sexta-feira, 5 de abril de 2013

O Ecossistema Manguezal e o Bioma Mata Atlântica


O bioma Mata Atlântica inclui um complexo e rico conjunto de ecossistemas: floresta atlântica, manguezal, restinga e campos de altitude.

Os manguezais são ecossistemas que ocorrem nas zonas de maré. Formam-se em regiões de mistura de águas doces e salgadas como estuários, baías e lagoas costeiras. Estes ambientes apresentam ampla distribuição ao longo do planeta, ocorrendo nas zonas tropicais e subtropicais onde as condições topográficas e físicas do substrato são favoráveis ao seu estabelecimento.
As maiores extensões de manguezais do mundo estão presentes na região Indopacífica.
No Brasil, os manguezais ocorrem desde a foz do Rio Oiapoque, no Estado do Amapá até o Estado de Santa Catarina, tendo como limite sul a cidade de Laguna.
 
Ao longo da zona costeira os manguezais desempenham diversas funções naturais de grande importância ecológica e econômica, dentre as quais se destacam as seguintes:

·         Proteção da linha de costeira; funcionamento como barreira mecânica à ação erosiva das ondas e marés;
·         Retenção de sedimentos carreados pelos rios, constituindo-se em uma
·         Área de deposição natural;
·         Ação depuradora, funcionando como um verdadeiro filtro biológico natural da matéria orgânica e área de retenção de metais pesados;
·         Área de concentração de nutrientes;
·         Área de reprodução,
·         Área de abrigo;
·         Área de alimentação de inúmeras espécies;
·         Área de renovação da biomassa costeira;
·         Áreas de alimentação, abrigo, nidificação e repouso de aves - as espécies que ocorrem neste ambiente podem ser endêmicas, estreitamente ligadas ao sistema, visitantes e migratórias, onde os manguezais atuam como importantes mantenedores da diversidade biológica.  E estabilizador climático.

Com uma fitofisionomia bastante característica, o ecossistema do manguezal apresenta uma grande variedade de nichos ecológicos; é uma fauna diversificada em mariscos e caramujos; camarões, caranguejos e siris; peixes ea ves.

Estes organismos utilizam a área do manguezal na busca de alimento, reprodução, crescimento e proteção contra predadores, estes últimos atraídos por uma predominância de indivíduos jovens no ambiente.
 Os ecossistemas do manguezal possuem elevada bioprodução, podendo esta atingir até 20 toneladas de matéria orgânica. A alta produção de matéria orgânica é fundamental nos processos de ciclagem de nutrientes, que influenciam a rica cadeia alimentar presente aos manguezais.
Neste sentido, vê-se que o manguezal apresenta uma grande importância para o ecossistema marinho. Muitas espécies, típicas do manguezal, apresentam um ciclo de vida anfibiótico, como é o caso de crustáceos e peixes, constituindo um elo básico para a economia pesqueira e biológica das espécies.
Como um dos ecossistemas associados ao bioma Mata Atlântica e aos recursos hídricos, o manguezal é tido como um dos indicadores ecológicos mais significativos na zona costeira. O seu papel de proteger a costa, de conter sedimentos oriundos das bacias hidrográficas e de ser habitat de inúmeras espécies biológicas o caracteriza como um verdadeiro berçário do mar. Por isso mesmo, o manguezal ocupa uma larga faixa litorânea brasileira e, na costa fluminense, desempenha importantes funções ecossistêmicas. Tal condição privilegiou o Estado do Rio de Janeiro com uma das mais belas porções de manguezais.
É também conhecida, na história ambiental fluminense, a relação harmônica das populações tradicionais litorâneas com os manguezais.
É grande a importância do manguezal para o homem, uma vez que este fornece uma grande variedade de organismos que são utilizados na pesca como moluscos, crustáceos e peixes. A captura destes animais para comercialização e consumo permitiu ao longo dos anos a sobrevivência de inúmeras comunidades na zona costeira e a manutenção de uma tradição e cultura próprias da região costeira.
Atualmente a relação do homem com o manguezal é desarmônica. O manguezal é objeto de lançamento de resíduos sólidos, lançamento de esgotos industriais e domésticos, desmatamento e aterros, entre outras agressões.
O produto destas agressões ameaça a sobrevivência dos manguezais. Caso não sejam tomadas rapidamente medidas efetivas para conservação, preservação e conscientização da importância deste ecossistema para natureza, os manguezais tendem a se extinguir colocando em risco todo o equilíbrio da zona costeira.
A farta legislação ambiental e a inserção de diversas instituições ambientais não foram suficientes para conter expressivas perdas deste ecossistema.
Rhizophora mangle

Flora e fauna

As plantas encontradas neste ecossistema são popularmente conhecidas como mangues, observando-se as seguintes espécies no Estado do Rio de Janeiro: o mangue branco (Laguncularia racemosa); o mangue de botão (Conocarpus erecta); a siribeira, o mangue siriba ou preto (Avicennia germinans e Avicennia schaueriana) e o mangue sapateiro ou vermelho (Rhizophora mangle).
As plantas que vivem em ambientes salobros(halófitas) possuem dois sistemas de controle da concentração de sal em seus tecidos(osmorregulação), os quais procuram expulsar este produto para o exterior.
Formadoras de um complexo florestal sobre um substrato geralmente lamacento (inconsolidado) e pobre em oxigênio, estas plantas ainda apresentam adaptações aos fatores ambientais, tais como: raízes aéreas como as escoras e pneumatóforos com presença de lenticelas (células especiais para captar o ar) e o enraizamento em forma de roda (rodel) para uma melhor fixação (PEREIRA FILHO & ALVES, 1999).
Em muitos manguezais é comum a ocorrência de plantas epífitas (vegetais fixos a outros). Neste grupo, destacam-se as algas (seres aquáticos), os líquens (associação de fungos e algas), os gravatás ou bromélias (Família Bromeliaceae), as orquídeas (Família Orchidaceae) e as samambaias (Divisão Pteridophyta).
Devido a um aspecto vegetal bastante característico, este ecossistema possui uma grande variedade de nichos ecológicos, o que resulta numa fauna diversificada com representantes dos seguintes grupos: anelídeos, moluscos, crustáceos, aracnídeos, insetos, anfíbios, répteis, aves e mamíferos(PEREIRA FILHO & ALVES, 1999).
 A visita ao manguezal
 A visita em áreas de manguezal é uma  atividade muito proveitosa.
 A beleza cênica e a grande variedade de organismos proporciona aos visitantes, professores e alunos, uma oportunidade única no contato e conhecimento da natureza.
 O primeiro procedimento a ser adotado é o conhecimento da maré. O dia ideal para uma visita ao manguezal deve ser com maré baixa, de preferência 0,0 ou 0,1. . Esta informação pode ser obtida a partir de consulta da Tábua de Marés da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha do Brasil, onde deve-se observar as marés do porto mais próximo ao manguezal a ser visitado.
Uma vez definido o dia da visita e feito o reconhecimento do manguezal, deve-se então adotar outros importantes procedimentos que são a roupa a ser utilizada e o material a ser levado para o manguezal.
As roupas utilizadas devem ser: tênis velho com cadarço e meia; calça comprida de moletom, lycra ou helanca; blusa de malha de manga comprida; boné ou viseira e roupa de banho por baixo (sunga, biquíni ou maiô). Além disso, é recomendável levar água, repelente, bloco para registrar as observações.
 
Sugerimos um roteiro básico para ser utilizado durante a visita, com as seguintes orientações:
1.    Anotar  a presença dos diferentes tipos de água (marinha, doce e salobra) presentes no ambiente;
2.    Estudar “in loco” a influência da variação das marés sobre os organismos (animais e vegetais);
3.    Observar os diferentes tipos de sedimentos presentes no manguezal;
4.    Anotar a variedade de organismos presentes neste ambiente;
 5.     Estudar as adaptações que os organismos(plantas e animais) possuem para viver nos manguezais;
 6.     Descrever a importância do manguezal para a natureza, plantas, animais e para o homem;
 7.  Discutir como o homem está interferindo no manguezal.
8.    Criar um texto com todas as observações e discussões sobre o tema manguezal.
 



Muco de peixe-bruxa poderá ser tecido para criar roupa do futuro

O Myxa, Mixina, ou Myxini , (do grego myxa, muco),  uma espécie de peixe do Pacífico e do Atlântico, sem maxilar e espinha dorsal, solta uma substância viscosa extremamente concentrada que serve de autodefesa. Este muco poderá ser usada como tecido para fabricar a roupa do futuro, segundo uma equipe de investigadores da Universidade de Guelph, no Canadá.

Também conhecido como peixe-bruxa, este peixe cilindrico, parecido  com uma cobra,  é considerado um fóssil vivo e,  aparentemente, não possui  mecanismos de defesa. Porém, um peixe-bruxa possui cerca de 100 glândulas produtoras de muco, localizadas ao longo do seu corpo. Elas dispersam uma substância leitosa, mas que é rica em fibras.

Quando a substância leitosa se mistura com a água do mar, ela se expande, criando grandes quantidades de um muco translúcido, composto por fibras extremamente fortes e elásticas e sedosas.
 Pesquisadores filmaram recentemente o que acontece quando um tubarão morde uma mixina. Sua boca e guelras são rapidamente cobertas pelo muco e imediatamente desistem do ataque para não morrer asfixiado.

Segundo Tim Winegard, que estuda as fibras encontradas no muco, o peixe-bruxa, sobreviveu após os dinossauros e a diversos outros processos de extinção em massa. Há mesmo um fóssil deste peixe, completo e com evidências de glândulas produtoras de muco, que foi datado com mais de 300 milhões de anos.
No entanto, ainda falta saber como aumentar a produção desta substância dos Myxinis. Os especialistas afirmam que esse processo seria improvável em laboratório, já que o peixe parece não se reproduzir muito bem em condições de cativeiro.
A equipa espera conseguir reproduzir artificialmente as proteínas encontradas no muco – um método semelhante ao usado para produzir a seda de aranha.
Atsuko Negishi e seus colegas estão tentando separar as fibras do muco, para começar a tecer as primeiras roupas com a "seda de peixe". [Imagem: Andra Zommers/UGuelph]

No entanto, este processo ainda se mantém complicado. Os investigadores tentam retirar com pinças as fibras de uma membrana muito fina, formada pela proteína extraída do muco do peixe-bruxa. Quando a membrana é destruída, pequenas fibras são formadas.
Essas fibras, quando esticadas na água e, logo em seguida, secadas, se tornam sedosas. Cientistas acreditam que o muco do peixe-bruxa pode ser transformado em roupas esportivas ou, ainda, em coletes de proteção contra armas.
Se a equipa tiver sucesso na extracção dessa nova fibra, poderemos estar vestir em breve uma camiseta criada com este novo tecido.