáveis ou maiores aos enfrentados por espécies terrestres. Nas últimas décadas houve uma aceleração do processo de perda de habitats e, por exemplo, cerca de 1/5 dos manguezais do mundo foram perdidos entre 1980 e 2005, especialmente para fazendas de camarão e ocupação urbana. Além disso, 57% dos recifes de coral foram perdidos ou encontram-se degradados, e 85% dos recifes de ostras, uma antiga característica de estuários temperados, foram extintos no mundo.
A destruição de habitats é resultado de um conjunto de forças: a exploração direta, como a de corais e ostras que formam recifes; de alterações nas condições ambientais, através do aumento de sedimentos trazidos por rios cujas margens foram desmatadas; e de técnicas de pesca destrutivas, tais como as redes de arrasto e o uso de explosivos.
Algumas espécies marinhas, que incluem vários moluscos, peixes como a donzela-das-Galápagos (Azurina eupalama) e o bodião-verde-de-Mauritius (Anampses viridis) e macroalgas (Gigartina australis e Vanvoortsia bennettiana) provavelmente já foram extintas devido a alterações em suas pequenas áreas de ocorrência, especialmente devido à poluição, mudanças climáticas, dragagens e aumento na sedimentação.
Outras extinções parecem resultar de mudanças naturais no meio ambiente físico, o que foi sugerido para explicar o declínio do braquiópodo Bouchardia rosea no sudeste do Brasil, embora o impacto da pesca de arrasto sobre seu habitat deva ser considerado.
                                 Donzela-dos-Galápagos (Azurina eupalama)
Pesca              
Entretanto, é a pesca, ou melhor, a exploração direta de populações animais e vegetais o principal fator levando espécies marinhas à extinção.
São bem conhecidas as extinções totais de mamíferos marinhos como a vaca-marinha-de-steller (Hydrodamalis gigas), presente do Japão à Califórnia antes que humanos inventassem barcos e arpões, a foca-monge-do-Caribe (Monachus tropicalis) e a baleia-cinzenta-do-Atlântico (Eschrichtius robustus). Igualmente bem sabidas são as extinções locais e ecológicas de espécies antes comuns. Entre elas, o peixe-boi-marinho (Trichecus manatus), que ocorrida do Espírito Santo ao Amapá e dali em todo o Caribe e Golfo do México; e baleias, como a azul (Balaenoptera musculus). Para saber mais sobre o assunto recomendo An Unnatural History of the Sea, de Callum Roberts.
Menos conhecidas são as extinções de criaturas com menor carisma.

 
Várias espécies de peixes capturados, comercialmente, estão   seguindo o mesmo  caminho, uma história de exploração insustentável que teve início com o uso humano dos recursos pesqueiros. Poucos recordam que, como fazem os salmões, não muitos séculos atrás, esturjões beluga (Huso huso) de 8,5 m migravam do mar para desovar no Danúbio, sustentando comunidades pré-romanas. E que foi o esgotamento de estoques pesqueiros na Europa medieval, já no ano 1000, que levou à exploração do Mar do Norte e às primeiras travessias transatlânticas (vejam Fish on Friday, de Brian Fagan).
Através da história, a pesca tem funcionado em ciclos de boom-colapso, explorando “estoques pesqueiros” até que a atividade se tornasse anti-econômica e, depois, passando à espécie seguinte. No mundo há exemplos clássicos, entre eles o colapso das populações de bacalhau (Gadus morhua) no Atlântico Norte, onde se dizia ser possível caminhar sobre os peixes na água tal era sua abundância. Atuns-de-nadadeira-azul (Thunnus thynnus) já foram reduzidos em mais de 85% e caminham para sua extinção ecológica (e eventualmente econômica), enquanto preços cada vez mais elevados e subsídios governamentais dão impulso econômico a uma atividade biologicamente insustentável.
Situação no Brasil
No Brasil, considera-se que 80% dos estoques pesqueiros explorados comercialmente encontram-se sobrexplotados ou já colapsaram. A pesca da sardinha (Sardinella brasiliensis) levou ao colapso das suas populações, que hoje se recuperam apenas devido à imposição de defesos aceitos de má vontade pelos empresários da pesca. Os restos de enlatadoras de sardinhas na Baía da Ilha Grande (RJ) e litoral de São Paulo são testemunhas do colapso do recurso.
Um caso que deveria ser mais divulgado é o da população brasileira do budião ou peixe-papagaio (Scarus guacamaia), um gigante de 1,20 m e 20 kg, que talvez fosse uma espécie diferente da do Caribe, extinta por pescadores artesanais e caçadores submarinos que visam adultos e por impactos nos manguezais dos quais os juvenis dependem. Mesmo destino tiveram populações locais de vários peixes recifais ou “de toca” e lagostas capturados por pescadores e caçadores submarinos.
Entre os que mais sofreram declínios estão as caranhas e pargos (Lutjanus spp.), meros (Epinephelus itajara) e garoupas e badejos (Mycteroperca spp). Antes comuns em locais como as ilhas do litoral paulista, estas espécies foram eliminadas das áreas que não contam com proteção. Um dos fatores que contribui para o declínio de espécies como garoupas e badejos é o fato de serem hermafroditas protogínicos. Ou seja, os exemplares grandes são todos machos e sua remoção pela pesca afeta a estrutura populacional e o sucesso reprodutivo.
Invertebrados também têm sido localmente extintos, como o grande búzio (Strombus brasiliensis), que ocorria do Ceará ao Espírito Santo e é coletado pela sua carne, enquanto a concha é vendida como souvenir. Este comércio também eliminou populações locais de estrelas-do-mar de maior porte, enquanto o comércio para aquariofilia extinguiu populações da anêmona gigante (Condylactis gigantea) em locais como Búzios (RJ). A coleta para isca de pesca, por sua vez, eliminou poliquetos de grande porte, como o surreal Eunice sebastiani de boa parte das áreas onde ocorriam.
                                                            Eunice sp.
A pesca de arrasto, que visa principalmente camarões, também destrói habitats, como as pradarias de fanerógamas, e captura outras espécies que se tornaram praticamente extintas. Um exemplo clássico são as vieiras (Euvola ziczac) na costa sudeste do Brasil, ainda comuns na década de 1970, ou os cações-viola (Rhinobatos spp.) e várias estrelas-do-mar. Deve-se também enfatizar que a pesca com espinhéis pelágicos voltada a atuns, tubarões e peixes de bico é uma das principais causa do declínio de tartarugas-marinhas e albatrozes, além dos próprios tubarões.
Tubarões, peixes-serra (Pristis spp.) e raias-manta (Manta e Mobula spp.), que em geral apresentam baixa fertilidade e levam às vezes mais de 10 anos para atingir a maturidade sexual, constituem um dos grupos mais ameaçados, com extinções totais em grande parte de antigas áreas de ocorrência (exemplo, os peixes-serra no leste brasileiro) e declínios generalizados.
Por exemplo, descrito por Jacques Cousteau como o mais abundante no planeta, o tubarão-galha-branca-oceânico (Carcharhinus maou ou longimanus), teve declínio de mais de 90% no Atlântico Ocidental. Tubarões-de-galápagos (Carcharhinus galapagensis) eram tão comuns nos remotos Penedos de São Pedro e São Paulo na década de 1970 que dificultavam o desembarque e o mergulho. Esta população foi totalmente extinta por barcos espinheleiros que continuam atuando na região.
Endêmico do litoral orlado por manguezais sob influência da descarga do rio Amazonas, o cação-quati (Isogomphodon oxyrhynchus) sofreu um colapso populacional superior a 90% como resultado da captura em redes de espera e arrasto e está gravemente ameaçado de extinção. No litoral do Rio Grande do Sul, a pesca levou a reduções drásticas nas populações de cações-anjo (Squatina spp.), violas (Rhinobatos horkelii) e cações-listrados (Mustelus fasciatus), especialmente quando praticada nas áreas de reprodução. Hoje, esses animais estão ameaçados de extinção.
Cação-viola ( Rhinobatos sp.)

A pesca de arrasto continua a ocorrer nesta região, apesar de restrições legais, devido à falta de fiscalização no mar e o expediente dos barcos pesqueiros desembarcarem sua captura com auxílio de embarcações menores que evitam o controle dos terminais de pesca onde há fiscais.
Efeito Dominó
O colapso de populações leva a um rearranjo das comunidades e ecossistemas já que espécies que se tornam funcional ou ecologicamente extintas podem causar efeitos-dominó. O colapso de populações de peixes abundantes e com alto conteúdo energético como sardinhas, manjubas e cavalas afeta seus predadores, que podem também ter suas populações reduzidas ou utilizar outras espécies até então livres de predação. Também são perdidas interações importantes, como aquelas entre aves marinhas que se alimentam em associação a atuns e outros predadores oceânicos. Em diversas partes do mundo nota-se um aumento nas populações de águas-vivas e ctenóforos associado ao declínio das populações de peixes explorados comercialmente, indicando mudanças fundamentais nos ecossistemas.
A forma mais eficiente de enfrentar a extinção de espécies marinhas é estabelecer áreas protegidas como zonas de exclusão de pesca, parques e reservas marinhas onde a pesca (mas não outras atividades) é proibida. Na verdade, sabe-se hoje que estas áreas podem aumentar a produtividade pesqueira de uma região por atuarem como uma fonte de recrutas que colonizam as áreas sujeitas à pesca.
Infelizmente, no Brasil, as áreas protegidas na zona costeira ocupam apenas 1,5% de nossos mares, e mesmo este percentual inclui em sua maior parte restingas e manguezais. Não há nenhuma unidade de conservação federal de proteção integral totalmente marinha. Somente 18% dos estuários estão em áreas protegidas e este índice cai para 0,2% quando se considera apenas as unidades de proteção integral.
No caso dos manguezais, o porcentual total de proteção chega a 75% se são consideradas as áreas de proteção ambiental (APAs), categoria de “proteção” que na verdade tem pouco valor na prática. O percentual cai para 13% se ao consideradas apenas as unidades de proteção integral. Deve-se notar que o Código Florestal considera manguezais áreas de preservação permanente, embora na prática esta disposição seja contornada por obras de “interesse social” como portos e instalações industriais. Mesmo nas reservas existentes há problemas de gestão, como exemplificado pela Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo, onde a caça submarina é comum mesmo em áreas proibidas e a pesca industrial ainda ocorria com conivência dos “extrativistas”.
Regiões importantes continuam desprotegidas sem que haja esforço para sua proteção. Entre estas estão as áreas de reprodução de cações e violas no Rio Grande do Sul, os montes submarinos da cadeia Vitória-Trindade, o Arquipélago de São Pedro e São Paulo, estuários e ilhas costeiras no litoral sudeste, estuários no Maranhão e Pará e recifes na plataforma continental entre a Bahia e o Espírito Santo, além do entorno de ilhas. No último caso, há os exemplos da ilha de Queimada Grande e o arquipélago de Alcatrazes, onde uma proposta de parque nacional marinho aguarda há décadas para avançar.
Estas seriam áreas a considerar caso o Brasil deseje atingir os 12% de áreas marinhas protegidas que as Nações Unidas propõem como meta para 2020.
*Texto adaptado de Espécies e Ecossistemas, mais recente livro de Fabio Olmos
O Projeto Biomar comunica que a lista "completa" de Animais Marinhos em Perigo de Extinção se encontra no site do IBAMA no endereço a seguir:
 
 
 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Ascídia da espécie Pyura chilensis parece uma pedra, e é considerada iguaria no Chile


Parece uma “rocha viva”, mas é apenas uma criatura bizarra e hermafrodita que vive na costa do Chile e do Peru.


Esse animal marinho se combina de forma natural com as rochas em que vive. Se você acidentalmente pisar sobre uma pedra dessas, ela vai estourar e expor uma massa vermelho-sangue dos bizarros indivíduos considerados uma iguaria em países da América Central.
A criatura é chamada de Pyura chilensis, e é conhecida como “piure” em espanhol. Pertence a uma classe de bichos marinhos nomeados ascídias (que compreende mais de 3.000 espécies).
Essa classe é a mais diversa do subfilo Tunicata. O termo vem do fato de que a criatura é coberta de uma camada – ou “túnica” – de celulose animal, chamada tunicina.

Vida e reprodução

Dentro da "rocha viva", fica uma massa de órgãos rodeados por uma camada de pele e músculo.
 Esses animais são alimentadores por filtro: aspiram a água do mar, removem e se alimentam de algas e microrganismos nessa água, e expirando o líquido filtrado de volta para o mar.
A característica mais interessante da criatura, no entanto, é a sua habilidade de reprodução. O piure nasce macho e, quando atinge a puberdade, também cresce órgãos femininos, tornando a ascídia um hermafrodita.
Na hora do acasalamento, o piure liberta os ovos a partir dos seus órgãos femininos, ao mesmo tempo que liberta esperma de suas gônadas masculinas na água do mar.
Se os óvulos e espermatozoides colidem, eles formam uma “nuvem fértil”, que irá produzir filhotes estilo “girinos”. Estes girinos do sexo masculino, então, procuram uma casa – uma rocha nas proximidades – e ficam lá até se tornarem adultos.
Porém, o piure só acasala assim quando está sozinho. Se há outros membros da espécie próximos, a criatura prefere cruzar, para aumentar as chances de sucesso.

 
Apesar da sua cor vermelha, o sangue do piure é claro. Além disso, contém um nível elevado de vanádio – um metal cinzento prateado que ocorre naturalmente em mais de 60 diferentes minerais em todo o mundo. Os pesquisadores não tem certeza sobre qual é a função deste elemento nas criaturas, mas, em terra, o vanádio é utilizado para a fabricação de ligas de aço.


Iguaria

A concentração de vanádio produzida pelo piure é de cerca de 10 milhões de vezes a quantidade encontrada na água do mar ao redor. Por causa de seu alto nível de vanádio, e da toxicidade do elemento, há preocupações sobre comer a criatura.
Ainda assim, o animal é uma das principais fontes de alimento para espécies aquáticas, e também é pescado comercialmente e servido em restaurantes chilenos.
 A "rocha viva" tem que ser cortada com uma faca afiada ou serrote, para em seguida as criaturas serem puxadas de sua “túnica”.
A carne do animal pode ser enlatada ou vendida em tiras, bem como pode ser consumida crua ou cozida. Também é exportada para o Japão e para a Suécia. [DailyMail]

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Novo antibiótico que ataca superbactéria é encontrado no mar

Cientistas comemoram achado, que pode ajudar a combater problema de resistência aos antibióticos.
                             Antibiótico é capaz de atacar com eficácia até antrax
Cientistas da Califórnia, nos EUA, descobriram um novo composto antibiótico que é extraído de um micro-organismo encontrado em sedimentos do Oceano Pacífico.
O achado de novos agentes antibióticos é considerado algo raro. Por isso, especialistas afirmam que ele pode ajudar a combater a atual resistência de bactérias aos antibióticos em uso – considerada um grave problema mundial de saúde.
Os cientistas americanos ressaltam que o novo composto, chamado anthracimycin, parece ser efetivo no combate ao Staphylococcus aureus – bactéria de fácil contágio por contato, que pode gerar infecções difíceis de tratar, por ter se tornado resistente à maioria dos antibióticos utilizados.
O anthracimycin também demonstrou ser capaz de eliminar o antrax – bactéria conhecida por seu uso em armas químicas de bioterrorismo.
A pesquisa californiana teve os resultados divulgados na publicação científica alemã "Angewandte Chemie".

Nova arma
O composto antibiótico anthracimycin tem uma estrutura química única, o que poderia levar ao desenvolvimento de uma nova classe de antibióticos.

Para o diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA, Thomas Frieden, o risco gerado pelas bactérias resistentes aos antibióticos é um "pesadelo" para o cientistas de todo o mundo.
E a CMO (secretária-geral para assuntos da saúde) da Grã-Bretanha, Sally Davies, define a ineficiência dos antibióticos como uma "bomba-relógio ativada", que ameaça a segurança nacional.
A Sociedade de Doenças Infecciosas da América também expressou preocupação com o não-desenvolvimento de novos antibióticos para conter a resistência aos medicamentos atuais. Por isso, a descoberta de um novo composto antibiótico traz esperanças.
A estrutura da anthracimycin é descrita pelo cientista Kyoung Hwa Jang e sua equipe no jornal científico do Instituto de Oceanografia Scripps como algo único, por ser diferente dos outros antibióticos naturais já descobertos.

Do fundo do mar
O novo composto antibiótico foi extraído da bactéria Steptomyces, coletada pelo cientista Christopher Kauffman em sedimentos do Pacífico.

William Fenical, do Scripps, disse que "a real importância desse trabalho é que a anthracimycin tem uma estrutura química única".
"A descoberta de um composto químico realmente novo é bem rara. Ela vem a somar-se a várias descobertas anteriores que mostram que bactérias marinhas são geneticamente e quimicamente únicas", ressalta Fenical.
O anthracimycin, que têm demonstrado sua eficácia no combate ao antrax e ao Staphylococcus aureus, indica o potencial dos oceanos como fonte para novas substâncias, já que ainda há grandes áreas marinhas inexploradas.