Espécie
vive a cerca de 800 metros de profundidade, onde não há luz.
Capacidade de enxergar no escuro permite distinguir alimento de veneno.
Capacidade de enxergar no escuro permite distinguir alimento de veneno.
Uma espécie de caranguejo que vive no fundo do mar, a
cerca de 800 metros de profundidade, tem um complexo sistema de visão que o
permite enxergar em luz azul e ultravioleta. Essa sensibilidade às cores
possibilita que o animal consiga se alimentar em uma região completamente
escura, aponta um novo estudo publicado este mês na revista Journal of
Experimental Biology.
Segundo cientistas da Universidade Nova Southeastern,
na Flórida, EUA, a visão ultravioleta permite detectar objetos em um
comprimento de onda menor, o que faz com que os bichos realmente peguem comida,
e não veneno.O plâncton que esses caranguejos comem, por exemplo, tem um brilho azul, enquanto corais tóxicos onde eles se sentam apresentam uma bioluminescência verde.
Para a bióloga Tamara Frank, que liderou o estudo em três locais das Bahamas, no Caribe, descobertas como essa podem levar a inovações úteis anos mais tarde, a exemplo de um telescópio de raio-X que já se baseou nos olhos de uma lagosta.
A pesquisadora explica que trabalhos anteriores já haviam descoberto animais das profundezas que veem em luz ultravioleta, mas essa é a primeira vez que se testa como eles respondem à luz.
Além de fazer vídeos e fotos dos caranguejos, os cientistas capturaram e examinaram com microeletrodos os olhos de oito indivíduos encontrados nesses três lugares do Caribe e em expedições anteriores.
Para testar a hipótese de que a luz ultravioleta realmente funciona como um "código de barras" para os crustáceos saberem o que é comida e o que não é, os pesquisadores precisam coletar mais espécimes e testar a sensibilidade deles a comprimentos de onda ainda mais curtos.
Outro desafio é saber se a forma como os animais estão agindo no vídeo é natural, já que os submarinos, redes e veículos usados na pesquisa acabam perturbando os bichos. De acordo com o biólogo Sönke Johnsen, o estudo é uma espécie de investigação biológica "forense", pois observa os animais e o ambiente para depois tentar juntar os pedaços e reconstruir o que realmente aconteceu.