quarta-feira, 18 de setembro de 2013

                                      Tamoya haplonema -  fonte: cifonauta/cebimar/usp
 
Todos os rios correm para o mar. Existe uma expressão popular que diz: "o oceano só é grande porque teve a humildade de colocar-se abaixo do nível dos rios". Porém, esta humildade não tem sido boa para a saúde dos oceanos, pois a maior parte da poluição dos rios deságua e se acumulam nos mares, colocando a vida marinha em perigo.
O nível dos mares está aumentando, mas a biodiversidade oceânica está diminuindo. O aumento da temperatura das águas, a acidificação dos oceanos e a pesca predatória estão criando o ambiente favorável para o crescimento da população das águas-vivas.

Existem mais de mil espécies de águas-vivas espalhadas pelo mundo. No Brasil, duas causaram recentemente problemas aos banhistas, principalmente em São Paulo: a Chiropsalmus quadrumanus e a Tamoya haplonema.
Onde há sobre pesca, a água-viva e a medusa tendem a crescer. A pesca predatória remove os predadores do topo do mar (por exemplo, cerca de 100 milhões de tubarões são mortos por ano para a captura de suas barbatanas) e possibilita a proliferação de águas-vivas, criando um círculo vicioso e uma mudança de regime global de mares de peixes a um oceano de águas-vivas. O crescimento exagerado de uma espécie é um sinal de que algo está errado.
Os oceanos cobrem 70% da superfície do Planeta e são fundamentais para a estabilização do clima. Mas a concentração de dióxido de carbono na atmosfera é mais um elemento que contribui para a acidificação dos mares e para a morte dos corais, que não resistem às águas mais ácidas e mais quentes.
A maior parte da população humana vive em cidades litorâneas e a construção civil, o uso generalizado de diques para evitar a erosão costeira, os portos, o transporte marítimo e o lazer e o turismo criam um habitat perfeito para a água-viva passar pela fase de pólipos no início de suas vidas.
A degradação dos oceanos e o colapso da biodiversidade dos mares têm provocado profundas alterações na saúde dos ecossistemas marinhos. O restante do Planeta não vai ficar imune a este processo.
Referência:
KLOOSTERMAN, Karin.
World Sees Scary Transition to Seas Full of Jellyfish, Not Fish. GreenProphet, 30/05/2013. http://www.greenprophet.com/2013/05/jellyfish-oceans/
Autor: *José Eustáquio Diniz Alves
*José Eustáquio Diniz Alves é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
Fonte: EcoDebate