O fotógrafo Daniel Stoupin produziu um trabalho de extrema beleza e delicadeza. A ideia dele foi capturar a essência da vida marinha, exótica para nós, por meio de fotos de alta ampliação. Stoupin busca mostrar a vida secreta dos chamados “animais marinhos lentos” – corais e esponjas.
“Estas são criaturas muito móveis, mas seu movimento é apenas detectável em escalas de tempo diferentes em comparação com a nossa e requer um período longo para ser observado. Estes animais constroem recifes de coral e desempenham um papel crucial na biosfera, mas não sabemos quase nada sobre suas vidas diárias”, afirma.
O clipe acima, batizado pelo artista de “Slow Life” (Ou seja, “Vida Lenta”), foi produzido compilando aproximadamente 150 mil fotografias diferentes. Stoupin explica que cada quadro do vídeo é na verdade uma montagem que consiste em 3 a 12 fotografias distintas, em que os focos das imagens foram mesclados.
O fotógrafo destaca que organismos vivos que desempenham funções-chave na biosfera podem não parecer empolgantes quando se trata de movimento, mas, da mesma forma que todos os seres vivos, são dinâmicos, móveis e, fundamentalmente, têm as mesmas propriedades de movimento que nós.
“Eles crescem, se reproduzem, se espalham, se movimentam em direção a fontes de energia e fogem de condições desfavoráveis. No entanto, o detalhe é que suas velocidades estão fora de sincronia com a nossa percepção reduzida. Nossos cérebros estão programados para compreender e acompanhar melhor acontecimentos rápidos e dinâmicos, especialmente aqueles raros que acontecem em velocidades às quais estamos acostumados. Temos mais dificuldades de entender situações que envolvem predadores incrivelmente rápidos ou presas camufladas que levam minutos, horas ou dias para que uma pessoa note qualquer alteração”, explica.
Stoupin afirma que a vida marinha lenta é particularmente misteriosa. Sabemos um pouco sobre a bioquímica e ciclo de vida de corais e esponjas, mas é só isso. “Infelizmente, é difícil ter certeza sobre os demais assuntos, em particular a interação com outros organismos, que acontece ao longo de grandes períodos de tempo”.
É neste contexto que a obra de Stoupin é relevante não apenas como arte, mas também como ciência. A técnica fotográfica de “time lapse” – em que a frequência de cada frame por segundo de filme é muito menor do que aquela em que o filme será reproduzido, dando a impressão de que o tempo está passando muito rápido – revela um mundo totalmente diferente. “Minha ideia era fazer com que a vida no recife de coral parecesse mais espetacular e, desta forma, mais próxima de nossa percepção”, esclarece.
O resultado final é uma curiosa e exótica dança realizada por criaturas longe de nosso contato diário, mas que nem por isso passam despercebidas por fotógrafos de tino apurado como Daniel Stoupin. [Vimeo e Notes From Dream Worlds]
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