quarta-feira, 7 de outubro de 2009

'Sexo' surgiu com peixe pré-histórico


O estudo do fóssil de um peixe que viveu há cerca de 365 milhões de anos sugeriu que a fertilização de óvulos dentro do corpo da fêmea evoluiu mais cedo do que se acreditava anteriormente.

O peixe, conhecido como placodermo, pode ter sido o primeiro vertebrado a se reproduzir através da fertilização de óvulos dentro da fêmea.
Pesquisadores do Museu de História Natural de Londres (NHM, na sigla em inglês) disseram que foi encontrado um embrião de cerca de cinco centímetros de comprimento no fóssil de placodermo.
"Este (peixe) fornece uma das evidências mais antigas de reprodução interna", disse Zerina Johanson, curadora de fósseis de peixes do museu. "Nós esperávamos que estes primeiros peixes tivessem um tipo mais primitivo de reprodução, onde espermatozoide e óvulo se combinam na água e os embriões se desenvolvem fora do peixe."
"Copulação parece ter sido a principal forma como animais pré-históricos primitivos se reproduziam, demonstrando que o 'sexo' começou muito mais cedo do que nós pensávamos", afirmou Johanson.
O fóssil foi encontrado originalmente no oeste da Austrália e estava no acervo do museu desde a década de 80. Inicialmente os pesquisadores acreditavam que o fragmento no interior do fóssil fosse apenas um vestígio de um peixe que ele havia comido pouco antes de morrer.
Tubarão
O fóssil mostra uma modificação na nadadeira pélvica na barriga do peixe. Os autores do estudo, publicado na revista Nature, acreditam que esta estrutura, chamada clásper, teria sido usada pelo macho para se prender à fêmea durante a copulação - um órgão semelhante ao dos tubarões modernos.
"O clásper é um órgão ereto de maneira intermitente que é inserido dentro da fêmea para transferir o sêmen", disse o co-autor do estudo, o paleontólogo John Long do Museu Victoria, na Austrália.
Em um tipo de placodermo esse órgão é diferente. "Este novo grupo (...) tem clásperes mais flexíveis. No artigo na Nature, nós sugerimos que este é o começo da fertilização erétil masculina, porque parte daquele órgão foi tomado por cartilagem mole", explicou Long.
O processo de fertilização interna e nascimento diferencia alguns peixes e mamíferos de outros animais tais como répteis e anfíbios.
Johanson acredita que este era o principal método reprodutivo dos primeiros peixe, como os placodermos e pode ter evoluído também em outros grupos de peixes.

Fonte: BBC

Acidificação dos mares pode causar extinção em massa

Cientistas britânicos advertiram em um Congresso sobre Mundanças Climáticas em Copenhage, na Dinamarca, que as emissões de dióxido de carbono produzidas pela queima de combustíveis fósseis estão tornando os oceanos mais ácidos, o que pode provocar uma extinção em massa de espécies marinhas.
Carol Turley do Laboratório Marinho de Plymouth, no sul da Inglaterra, disse que é impossível saber como a vida marinha vai reagir, mas ela teme que várias espécies não sobrevivam.

Desde a Revolução Industrial, no século 18, as emissões de CO2 já elevaram a acidez dos mares em mais de 30%, de acordo com pesquisadores.


"Eu estou muito preocupada com os ecossistemas dos oceanos, que atualmente são produtivos e diversificados", disse Turley à BBC. "Eu acredito que nós podemos estar caminhando para uma extinção em massa, pois esse ritmo de mudanças nos oceanos não é visto desde o tempo dos dinossauros", afirmou.
"Isto pode ter um grande impacto na segurança alimentar. É realmente imperativo reduzirmos as emissões de CO2."


Conchas

O problema mais acentuado é para criaturas que precisam de um ambiente alcalino para produzir conchas e carapaças formadas por cálcio. Testes de laboratório sugerem que as estrelas do mar podem desaparecer até o final do século se atual tendência de emissões continuar.
Os cientistas receiam que os mariscos também não consigam suportar o aumento da acidez.
Turley disse: "As coisas vão mudar. Nós não sabemos ainda exatamente como."

Andy Watson, biólogo marinho da Universidade de East Anglia, acredita que mudanças climáticas e pesca excessiva podem trazer sérios danos aos oceanos ainda antes dos efeitos da acidificação. Ele condena o aumento da emissão de CO2 resultante de atividades humanas, mas destaca que a acidez oceânica também pode flutuar naturalmente.
Ele imagina que algumas criaturas podem se adaptar às mudanças ao longo do tempo.
"Em várias experiências que estão sendo feitas no momento, são provocadas mudanças repentinas. O CO2 ou a acidez são aumentados rapidamente, por exemplo."
"Claro que isso não é realmente o que vai acontecer no mundo real. Ao invés disso, haverá uma elevação gradual do CO2 e da acidez. E nós não sabemos se os organismos poderão se adaptar ou o quão rápido poderão fazer isso", disse Tony Knapp, diretor do instituto BIOS, nas Bermudas, onde são feitas algumas das medições da acidez dos oceanos.
Knapp defende sua conclusão de que o aumento recente da acidez foi causado por emissões de CO2 resultantes da queima de combustíveis fósseis. "Levou muito tempo para que eu me convencesse. Sou um cético por natureza. Mas se olharmos para os dados recolhidos (...) na verdade não se pode chegar a outra conclusão", afirmou.
Sem adaptação

Como exemplo para suas previsões sobre os efeitos da acidificação nos oceanos, os cientistas citam a ilha de Ischia, na Baía de Nápoles, Itália. Ali, os cientistas encontraram indícios de que várias criaturas não vão conseguir se adaptar à crescente acidificação.
A água do mar em volta de parte da ilha é mais ácida há milhares de anos por causa de emissões de CO2 por aberturas vulcânicas que borbulham no leito marinho.
Se a pesquisa em Ischia apresentar uma imagem precisa do futuro dos oceanos, as perspectivas para os organismos que formam conchas são sombrias.
"Nós estamos muito preocupados", disse Jason Hall-Spencer, da Universidade de Plymouth, que estuda o local. "As mudanças aqui claramente tornaram a vida impossível para criaturas que formam conchas."
"Quando você começa a mexer num ecossistema complexo, é impossível prever o que vai acontecer."
O ambiente na ilha italiana serve para dar uma idéia de quais as espécies que sairão ganhando e perdendo por causa dos altos níveis de acidez. Algumas algas marinhas podem se desenvolver mais em um ambiente altamente fertilizado com CO2.