quarta-feira, 4 de abril de 2012

FAPESP lança e-book sobre organismos bentônicos

O programa BIOTA-FAPESP lançou o e-book (livro eletrônico) Biodiversidade e ecossistemas bentônicos marinhos do Litoral Norte de São Paulo, Sudeste do Brasil. Em 550 páginas ilustradas, a publicação apresenta um inventário integrado da fauna associada aos substratos marinhos – os organismos bentônicos – no Litoral Norte paulista. Essa biota, altamente diversa e complexa, inclui organismos importantes nos ciclos biogeoquímicos dos mares e oceanos.
O conteúdo é resultado do Projeto Temático “Biodiversidade bêntica marinha no Estado de São Paulo”, financiado pela FAPESP entre 2000 e 2005 e coordenado por Antonia Cecília Zacagnini Amaral, do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Organizado por Amaral e por Silvana Henriques Nallin, do Laboratório de Biologia Marinha do Instituto de Biologia da Unicamp, a produção do e-book envolveu mais de uma centena de pesquisadores das áreas de zoologia, taxonomia e ecologia.
Segundo Amaral, os bentos têm um papel fundamental no fluxo de energia, em diferentes níveis tróficos, das cadeias e teias alimentares marinhas e estuarinas. O livro consolida os dados obtidos no âmbito do Programa BIOTA-FAPESP por um levantamento amplo, consistente e integrado dessa biota no Litoral Norte paulista.
“O objetivo principal do trabalho consistiu em disponibilizar os dados obtidos no projeto de uma forma mais sintética e básica, para que eles ficassem acessíveis a alunos de graduação, especialistas de todos os níveis e principalmente para os órgãos governamentais, que podem utilizar essas informações para o desenvolvimento de políticas públicas de conservação”, disse Amaral à Agência FAPESP.
O formato de e-book foi escolhido para que fosse possível ampliar ao máximo o acesso do público. “Os resultados mais específicos do projeto de pesquisa – que trataram de temas como dinâmica populacional, reprodução de organismos e descrição de novas espécies – foram publicados em revistas internacionais. O e-book, por outro lado, apresenta informações de fácil compreensão”, afirmou Amaral.
“Fizemos coletas, no Litoral Norte de São Paulo, na gama mais variada de substratos marinhos que conseguimos, no maior número possível de praias, em áreas arenosas, em costões, no substrato submerso e na fauna associada a algas. Depois de reunir todo o material, convidamos taxonomistas especializados em diversos grupos para analisá-los”, disse.
Ecossistemas – Além de uma introdução sobre o contexto do Litoral Norte de São Paulo e uma descrição das metodologias utilizadas na obra, o livro é dividido em duas partes principais: “Biodiversidade” e “Ecossistemas”.
“Na parte sobre a biodiversidade, 63 taxonomistas tratam do conhecimento adquirido sobre a diversidade das espécies. Para determinados grupos biológicos, não havia especialistas em São Paulo, por isso convidamos pesquisadores de outros estados e países que eram ligados ao BIOTA-FAPESP. Esses especialistas, além de participar do projeto, capacitaram alunos brasileiros para trabalhar com esses grupos”, explicou Amaral.
A parte sobre biodiversidade descreve o estado atual do conhecimento sobre a taxonomia de cada um dos grupos mais comuns de organismos bentônicos nos diferentes ecossistemas da região.
“O que dá mais consistência a essa descrição do estado do conhecimento sobre a macrofauna bentônica é que sua produção contou com a participação de especialistas em cada um dos grupos. O trabalho não foi feito de forma generalizada”, afirmou Amaral.
A parte sobre ecossistemas reúne um conjunto de artigos de cunho ecológico, elaborado a partir do trabalho de base feito sobre a taxonomia. “A seção ecológica do livro tem foco nos ambientes e relaciona todos os grupos de espécies que constam na parte sobre a biodiversidade, em relação aos diferentes ecossistemas”, disse Amaral.
Com esses dados, é possível associar a ocorrência de determinadas espécies a ambientes específicos, com diferentes morfodinâmicas.
“Se temos um ambiente específico, como uma praia de areia fina e compacta, na qual as ondas se dissipam, podemos determinar quais são as espécies que provavelmente se adaptam a essas condições e que têm maior probabilidade de ali ocorrer”, disse Amaral.
(Fonte: Fábio de Castro/ Agência Fapesp)

Corais brasileiros são ameaçados por espécie do Oceano Pacífico


No laboratório do Instituto de biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), os pesquisadores confirmaram o que mais temiam: o coral sol – um coral invasor  chegou à Baía de Todos os Santos. Biólogos e oceanólogos estão avaliando o tamanho do problema.
A espécie invasora conhecida como coral sol se espalha, sufoca e mata rapidamente. Em uma área próxima a Ilha de Itaparica ele ocupou todos os espaços de um recife. As colônias nativas que ainda não foram atingidas estão ameaçadas. O invasor é uma espécie asiática, veio das águas do Índico e do Pacífico. Entrou no Brasil pelo Rio de Janeiro, mas já chegou a Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo e por último a Baía de Todos os Santos.
A grande ameaça agora, segundo os pesquisadores é a migração do coral sol para o extremo sul da Bahia. Se isso acontecer ele irá alterar uma das regiões mais ricas do oceano atlântico, que fica na região dos Abrolhos, onde fica localizada no 1º Parque Marinho do Brasil concentra corais raros e o maior banco de recife do sul do atlântico. Oito espécies são exclusivas da área.
O biólogo José Amorim confirma que a corrente marítima pode levar a espécie invasora para a região de Abrolhos. “Sem dúvida é uma via de acesso”, diz.
Onde o coral sol se instala a vida marinha praticamente desaparece. Ele cresce três vezes mais rápido do que os nativos e nem precisa de parceiro para procriar, conseguindo se reproduzir até quando é arrancado do mar.
“Essa é uma estratégia reprodutiva que ele tem de se reproduzir no ambiente”, explicou o biólogo Ricardo Miranda.
Arrancar as colônias invasoras até o momento é a única alternativa. Para os técnicos da Pro – mar, instituição que se dedica a cuidar da Baía de Todos os Santos, os pescadores podem ajudar nessa missão.
“Os pescadores precisam ser treinados, qualificados. Ter acesso à tecnologia que permite ele fazer a retirada do organismo invasor sem criar maiores problemas ao meio ambiente”, explicou o diretor da Pro-mar, Zé Pescador.
Até a produção pesqueira pode ser afetada pelo invasor. Sessenta e cinco por cento das espécies de peixes da costa brasileira se alimentam nos recifes construídos pelos corais nativos.