quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Prêmio de Fotografia Ambiental


Imagem de milhares de arraias vence prêmio de fotografia ambiental
Fotógrafo alemão registra grande conglomerado de arraias na costa do México.
Uma impressionante foto de um conglomerado sem precedentes de arraias no litoral do México deu ao fotógrafo alemão Florian Schulz o título de fotógrafo ambiental do ano concedido pela Chartered Institution of Water and Environmental Management (CIWEM). A competição fotográfica, que está em seu quarto ano, recebeu mais de 4.500 imagens de fotógrafos de 97 países.
Foto que deu o título de fotógrafo ambiental do ano a Florian Schulz (epoty.org)
O fotógrafo alemão Florian Schulz explica como conseguiu tirar a foto vencedora:

"Durante uma expedição aérea pela costa mexicana, eu me deparei com algo que nunca tinha visto antes. Nem mesmo o piloto do avião, que está acostumado a pilotar pela área pelos últimos 20 anos, havia visto algo parecido. Quando sobrevoávamos a área procurando por baleias, uma grande mancha negra no mar chamou nossa atenção.

Quando chegamos perto, descobrimos o que era: um grande conglomerado de arraias. O grupo era muito coeso e navegava na mesma direção. Eu pesquisei o que significava o fenômeno, mas ninguém foi capaz de explicar.

Após essa observação única, percebi que há muitas maravilhas dos oceanos que ainda precisamos entender. O nosso conhecimento dos mares é tão limitado que eu só espero que a gente consiga estudá-lo a tempo, antes que a poluição e a pesca excessiva coloquem um fim aos fenômenos".
Veja as fotos vencedoras em outras categorias no site do Daily Telegraph

domingo, 26 de setembro de 2010

Sustentabilidade no mar


A halicondrina B é um composto anticâncer de origem marinha. Para se obter 350 miligramas da substância no ambiente natural é preciso coletar 1 tonelada de esponjas da espécie Lissodendoryx, na qual a halicondrina é encontrada.

Por conta disso, um trabalhado de bioprospecção mal planejado pode simplesmente provocar a extinção da espécie, o que já aconteceu localmente com esponjas em algumas regiões da costa européia.

O exemplo foi usado pelo professor Renato Crespo Pereira, da Universidade Federal Fluminense (UFF), para ilustrar a importância de se planejar a exploração sustentável da biodiversidade marinha.
Pereira proferiu a palestra “Compostos bioativos de organismos marinhos: como prospectar e preservar esse potencial” no Workshop sobre Biodiversidade Marinha: Avanços recentes em bioprospecção, biogeografia e filogeografia, realizado na sede da Fapesp.

A despeito de todas as dificuldades, o pesquisador afirma que o Brasil não pode deixar de explorar seus biomas marinhos. “O país já se encontra bem atrás de outros na exploração da biodiversidade dos oceanos. Países da Oceania, da Ásia, da Europa e da América do Norte apresentam atividade de pesquisa muito mais intensa em seus sistemas costeiros”, disse.
Segundo ele, as condições adversas presentes nos oceanos, como as variações de temperatura, que vão de registros negativos até 350º C, e de pressões, que variam de uma a mil atmosferas, fazem dos mares o ambiente propício para o desenvolvimento de metabólitos secundários extremamente complexos e sem paralelo nos ambientes terrestres.
Substâncias que combatem fungos, bactérias e inflamações são alguns exemplos de produtos marinhos, que justificam a intensificação das pesquisas marinhas no país, que ainda são incipientes. “Justamente por estar começando nesse trabalho de prospecção marinha é que o Brasil deve começar a pensar nos rumos que quer tomar”, afirmou.
Para o professor da UFF, há uma série de questões que devem ser levadas em conta para balizar a maneira de se explorar os recursos oceânicos, especialmente o fato de a natureza conseguir suprir a demanda da ciência e, posteriormente, de mercado por aquela substância.
Pereira ilustrou com o caso da descoberta de uma alga encontrada somente em uma ilha brasileira. “Devemos nos perguntar: vale à pena fazer toda uma pesquisa a respeito dela para depois ver que não há algas suficientes para suprir a indústria?”, colocou.
Antes mesmo de se iniciar uma pesquisa de compostos bioativos marinhos seria preciso verificar se a natureza tem condições de fornecer a matéria-prima em quantidade necessária. “Muitas vezes não encontramos o suficiente nem mesmo para os testes de bioatividade, o que dizer então da utilização comercial em maior escala”, alertou.
Reprodução em laboratório – Pereira afirma ser necessário olhar o processo como um todo a fim de não realizar pesquisas em vão ou que acabem provocando impactos perigosos como a extinção de espécies.
“Se conhecemos o gargalo, às vezes é melhor começar a pesquisa por ele, ou seja, primeiro desenvolver métodos de reprodução daquele organismo marinho para depois testar os seus compostos”, disse.
Alternativas interessantes, segundo o professor da UFF, seriam investimentos em pesquisas em genômica e proteômica que desenvolvam o cultivo de organismos marinhos. Esses trabalhos ajudariam a reproduzir em laboratório moléculas e organismos de interesse científico e comercial.
“A bioprospecção brasileira deve considerar vários objetivos: conservar a biodiversidade, promover o manejo sustentável dos organismos para a fabricação de produtos naturais e, é claro, encarar a biodiversidade como um valioso recurso econômico para o país”, disse.
Fonte: Fabio Reynol/ Agência Fapesp

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mistérios no Mar

O conhecimento atual sobre a genética das populações marinhas ainda é repleto de lacunas e, nos últimos 20 anos, muitos estudos sobre a dispersão desses organismos no tempo e no espaço levaram a resultados cientificamente inexplicáveis. Mas esses mistérios podem estar com os dias contados, de acordo com Joseph Neigel, do Departamento de Biologia da Universidade da Louisiana em Lafayette, nos Estados Unidos.

Segundo o cientista, pesquisas que tiveram resultados intrigantes no passado poderão ter seus dados reinterpretados, graças ao desenvolvimento de novos métodos e tecnologias que permitam identificar geneticamente as larvas e investigar sua distribuição temporal e espacial em comunidades planctônicas.
Neigel participou do Workshop sobre biodiversidade marinha: avanços recentes em bioprospecção, biogeografia e filogeografia, realizado pelo programa Biota-FAPESP.
Seu grupo de pesquisa desenvolveu métodos inicialmente usados para identificar larvas de espécies invasivas, mas a utilização dessas técnicas foi reorientada de acordo com as lacunas científicas existentes.
“Logo percebemos que esse método de identificação das larvas poderia ser utilizado para determinar seu genótipo. Mais tarde, essas técnicas foram associadas a métodos estatísticos capazes de estimar o fluxo genético das espécies a partir do uso de sequências de DNA como marcadores moleculares. Com isso, podemos detectar a presença de um único organismo em uma grande amostra de plâncton”, disse Neigel à Agência FAPESP.
A combinação desses novos métodos com outras ferramentas – incluindo tecnologias desenvolvidas para campos como a pesquisa em biomedicina –, estão propiciando, segundo ele, uma rápida transformação no conhecimento sobre genética de populações marinhas.
“Houve avanços tecnológicos muito rápidos. Atualmente, por exemplo, usamos robôs para fazer boa parte do nosso trabalho de extração do DNA dos organismos. Isso tudo permite ter dados muito mais amplos e reinterpretar resultados de pesquisas antigas”, afirmou.

Neigel apresentou exemplos de mistérios científicos que poderão ser resolvidos com as novas ferramentas. Um deles se refere a um estudo realizado por seu grupo, no Golfo do México, com duas espécies de caranguejo – a Menippe andina e a Menippe mercenaria, ambas comuns em costões da região.
“Os estudos sobre essas espécies, que apresentam pequenas diferenças morfológicas, começaram em 1986. Os dois caranguejos foram analisados a partir de alozimas – formas alternativas de enzimas, codificadas por diferentes alelos de um mesmo lócus genético”, explicou.
As análises mostraram que as espécies eram muito diferentes geneticamente. Quanto à distribuição na costa norte-americana, a M. andina predomina no litoral do Texas e a M. mercenaria se espalha por toda a costa Atlântica da Flórida. Enquanto isso, no litoral da Flórida voltado para o Golfo do México, há uma faixa de transição com as duas espécies.
“Era difícil explicar essa mistura das duas espécies. Analisando a história geológica do continente, chegou-se a uma explicação provisória: entre os períodos Plioceno e Mioceno, quando os níveis dos mares eram mais altos, a península da Flórida estava submersa e havia uma corrente que ia do golfo para o oceano. A espécie M. andina invadia então a região da M. mercenaria. Quando o nível das águas baixou, esses ‘invasores’ ficaram isolados e, milhões de anos depois, havia uma região de espécie híbrida”, disse Neigel.
De acordo com essa explicação, as diferenças genéticas mais marcantes entre as espécies deviam remontar ao período anterior à alta da maré. Com a submersão da Flórida, houve uma mistura, que explicaria as sequências genéticas mais semelhantes.
Depois do recuo da maré, o fluxo gênico entre as duas espécies deveria ter cessado. Mas, segundo Neigel, essa explicação não se sustentou quando confrontada a dados mais recentes.
“Em 1998, uma pesquisadora do nosso grupo participou de estudo que testou essas previsões com um relógio molecular. Essa técnica é usada para relacionar o tempo de divergência entre duas espécies com o número de diferenças moleculares medidas entre as sequências de DNA ou proteínas: quanto maior a proximidade genética, menor o tempo de separação entre duas espécies. Os dados conseguidos nesses testes eram bem diferentes dos previstos caso a hipótese da barreira geográfica estivesse correta”, disse.
Novas perspectivas
Nas previsões, a sequência genética mais distinta deveria refletir 6 milhões de anos de evolução. O estudo com o relógio molecular mostrou uma divergência menor que a esperada, refletindo um período de 1,5 milhões a 2,7 milhões de anos. A sequência com maior similaridade deveria refletir 2,6 milhões de anos de evolução, segundo a previsão. Mas o estudo de 1998 mostrou que as espécies compartilhavam sequências idênticas há menos de 900 mil anos.
“O mistério permanece. Há milhares de estudos na área de genética de populações marinhas com esse tipo de lacuna científica. Mas, a partir de agora, as novas metodologias e tecnologias poderão levar a novos avanços, permitindo que olhemos esses dados sob novas perspectivas”, apontou.
Ao superar certas limitações tecnológicas, os cientistas começam também a mudar interpretações e tendências teóricas. Segundo Neigel, os pressupostos relacionados à seleção natural eram em boa parte responsáveis pelos dilemas científicos apresentados por certos estudos. Às novas metodologias, será importante associar novas interpretações.
“Percebemos que havia padrões de dispersão e distribuição das espécies demasiadamente complexos para serem explicados apenas por um mecanismo. Há algumas décadas, tudo era atribuído a mecanismos de seleção. Mais tarde, passou-se a acreditar que esse era o mecanismo menos importante.

Estamos chegando à conclusão de que há um equilíbrio entre seleção natural, a deriva genética e os fluxos genéticos”, destacou.
Fábio de Castro, Agência Fapesp

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

BRANQUEAMENTO DE CORAIS




Uma associação extremamente importante para os recifes-de-coral é a simbiose que ocorre entre as espécies de corais e microalgas conhecidas como zooxantelas. Essas algas vivem no interior dos tecidos dos corais construtores dos recifes, realizando fotossíntese e liberando para os corais compostos orgânicos nutritivos. Por sua vez, as zooxantelas sobrevivem e crescem utilizando os produtos gerados pelo metabolismo do coral, como gás carbônico, compostos nitrogenados e fósforo. As necessidades nutricionais dos corais são em grande parte supridas pelas zooxantelas. Elas estão também envolvidas na secreção de cálcio e formação do esqueleto do coral. Apesar de espécies de corais serem encontradas praticamente em todos os oceanos e latitudes, as espécies construtoras de recifes (corais hermatípicos) estão restritas às regiões tropicais e subtropicais.

Os recifes necessitam, geralmente, de águas quentes (25 – 30C) e claras, longe da influência de água doce. A poluição (esgoto doméstico, vazamento de petróleo etc.) e sedimentação (sedimentos terrígenos levados para o mar devido ao desmatamento e movimentações de terra) põem em risco muitos recifes de corais, incluindo os inúmeros outros organismos que deles dependem (inclusive comunidades humanas que vivem da pesca e coleta de animais marinhos recifais).
Um fenômeno aparentemente recente – não ainda totalmente compreendido pelos pesquisadores – que tem ocorrido em todas as regiões recifais do globo de forma maciça é o branqueamento (do inglês ‘bleaching’). Trata-se basicamente da ‘perda’ dos organismos fotossimbiontes (zooxantelas) presentes nos tecidos do coral (zooxantelas ocorrem também em outros cnidários, como anêmonas-do-mar, zooantídeos, medusas , e em outros invertebrados, como ascídias, esponjas, moluscos etc., que também podem branquear). Como a cor da maioria dos hospedeiros advém, em grande parte, da ‘alga’ simbionte, seus tecidos tornam-se pálidos ou brancos. Nos corais, os tecidos ficam praticamente transparentes, revelando o esqueleto branco subjacente.
Geralmente, os tecidos de colônias branqueadas estão vivos e intactos. Entretanto, a ausência das ‘algas’ simbiontes implica em

1. ‘jejum’ compulsório ao hospedeiro, uma vez que as algas simbiontes suprem a maior parte das necessidades nutricionais do hospedeiro (até mais de 60% do carbono fixado na fotossíntese pode ser translocado da alga para o hospedeiro na forma de glicerol), e

2. diminuição das taxas de calcificação. Portanto, as partes moles e o esqueleto de um coral branqueado não crescem, e a colônia fica mais vulnerável a outros possíveis estresses, como poluição, sedimentação excessiva, colonização por macroalgas do esqueleto eventualmente exposto etc. Apesar de tudo, as colônias branqueadas podem recuperar completamente, em poucos dias ou até mais de um ano, a coloração, dependendo da espécie e do grau de branqueamento.Do mesmo modo,dependendo da espécie ,intensidade e duração do estresse, a morte de parte, ou de toda, colônia pode ocorrer logo em seguida ao inicio do branqueamento, ou mesmo algum tempo depois (semanas ou meses). Nestes casos, o esqueleto será rapidamente recoberto por algas e animais sésseis, perdendo a cor branca

Há uma diversidade relativamente grande de organismos endossimbiontes fotossintetisantes (Dinoflagellata, Chlorophyta, cianobactérias, Bacillariophyaceae, Crysophyta) encontrados em associação com invertebrados marinhos (esponjas, medusas, anêmonas, corais, hidrozoários, moluscos, turbelários, ascídias etc.). As ‘algas’, cuja densidade em corais chega a 106/cm2, provêem carbono para o metabolismo, o crescimento e a reprodução, reciclando eficientemente, também, os excretas (nitrogênio, fósforo) do hospedeiro.

Antes de 1980, todos os casos de branqueamento conhecidos eram de extensão geograficamente limitada e causados por estresses claramente locais, geralmente em áreas de circulação restrita ou em recifes atingidos por furacões. Eventos de larga escala, são conhecidos apenas após o início da década de 1980, e desde então têm se tornado mais freqüentes e intensos. Provavelmente o primeiro evento de ocorrência praticamente cosmopolita ocorreu em 1980, afetando todo o Caribe e regiões vizinhas, e grandes áreas do Pacífico.

O branqueamento agudo é uma resposta a um estresse resultante de várias condições ambientais fora do limite normal de um determinado local. Os estímulos indutivos podem ser:
1. temperatura anormalmente alta ou baixa: quando se considera variações bruscas de temperatura, os corais são mais vulneráveis ao aquecimento do que ao resfriamento da água. Muitas espécies vivem aparentemente próximas ao limite superior letal de temperatura. O aumento de temperatura resulta num aumento da atividade fotossintetizante dos simbiontes e, conseqüentemente, numa alta concentração de oxigênio nos tecidos do hospedeiro. Isto causa um aumento nas taxas metabólicas do coral (organismos metabólico-conformadores) e aumento nas formas tóxicas do oxigênio (peróxidos), que podem danificar as células do hospedeiro e interferir nas vias bioquímicas. O branqueamento geralmente ocorre após um período cuja temperatura superficial da água do mar se eleva alguns graus acima da média histórica para aquele determinado período e local. Exposição a temperaturas 4 a 5 ºC acima da média, por 1 a 2 dias, pode ser suficiente para causar branqueamento e alta mortalidade, enquanto que a elevação de 2 a 3 ºC, e o mesmo tempo de exposição, leva a um branqueamento gradual e menor mortalidade.
O branqueamento têm ocorrido em áreas aquecidas pelo fenômeno ‘El Niño’, mas também em locais e/ou anos não afetados por ele.
2. turbidez (níveis baixos de radiação solar): porque as ‘algas’ simbiontes necessitam de luz para a fotossíntese, as comunidades recifais estão limitadas à águas rasas. As taxas máximas de acresção e produtividade ocorrem entre 5 e 15 metros. Esse intervalo pode ser reduzido em locais onde a claridade da água é afetada por sedimentos em suspensão ou pelo aumento de produtividade. Associado à turbidez, altos níveis de sedimentação podem ‘sufocar’ as colônias, diminuindo seu crescimento e inibindo o recrutamento de larvas.
3. altos níveis de radiação UV: a radiação ultravioleta é capaz de danificar o material genético de todos os organismos; em condições experimentais causa branqueamento em corais. Apesar disto e de poder penetrar consideravelmente na coluna d’água (até cerca de 20 m em águas claras), alguns autores acham improvável que o UV seja uma causa importante de branqueamento em condições naturais, porque os corais contêm altos teores de pigmentos protetores, que se mantêm mesmo após o branqueamento. Além disso, corais branqueados são geralmente vistos bem abaixo do limite de penetração da luz UV. Entretanto, uma vez que as condições de insolação que elevam a temperatura dos oceanos incluem também o comprimento de onda ultravioleta, é difícil separar os efeitos destes dois fatores. Não se sabe, também, como a incidência da radiação ultravioleta vai aumentar, e se os mecanismos naturais serão suficientes para a proteção adequada dos organismos potencialmente afetados.
4. poluição: os recifes de corais se desenvolvem em regiões de águas oligotróficas [a ocorrência de recifes diminui ao longo de um gradiente oligotrófico(oceânico)/eutrófico (estuários/ressurgência/poluição)]. Eles necessitam de poucos nutrientes externos, porque possuem mecanismos internos eficientes de reciclagem de nutrientes entre si e as zooxantelas. Recifes sujeitos a altos níveis de nutrientes se deterioram devido ao aumento da turbidez decorrente da maior densidade de planctontes, e crescimento excessivo de algas filamentosas bentônicas (que nessas condições são competivamente superiores aos corais), briozoários e cracas, que acaba por afetar o recrutamento dos corais e aumentar a bioerosão.

Estudos recentes, entretanto, indicam que o aumento de temperatura da água do mar seria o causador primário do branqueamento em larga escala, e, secundariamente, o aumento da incidência de radiação UV.
Isto levou à hipótese de que os recifes de corais seriam particularmente sensíveis e vulneráveis ao aquecimento global. Há, entretanto, controvérsia se os ecossistemas recifais como um todo têm sofrido estresse climático, porque uma série de outros estresses locais causam potencialmente bleaching, podendo atuar sinergicamente com a temperatura (caso do UV, por exemplo). Não se sabe também se o branqueamento é realmente um fenômeno recente, e se em nível sub-letal é patológico ou um mecanismo adaptivo. De qualquer forma muitos pesquisadores acreditam que os recifes de coral atuariam como indicadores do aquecimento global, através do branqueamento maciço.


Mundialmente, os recifes têm sido seriamente ameaçados pela atividade antropogênica: destruição física propriamente dita, sedimentação, poluição, pesca predatória, coleta etc.
O clima é comumente visto como algo estável, mesmo considerando-se as variações sazonais e de curto prazo. Entretanto, tem variado substancialmente no passado, sendo previstas mudanças no futuro próximo, particularmente como resultado da atividade humana com relação à composição dos gases da atmosfera. Ao longo de sua evolução, os recifes de coral passaram por mudanças drásticas de clima, e se espera que sejam capazes de sobreviver futuros eventos deste tipo (os cenários previstos são menos extremos que os sofridos em eras passadas). Mas a combinação destas mudanças climáticas com os atuais estresses pode se mostrar letal para muitos ecossistemas recifais.
As mudanças climáticas que já estão ocorrendo, particularmente na atmosfera mas também nos continentes e oceanos, são parte do crescente impacto humano no ambiente planetário. O efeito estufa (apesar de ser um processo natural que possibilitou a evolução da vida na terra, o equilíbrio natural dos gases estufa tem sido modificado artificial e rapidamente pela humanidade) e o buraco de ozônio poderão afetar os recifes de coral de várias maneiras:
1. aumento da temperatura devido ao efeito estufa: a temperatura global deverá aumentar entre 0,16-0,37 ºC por década, resultando num aumento global de 0,5-1 ºC por volta de 2030. Deve-se levar em conta que o aumento será maior nas latitudes altas e em terra. Este aumento não deverá ameaçar a sobrevivência dos recifes, mas os freqüentes episódios de picos extremos de temperatura aumentará a incidência de branqueamento e mortalidade, tornado-os vulneráveis a outros estresses.
2. aumento do nível do mar associado ao aumento de temperatura: provavelmente o nível do mar subirá de 1-9 cm/década, devendo-se esperar um
aumento entre 15 e 90 cm até o ano 2100. Estes valores não devem ameaçar a maioria dos ecossistemas recifais (a taxa de deposição de carbonato de cálcio é de cerca de 10 kg/m2/ano, o que significa um crescimento de 3-8 mm por ano), mas poderá devastar muitas ilhas e planícies costeiras que são protegidas por recifes, incluindo nações inteiras (insulares) e grandes cidades, tornando a vida dos que dependem dos recifes difícil ou impossível.
3. alterações nos padrões normais do clima e variações em eventos climáticos extremos - precipitação, nuvens e ventos: deverão ocorrer mudanças no padrão de chuvas, aumento na amplitude geográfica, freqüência e intensidade das tempestades tropicais, e nos eventos de seca e inundações. Conseqüentemente, grandes mudanças deverão ocorrer nas regiões costeiras em termos de erosão e sedimentação.
4. mudanças na química da água do mar devido altas concentrações de CO2: acarretará mudanças de pH e do estado de saturação dos carbonatos nos oceanos. O aumento da acidez das águas superficiais, devido à maior concentração do ácido carbônico, poderá diminuir as taxas de deposição de carbonato de cálcio pelos corais, afetando o crescimento. Por outro lado, deverá estimular o crescimento e aumento populacional de muitas algas, afetando a relação competitiva entre elas e os corais.

Fonte; CebiMar/USP

Células De Coral São Congeladas Para Evitar Extinção


Um banco de células de corais congeladas foi criado por pesquisadores americanos na esperança de evitar a extinção e de preservar a grande diversidade de corais do Havaí, anunciaram os cientistas.

O Instituto de Biologia Marinha da Universidade do Havaí e os serviços zoológicos da Smithsonian Institution de Washington instalaram um laboratório na ilha havaiana de Coconut Island, onde as primeiras células de coral cogumelo (Fungia scutaria) e de coral Montipora capitata foram congeladas.
“As células de coral congeladas são viáveis. Poderemos descongelar o material em 50 ou 1.000 anos em tese e, com isso, recriar uma espécie ou desenvolver uma população” de corais, explicou em um comunicado Mary Hagedorn, pesquisadora do Instituto de Conservação Biológica da Smithsonian Institution de Washington.
“De fato, já descongelamos amostras de esperma de coral com o objetivo de utilizá-las para fertilizar ovos de corais e produzir larvas de coral”, explicou.
Os corais são classificados como animais, pertencentes ao filo Celenterado ou Cnidário e classe Anthozoa.
Os corais muitas vezes possuem um "exoesqueleto" que pode ser de matéria orgânica ou de carbonato de cálcio. Os restantes membros desta classe que não formam exosqueleto são as anêmonas.
Quase todos os antozoários formam colônias, que podem chegar a tamanhos consideráveis – os chamados recifes, mas existem muitas espécies em que os indivíduos são solitários.
Sob condições adversas, os corais zooxantelados perdem parte ou todas as suas algas. Com a perda das algas pigmentadas, o esqueleto calcário branco é então, visível através do tecido transparente, e é dito que o coral sofreu branqueamento. Os estresses causadores do branqueamento podem ser sub ou superiluminação, excesso de exposição a UV, flutuação de salinidade e baixas ou altas temperaturas.Em razão de muitos corais zooxantelados viverem a temperaturas da água perto do limite superior letal, uma elevação de temperatura de apenas 1º C pode ser suficiente para induzir o branqueamento. Episódios extensos de branqueamento de corais, registrados nos últimos 20 anos, podem ser ligados ao efeito estufa. A perda de zooxantelas de um coral, porém, não é sempre completa, e não resulta sempre na mortalidade do coral, especialmente se o período de tensão ambiental não for prolongado.
Por causa da atividade humana, as barreiras de corais e diversos animais para os quais servem de habitat poderão desaparecer no decorrer dos próximos 40 anos, afirmam os responsáveis por esta experiência.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Larva Pluteus


Nascimento de um ouriço - Show!


Ouriço, estrela e pepino-do-mar -Dissecação



RECONHECENDO UM EQUINODERMA
1. Taxionomia: Reino: Animalia Filo: Echinodermata
Equinoderma significa "pele espinhosa". Possuem cerca de 7000 espécies vivas descritas.
2. Regiões biogeográficas: São encontrados em todos os oceanos.
3. Habitat: Exceto para algumas espécies que habitam águas salobras, os equinodermas são organismos bentônicos encontrados em ambientes, exclusivamente, marinhos. Equinodermas habitam profundidades que variam de águas rasas, nas linhas de maré, ao mar profundo.
4. Características Morfofisiológicas:
• Dióicos, Fecundação externa, Deuterostomia, Celomados
• Simetria pentaradial em adultos, forma larval bilateral
• Esqueleto Interno calcário, recoberto por epiderme
• Sistema digestivo completo, boca ventral, ânus dorsal
  • Sistema nervoso simples – anel radial em torno da boca.
    • Locomoção - Sistema ambulacral
    • Sistemas circulatório, respiratório e excretor ausentes ou reduzidos.
    • Exemplos comuns: ouriço-do-mar, estrela-do-mar, bolacha da praia, lírio-do-mar, serpente-do-mar.
  • quarta-feira, 8 de setembro de 2010

    ASCÍDIA – QUE BICHO É ESTE?


    Filo Chordata
    Subfilo Tunicata ou Urochordata.
    Classe Ascidiacea
    Ordem Enterogona
    Subordem Phlebobranchia
    Família Ascidiidae
    Gênero Ascidia


    Habitat – Animais marinhos, sésseis, geralmente, fixos ao substrato duro (rochas, conchas, cascos de navios, etc.) quando adultos. Podem, também, se fixar na areia. Larvas natantes, em formato de girino. Encontradas em águas rasas até cerca de 200 metros de profundidade.
    Os ascidiacea (ascídias) constituem uma classe de animais marinhos.Se distribuem pelos mares de todo o planeta, dos oceanos tropicais a polares. Se conhecem ao redor de 2.300 espécies de ascidias, sendo três os tipos principais: ascidias solitárias, ascidias sociais e ascidias compostas.


    Alimentação e Digestão - Alimentam-se por filtração - A água entra no corpo do animal por um sifão inalante ou bucal e é expulsa por outro sifão, denominado atrial. Este movimento da água no interior do animal permite a retenção do alimento no àtrio ( cavidade interior). São capazes de grandes filtrações diárias, às vezes, mais de 200 litros de água, retendo partículas saudáveis e todos os tipos de contaminantes. Algumas espécies são usadas como indicadores de contaminação hídrica.
    As ascídias adultas possuem um corpo globoso ou tubular e um pedúnculo de fixação. O corpo é constituído por uma túnica (manto) resistente composta por um polissacarídeo, isômero da celulose, que é chamada de tunicina.
    Respiração - A hematose (troca gasosa) ocorre nas fendas branquiais. O oxigênio dissolvido na água é captado e o gás carbônico é eliminado por difusão na faringe.
    Circulação - No manto existe um coração tubular, que possui batimentos cardíacos. O coração controla e pode mudar o sentido da circulação sanguínea. O sistema circulatório é do tipo aberto e os pigmentos respiratórios possuem átomos de vanádio na molécula.
    Excreção - As ascídias não possuem sistema excretor.
    Sistema Nervoso - Durante a fase larval, existe um tubo neural. Na fase adulta, existe um gânglio nervoso situado entre o sifão atrial e o sifão bucal. Deste gânglio partem nervos que inervam o corpo do animal.
    Reprodução e Estágio Larval
    As ascídias são hermafroditas, com ovário e testículo, próximos entre si. Reprodução sexuada externa ou assexuada, por brotamento, quanto coloniais. A larva possui o cordão nervoso dorsal oco e a notocorda na cauda. A cauda é absorvida e o corpo sofre um movimento de rotação de aproximadamente 90°, do cordão nervoso só fica o gânglio nervoso e a notocorda é totalmente absorvida.
    Fonte de pesquisa: Sites de zoologia na internet

    domingo, 5 de setembro de 2010

    Medusa - Juba de Leão


    Uma gigantesca água-viva com tentáculos que podem alcançar o mesmo comprimento de uma baleia azul (30 m) pode ter se tornado em um inesperado defensor do oceano.
    Um recente estudo indica que a água-viva juba de leão (Cyanea capillata) se tornou uma boa predadora do ctenóforo Mnemiopsis leidyi, um animal invertebrado transparente e voraz invasor de diversos mares. As informações são do site da revista New Scientist.
    A água-viva juba de leão pode chegar a 2,5 m de largura, mas é um dos animais mais compridos de todos os tempos. O estudo do Instituto de Pesquisa Marinha, em Bergen, na Noruega, e da Universidade de Gothenburg, na Suécia, indica que o ctenóforo – que é nativo do oeste do Atlântico – já pode ser encontrado no Mar do Norte e no Báltico. Este ctenóforo tem se espalhado pelos diversos mares, provavelmente pela água de lastros de navio, sendo, portanto, um bioinvasor.
    Os ctenóforos se alimentam de plâncton e devastam suas populações nas regiões invadidas, o que diminui drasticamente a quantidade de peixes que comem o plâncton. Como qualquer espécie invasora, o Mnemiopsis leidyi parecia não ter predadores, até agora.
    Os tentáculos da água-viva são cobertos com pequenas células com perigosas toxinas (nematocistos) que podem paralisar a vítima e que ainda causaram paradas cardíacas em testes em ratos de laboratório. Humanos geralmente têm reações menos intensas, a não ser que sejam alérgicos ou recebam muita toxina. Teoricamente, uma grande quantidade de protetor solar já ajuda a evitar maiores danos.
    Mas a grande vantagem está no tamanho dos tentáculos, que conseguem pegar pequenos peixes e até outras águas-vivas de grande porte. Com essa capacidade, o “monstro” acabou se tornando um protetor dos mares ao caçar o ctenóforo invasor. Contudo, o estudo indica que esses animais conseguem escapar 90% das vezes do predador, mas sofrem danos no processo e sucumbem a repetidos ataques.

    Ctenophora (do grego ktenes, pente + phoros, portador) é um pequeno filo com cerca de 120 espécies descritas, conhecidas como "águas-vivas-de-pente" ou "carambolas-do-mar". Os animais invertebrados que pertencem a esse filo são marinhos ou estuarinos, planctônicos, alguns bentônicos e bioluminescentes.
    São superficialmente semelhantes às medusas em sua forma globosa, sua mesogléia gelatinosa e sua transparência. No entanto, as semelhanças com as medusas podem representar mais uma convergência do que um relacionamento evolutivo próximo aos Cnidaria.
    Os Ctenóforos são animais carnívoros e alimentam de outros animais planctônicos como: copépodos (crustáceos), ovos e larvas de peixes, cnidários, e outros ctenóforos.
    A maioria dos membros do filo é hermafrodita e de fecundação externa, exceto às espécies que incubam seus ovos.