SBPC - Novas técnicas de análise revelam novos contaminantes ambientais
Contaminantes modernos
Graças ao desenvolvimento de novas técnicas de análises químicas e biológicas, um mundo pouco conhecido de contaminantes ambientais, alguns deles comprovadamente prejudiciais a seres vivos, está sendo revelado.
São substâncias oriundas de produtos de higiene pessoal e cosméticos, fármacos, praguicidas e nanomateriais, por exemplo.
Para a bióloga e especialista em toxicologia, Gisela de Aragão Umbuzeiro, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ainda é cedo, no entanto, para dizer se esses compostos podem causar problemas ao homem. Ela falou sobre o tema em sua conferência Contaminantes emergentes para a zona costeira, durante a 62ª Reunião Anual da SBPC.
Química do nanograma
Segunda Gisela, até há pouco tempo a química estava na era do miligrama, depois passou para a do micrograma e agora chegou a do nanograma - que trabalha com a matéria na escala de moléculas e átomo. Hoje é possível detectar a presença de determinadas substâncias em concentrações ínfimas no ambiente, principalmente na água.
Entre as que mais preocupam estão os chamados interferentes endócrinos, que são hormônios como estrógenos (responsáveis pelo desenvolvimento sexual feminino) e andrógenos (responsáveis pelas características do sexo masculino), além tiroxina e triiodotironina, que estimulam diversas células do corpo e controlam o crescimento, a reprodução, o desenvolvimento e o metabolismo.
Livres no ambiente, eles causam problemas nos sistemas reprodutivos de peixes, aves, anfíbios, répteis e até roedores.
De acordo com Gisela, há muito meios dos contaminantes emergentes chegarem ao ambiente, como o descarte de medicamentos não utilizados, a urina e as fezes de humanos e animais, além dos efluentes da agricultura e indústria. Um projeto de pesquisa que vem sendo realizado em São Paulo, do qual a professora da Unicamp participa, já analisou mais de 200 amostras de água. "Em mais de 80% delas foi encontrada a presença de contaminantes emergentes", disse ela.
Contaminantes emergentes
O tributilestanho, mais conhecido como TBT, é outro contaminante emergente que vem sendo estudado. "Trata-se um biocida, usado em tintas para cascos de navios, que evitam a incrustação por cracas".
"Estudos feitos pelo pesquisador Marcos Antônio Fernandez, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), detectaram, em moluscos, o aparecimento de características sexuais masculinas, como pênis, em indivíduos do sexo feminino."
Ela citou ainda como contaminante recém-detectado, o triclosan, um bactericida de amplo espectro, usado em medicamentos e produtos de higiene pessoal, como pastas de dente, enxágue bucal, cremes para pele, sabonetes desinfetantes, desodorantes, roupas de cama, roupas esportivas, sapatos e carpetes. Na presença de luz solar, ele se transforma em dioxina, que é altamente tóxica.
Apesar disso, por enquanto não há motivo para pânico. "Embora muitas dessas substâncias estejam no ambiente há muito tempo, não há registros de terem causados problemas em humanos", tranquilizou. "Mesmo assim, é preciso estudá-los para verificar que efeitos podem ter para a saúde e qual a concentração segura para as pessoas."
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Ouriços-do-mar nanotecnológicos captam energia solar
Os espinhos do ouriço-do-mar nanotecnológico são nanofios de óxido de zinco, um material semicondutor e piezoelétrico, usado em células solares e em nanogeradores biomecânicos.[Imagem: Empa]
O "nano-ouriço-do-mar", criado por cientistas suíços, chamou a atenção da comunidade científica graças à facilidade de sua fabricação e à sua versatilidade, com aplicações principalmente no campo das células solares.
As pequenas nanopartículas, que lembram ouriços-do-mar em nanoescala, são na verdade totalmente inertes, feitas com polímeros e óxido de zinco.
Usos dos nanofios
Jamil Elias e Laetitia Philippe, dos laboratórios EMPA, usaram esferas de poliestireno - um polímero muito barato, usado em embalagens - para servirem como suporte para nanofios de óxido de zinco.
O óxido de zinco é um material semicondutor, largamente pesquisado para aplicações de fronteira, como células solares transparentes e nanogeradores biomecânicos, capazes de transformar o movimento do corpo em eletricidade para alimentar equipamentos portáteis, além de lasers de nanofios e LEDs de baixo custo.
Como em quase todas as aplicações com nanofios, a fabricação e a deposição dessas estruturas minúsculas é sempre o maior empecilho à sua viabilização prática.
É por isto que a técnica agora desenvolvida está chamando tanto a atenção: além de produzir estruturas homogêneas e manter os nanofios estendidos, ampliando sua interação com o meio e com a luz, os pesquisadores fizeram isso usando materiais comuns e processos simples.
Ouriços-do-mar nanotecnológicos
O princípio de fabricação dos ouriços-do-mar nanotecnológicos começa com as nanoesferas de poliestireno, que são colocadas sobre uma superfície eletricamente condutora, o que as faz alinharem-se em padrões regulares.
A seguir, uma técnica eletroquímica altera a condutividade e as propriedades das nanoesferas alinhadas, permitindo que o óxido de zinco seja depositado homogeneamente sobre suas superfícies. Depois é só deixar os cristais crescerem, criando os nanofios.
Ao final, o poliestireno é removido quimicamente, deixando prontas as minúsculas esferas ocas cheias de "espinhos", lembrando muito ouriços-do-mar ultra miniaturizados.
A grande área superficial dos nano-ouriços torna-os candidatos naturais para uso em aplicações fotovoltaicas, capturando mais fótons e convertendo a luz do Sol em eletricidade de forma mais eficiente.
Mas os nanogeradores também poderão ganhar. Como são piezoelétricos, os nanofios de óxido de zinco geram energia ao serem dobrados. Incorporados em um tecido, por exemplo, uma quantidade muito maior de nanofios será dobrada com os movimentos da roupa, gerando mais energia.
Bibliografia:
Hollow Urchin-like ZnO thin Films by Electrochemical Deposition
Jamil Elias, Claude Lévy-Clément, Mikhael Bechelany, Johann Michler, Guillaume-Yangshu Wang, Zhao Wang, Laetitia Philippe
Advanced Materials
Vol.: 22, Issue 14, Pages: 1607-1612
DOI: 10.1002/adma.200903098
Fonte: Site Inovação Tecnológica- www.inovacaotecnologica.com.br URL: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=ouricos-mar-nanotecnologicos-captam-energia-solar
O "nano-ouriço-do-mar", criado por cientistas suíços, chamou a atenção da comunidade científica graças à facilidade de sua fabricação e à sua versatilidade, com aplicações principalmente no campo das células solares.
As pequenas nanopartículas, que lembram ouriços-do-mar em nanoescala, são na verdade totalmente inertes, feitas com polímeros e óxido de zinco.
Usos dos nanofios
Jamil Elias e Laetitia Philippe, dos laboratórios EMPA, usaram esferas de poliestireno - um polímero muito barato, usado em embalagens - para servirem como suporte para nanofios de óxido de zinco.
O óxido de zinco é um material semicondutor, largamente pesquisado para aplicações de fronteira, como células solares transparentes e nanogeradores biomecânicos, capazes de transformar o movimento do corpo em eletricidade para alimentar equipamentos portáteis, além de lasers de nanofios e LEDs de baixo custo.
Como em quase todas as aplicações com nanofios, a fabricação e a deposição dessas estruturas minúsculas é sempre o maior empecilho à sua viabilização prática.
É por isto que a técnica agora desenvolvida está chamando tanto a atenção: além de produzir estruturas homogêneas e manter os nanofios estendidos, ampliando sua interação com o meio e com a luz, os pesquisadores fizeram isso usando materiais comuns e processos simples.
Ouriços-do-mar nanotecnológicos
O princípio de fabricação dos ouriços-do-mar nanotecnológicos começa com as nanoesferas de poliestireno, que são colocadas sobre uma superfície eletricamente condutora, o que as faz alinharem-se em padrões regulares.
A seguir, uma técnica eletroquímica altera a condutividade e as propriedades das nanoesferas alinhadas, permitindo que o óxido de zinco seja depositado homogeneamente sobre suas superfícies. Depois é só deixar os cristais crescerem, criando os nanofios.
Ao final, o poliestireno é removido quimicamente, deixando prontas as minúsculas esferas ocas cheias de "espinhos", lembrando muito ouriços-do-mar ultra miniaturizados.
A grande área superficial dos nano-ouriços torna-os candidatos naturais para uso em aplicações fotovoltaicas, capturando mais fótons e convertendo a luz do Sol em eletricidade de forma mais eficiente.
Mas os nanogeradores também poderão ganhar. Como são piezoelétricos, os nanofios de óxido de zinco geram energia ao serem dobrados. Incorporados em um tecido, por exemplo, uma quantidade muito maior de nanofios será dobrada com os movimentos da roupa, gerando mais energia.
Bibliografia:
Hollow Urchin-like ZnO thin Films by Electrochemical Deposition
Jamil Elias, Claude Lévy-Clément, Mikhael Bechelany, Johann Michler, Guillaume-Yangshu Wang, Zhao Wang, Laetitia Philippe
Advanced Materials
Vol.: 22, Issue 14, Pages: 1607-1612
DOI: 10.1002/adma.200903098
Fonte: Site Inovação Tecnológica- www.inovacaotecnologica.com.br URL: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=ouricos-mar-nanotecnologicos-captam-energia-solar
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