terça-feira, 9 de abril de 2013

Estudo mostra importância de manguezais para pesca


Foto 1 . Dentão ou vermelho pode atingir 80cm em profundidades mais baixas, mas sua maturidade sexual é atingida aos 35cm. Foto: Daniel Filgueiras         
Foto 2. Coral Mussismilia braziliensis faz uma sombra para um dentão (Lutjanus jocu) em Abrolhos. Foto: Amanda Ercília
 
A relação entre a vida marinha, os recifes e os manguezais é bastante comentada, mas nem sempre comprovada. Estudo inédito tratou com rigor científico a dependência que o dentão ou vermelho (Lutjanus jocu) possui dos ambientes estuarinos e dos recifes – duas regiões fundamentais para diferentes fases da vida desse peixe de alto valor comercial, cuja captura anual chega a 3 mil toneladas, em especial no litoral baiano. Bahia é o terceiro estado em produção pesqueira no país (atrás de Santa Catarina, número um, e do Pará).
A pesquisa é inédita e foi realizada na região do Parque Nacional Marinho de Abrolhos (os recifes) e no complexo de manguezais existente entre o município de Caravelas e o de Nova Viçosa, no litoral sul da Bahia. Os dados comprovam a conexão entre esses dois ambientes intermediado pelos recifes mais próximos do continente em diferentes momentos da vida dessa espécie. O dentão ou vermelho fazem parte da família dos Lutjanidae, integrada também ariocós, caranhas, pargo, guaiuba, ciobas. Peixes de escamas, carne branca, poucas espinhas e sabor suave – daí o alto valor comercial.
Os dados da pesquisa serão fundamentais para o manejo dessa espécie que sofre com a sobrepesca e o declínio dos estoques. O trabalho identificou os momentos e os locais onde ocorrem cada fase do desenvolvimento. As agregações reprodutivas são feitas no limite da plataforma continental, as larvas nadam na lâmina d’água até os ambientes estuarinos e ficam lá até crescer.
Quando maiores têm necessidade de outros alimentos e se dirigem ao mar. Está maduro sexualmente quando ultrapassa os 35cm. Nesse momento, se dirige para as agregações na quebra da plataforma, explica o professor Ronaldo Bastos Francini-Filho (
Universidade Federal da Paraíba).
Ele é um dos autores do trabalho encabeçado por Rodrigo Leão de Moura (
Universidade Estadual de Santa Cruz) e que também contou com Carolina Viviana Minte-Vera (Universidade Estadual de Maringá), Eduardo Chaves (Universidade Estadual de Santa Cruz) e Kenyon Lindeman (Florida Institute of Technology).
Além da contribuição para biólogos e engenheiros de pesca na academia, a pesquisa serve de subsídio científico contra as ameaças que costumam rondar o litoral sul da Bahia, mais especificamente entre Caravelas e Abrolhos. Até a criação da
Reserva Extrativista de Cassurubá, um projeto com pretensões de ser a maior criação de camarão do mundo estudava se instalar na região. A nova ameaça é o risco da Agência Nacional de Petróleo (ANP) inclua as imediações de Abrolhos nos leilões de blocos para prospecção da matriz energética.

Recifes profundos, peixes maiores
A pesquisa revelou os diferentes estágios do dentão: menor nos estuários, intermediário nos recifes costeiros e maior em Abrolhos. Nos recifes mais profundos são encontrados os maiores dentões entre 70 e 80cm. “Esses indivíduos são os maiores responsáveis pela recolonização da espécie, pois quanto maior o peixe, sua capacidade reprodutiva é exponencialmente maior”, detalha Ronaldo Francini-Filho.
De acordo com o diretor do programa marinho da Conservação Internacional Brasil (CI-Brasil), Guilherme F. Dutra, poucos trabalhos foram exitosos em demonstrar a conectividade entre ambientes costeiros e marinhos. “Esse é o primeiro estudo que consegue provar a relação entre manguezais e recifes para essa espécie”, afirma.
O apoio financeiro para as pesquisas foi feito pela CI-Brasil e
National Geographic Society, a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia, além do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq). O trabalho já foi publicado na edição de setembro da publicação Estuarine, Coastal and Shelf Scienc.
Fonte: O Eco,  Au.: Celso Calheiros, em 09 de Novembro de 2011


 

 

 



Escola Internacional de Biologia Marinha Daniel Jouvance realiza curso no IEAPM


A Fundação Daniel Jouvance do Institut de France, em parceria com a Universidade Pierre et Marie Curie – UPMC, realizou entre os dias 11 e 24 de março, em Arraial do Cabo/RJ, a 2ª Escola Internacional de Biologia Marinha e Ecologia Daniel Jouvance. O encontro contou com a parceria do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), através do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Pro-Oceano/RJ (INCT-Pro-Oceano), coordenado pelo IEAPM.
A Escola Internacional de Biologia Marinha e Ecologia Daniel Jouvance – UPMC tem como objetivo favorecer o intercâmbio científico a respeito dos recentes avanços na pesquisa em biologia marinha, ecologia e biotecnologia. A Escola aborda os novos conceitos e técnicas para o estudo de organismos e ecossistemas marinhos e ajuda na difusão de conhecimentos para a preservação desse ambiente.
Os cursos são organizados em diversas regiões do mundo em que a economia é fortemente dependente de recursos marinhos (pesca, aquacultura e turismo), tais como Ásia, América Latina e África. A segunda edição do curso aconteceu no Brasil, na sede do IEAPM – a primeira foi no Chile, em 2010. Este ano, as aulas reuniram 30 estudantes, que trabalharam focados nos conceitos e nos processos importantes para os oceanos e os ecossistemas costeiros.
O curso é destinado a estudantes brasileiros, franceses e latino-americanos de pós-graduação (Mestrado e Doutorado) e de pós-doutorado em biologia e ecologia marinhas. As aulas foram ministradas por 20 professores-pesquisadores franceses e brasileiros, e incluiu aulas práticas que permitiram aos alunos realizar experimentos com base nas amostras recolhidas em Arraial do Cabo (RJ), assim como análise em laboratórios do IEAPM e a utilização de tutoriais de bioinformática.
Leia+
http://www.ieapm.mar.mil.br/curso/index.htm