segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Bela foto de um alevino de truta


Alevino é o segundo dos quatro estágios do ciclo de vida de uma truta, quando os ovos eclodem e os peixes pequenos começam a surgir.
Olympus Dr. Robert Berdan

Vida entre grãos




O Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (Cebimar-USP) vem desenvolvendo uma série de projetos didáticos e de divulgação científica de excelente qualidade – vale conferir! Primeiro foi a exposição sobre a origem da biodiversidade nos oceanos, que circulou por algumas cidades brasileiras e ainda inspirou a elaboração de dois jogos didáticos. Em seguida, veio o Cifonauta, belíssimo banco de imagens de biologia marinha. E, mais recentemente, a equipe encabeçada pelo Prof. Alvaro Migotto produziu também o vídeo abaixo, sobre meiofauna.

E então, você já tinha ideia da ampla diversidade de vida que abunda entre os grãos de areia próximos aos oceanos? E sobre o tipo de estudos que os biólogos realizam com esses seres? Um rápido aperitivo: o biólogo Gustavo Fonseca, que aparece no início do vídeo, aborda a classificação e a distribuição das espécies encontradas, procurando entender como essas espécies tão pequenas se dispersam pelos ambientes marinhos. Já a bióloga Fabiane Gallucci, que aparece no final do vídeo, estuda a relação destas espécies microscópicas com o ambiente onde vivem, tentando desenvolver modelos para entender os parâmetros ambientais que melhor predizem mudanças na fauna. O grupo investiga, ainda, como alterações ambientais provocadas pelo ser humano podem afetar os ecossistemas marinhos. Afinal, pontua Gustavo, “apesar de pequenos, esses bichos são ótimas ferramentas para acessarmos a ‘saúde’ do ecossistema”.

Os materiais elaborados pelo grupo, que incluem ainda alguns folhetos, como este sobre animais marinhos perigosos, foram desenvolvidos no âmbito projeto “Um mar de ciência: iniciativas de divulgação científica em Biologia Marinha”, financiado pelo CNPq por meio do Edital MCT/CNPq nº 42/2007 – Difusão e Popularização da C&T. Belas e inspiradoras iniciativas, tanto por parte do grupo do Cebimar, quanto do CNPq. O Prof. Álvaro pretende continuar a produção desse tipo de material de divulgação e educação científica, mas tem esbarrado com a dificuldade de que desde 2007 nenhuma agência de apoio à pesquisa abriu outro edital com essa temática. Torçamos pelo rápido reparo a esse equívoco!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Pesquisa encontra resto de inseticida em golfinhos no litoral brasileiro

Filhote da espécie 'Pontoporia blainvillei'. (Foto: Reuters)

Cientistas analisaram amostras de fígados, placentas e leite de toninha.
Descoberta indica contaminação da cadeia alimentar marinha.


Estudo publicado na revista “Environment International” aponta que golfinhos do litoral brasileiro estão contaminados por piretroides, compostos usados como inseticidas.

Segundo explica Mariana Alonso, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que liderou a pesquisa, o golfinho está no topo da cadeia alimentar que, portanto, é composta por outros seres vivos que também devem estar contaminados por essas substâncias (por exemplo, uma alga recebe o piretroide da água e é comida por um camarão, que é comido por um peixe, que serve de alimento para o golfinho).
A novidade da pesquisa de Mariana é que antes se pensava que os piretroides se decompunham. Esses inseticidas são usados tanto pela população urbana, por meio, por exemplo, de tomadas antimosquito, como também em atividades rurais. No armazenamento de grãos, por exemplo, eles são usados para evitar que insetos ataquem os alimentos.

No estudo são analisadas amostras de fígado, leite e placentas da espécie Pontoporia blainvillei, conhecida como toninha, que está ameaçada de extinção e existe apenas nos litorais brasileiro, argentino e uruguaio. Foram usadas amostras de exemplares que ficaram presos acidentalmente em redes de pesca no litoral de São Paulo e Rio Grande do Sul.

Os filhotes pesquisados tinham a maior concentração de piretroides, o que levou os pesquisadores a verificar a presença do composto no leite e em placentas, que também se mostraram contaminados. “Eles recebem uma carga muito alta nos primeiros estágios da vida”, observa Mariana Alonso.

Os efeitos dos piretroides sobre a saúde dos golfinhos são pouco conhecidos. Outro estudo liderado pela mesma pesquisadora e publicado na revista “Environmental Pollution”, mostrou a contaminação de golfinhos por retardantes de chama, usados nos mais diversos produtos, como móveis e eletrodomésticos, como forma de diminuir sua suscetibilidade ao fogo.

Dennis Barbosa - Do Globo Natureza, em São Paulo

 


Vídeo mostra parto de golfinho em piscina de instituto dos EUA.


Momento raro ocorreu na segunda-feira, dia 17.09.12, no Havaí. Após uma hora de trabalho de parto, filhote nasceu e já saiu nadando.

Um momento raro na vida animal foi registrado por câmeras do instituto Dolphin Quest, do Havaí, nos Estados Unidos. Na segunda-feira (17), eles gravaram o nascimento de um golfinho em uma piscina do local.

Com câmeras subaquáticas, os técnicos do centro de tratamento observaram o trabalho de parto da fêmea de nome Keo. Durante uma hora, o espécime nadou incessantemente pela piscina, acompanhada pelos técnicos. Quando chegou a hora, o bebê, uma fêmea, foi liberado e já saiu nadando.
 


Segundo os especialistas do Dolphin Quest, os 30 primeiros dias de vida de um golfinho recém-nascido são os mais críticos. Após esse período, o local fará uma votação para escolher o nome do filhote, o 18º a nascer no instituto desde que ele foi aberto, em 1988.

 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Pesquisa sobre anêmonas de tubo sugere que América do Sul teve “mar interno”

 
Estudo sobre processo evolutivo de diversificação de organismos marinhos reforça teoria geológica de que há 10 milhões de anos existia uma língua de oceano que cortava o continente desde o Caribe até o Uruguai, cobrindo toda a bacia Amazônica (ilustração: Science)

Agência FAPESP – Depois de estudar por quatro anos o processo evolutivo de diversificação de um grupo de anêmonas de tubo do Atlântico Sul, um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) obteve um resultado inesperado: o estudo biológico acabou contribuindo para reforçar a teoria geológica de que, há cerca de 10 milhões de anos, a bacia Amazônica era ocupada por um mar interno que ligava o Caribe ao Uruguai.
O estudo, publicado na revista PLoS One, teve o objetivo inicial de identificar, por meio de análises genéticas e moleculares, em que momento da evolução ocorreu a diferenciação entre duas espécies de anêmonas de tubo do gênero Isarachnanthus, do grupo Ceriantharia presentes no oceano Atlântico.

Os resultados mostraram, no entanto, que o cenário mais provável para a diferenciação das duas espécies – e de uma terceira existente no oceano Pacífico – seria coerente com a chamada teoria da “rota marinha da Amazônia no Mioceno médio”.
Segundo essa teoria, uma passagem marinha ligava o Caribe à região atual da costa do Uruguai, entre 9 milhões e 11 milhões de anos atrás, cortando ao meio o continente. A maior parte do Brasil atual, nesse período conhecido como Mioceno médio, teria sido uma ilha separada do resto da América do Sul por uma língua de oceano.
O artigo foi elaborado por pesquisadores dos departamentos de Zoologia e de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências (IB) da USP, da Fundação Carmabi de Curaçao (Antilhas Holandesas) e do Instituto de Biodiversidade e Dinâmicas de Ecossistemas da Universidade de Amsterdam (Holanda).
O estudo teve apoio da FAPESP por meio do projeto “Sistemática, ciclo de vida e padrões reprodutivos de medusas”, realizado no âmbito do BIOTA-FAPESP e coordenado por André Morandini, também autor do artigo e professor do IB-USP.
De acordo com o primeiro autor do artigo, Sérgio Stampar, que realiza pós-doutorado no Departamento de Zoologia do IB-USP sob supervisão de Morandini, há pelo menos 50 anos não surgiam estudos novos sobre as anêmonas de tubo Isarachnanthus no Brasil, por causa da dificuldade de se realizar coletas de espécimes desse grupo, que só é encontrado à noite, no substrato marinho.

“Nossa ideia, quando começamos este estudo, foi retomar as pesquisas sobre esse grupo esquecido de cnidários. Fizemos a coleta em várias regiões do oceano Atlântico e conseguimos grande quantidade do organismo. Além dos estudos morfológicos de praxe, começamos a fazer a análise genética dessas anêmonas de tubo, que ainda não havia sido realizada”, disse Stampar à Agência FAPESP.
Segundo Stampar, as análises filogenéticas indicavam que, há cerca de 16 milhões de anos, só existia uma espécie da anêmona de tubo, ancestral a todas as Isarachnanthus tratadas no trabalho, que ocorria no Atlântico Norte, provavelmente na latitude da saída do mar Mediterrâneo. Essa espécie possivelmente atravessou o oceano e chegou até o Caribe.

“Descobrimos que a espécie do Brasil, Isarachnanthus nocturnus, do ponto de vista genético, era mais próxima à espécie existente no Pacífico, Isarachnanthus bandanensis, do que da que existe no Atlântico norte, Isarachnanthus maderensis. Isso nos deixou surpresos, porque achávamos que as duas espécies do Atlântico teriam mais proximidade entre si”, disse Stampar.
A princípio, a espécie do Atlântico Sul, tendo se diferenciado em tempos mais recentes, poderia ter alcançado regiões mais meridionais pela costa da América do Sul, carreada pela corrente. Mas isso não seria possível, porque os estudos geológicos mostram que já naquela época as correntes eram geradas, como hoje, do sul para o norte. Portanto, elas devem ter passado por outra via.
“É praticamente impossível que essas anêmonas de tubo tenham vindo pelo Atlântico. No entanto, as análises moleculares e de DNA que fizemos permitiram estimar que os organismos chegaram ao Atlântico Sul há cerca de 8 milhões ou 9 milhões de anos. Essa data coincide com as especulações da geologia sobre a existência de um mar interno que cortava a América do Sul. É muito provável que essa tenha sido a rota das anêmonas”, explicou Stampar.

Outros organismos
A rota marinha teria ligado a região onde hoje é o Caribe, na costa da Venezuela, à região onde hoje é o Uruguai, estendendo-se por todo continente sul-americano, cobrindo as regiões onde hoje estão o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Acre. Quando esse mar interno se fechou, as anêmonas que haviam chegado ao Atlântico Sul teriam ficado isoladas e se diferenciado em outra espécie.
“O processo geológico explicaria o isolamento dessas anêmonas, que teria permitido a diferenciação da espécie I.  nocturnus quando o mar interno se fechou e a população ficou segregada no Atlântico Sul”, disse Stampar.
“Mais tarde, a espécie I.  bandanensis pode ter surgido por processo semelhante: as anêmonas de tubo da espécie I.  nocturnus, provenientes do Atlântico Sul, depois de chegar ao Caribe, teriam passado pelo Pacífico, porque não havia barreira entre os oceanos. Depois do fechamento do istmo do Panamá, há 4 milhões de anos, elas ficaram segregadas e se diferenciaram na espécie do Pacífico”, disse.
Embora tenha reforçado a teoria da rota marinha da Amazônia, as conclusões ainda são especulativas, segundo Stampar, já que o estudo foi realizado com um só grupo de organismos.
“No entanto, o trabalho mostrou que vale a pena procurar outros organismos que sigam o mesmo padrão. Meu pós-doutorado está em grande parte relacionado a essas pesquisas – principalmente a partir do estudo de outros cnidários como águas-vivas, que são a especialidade do nosso grupo e, em tese, têm características diferentes de dispersão”, afirmou.
O artigo Evolutionary Diversification of Banded Tube-Dwelling Anemones (Cnidaria; Ceriantharia; Isarachnanthus) in the Atlantic Ocean, de Sergio Stampar e outros, pode ser lido na PLoS One em www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0041091

 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Caranguejo no fundo do mar usa visão ultravioleta para comer

Caranguejo das profundezas enxerga em luz ultravioleta (Foto: Nova Southeastern University)

Espécie vive a cerca de 800 metros de profundidade, onde não há luz.
Capacidade de enxergar no escuro permite distinguir alimento de veneno.

Uma espécie de caranguejo que vive no fundo do mar, a cerca de 800 metros de profundidade, tem um complexo sistema de visão que o permite enxergar em luz azul e ultravioleta. Essa sensibilidade às cores possibilita que o animal consiga se alimentar em uma região completamente escura, aponta um novo estudo publicado este mês na revista Journal of Experimental Biology.
Segundo cientistas da Universidade Nova Southeastern, na Flórida, EUA, a visão ultravioleta permite detectar objetos em um comprimento de onda menor, o que faz com que os bichos realmente peguem comida, e não veneno.
O plâncton que esses caranguejos comem, por exemplo, tem um brilho azul, enquanto corais tóxicos onde eles se sentam apresentam uma bioluminescência verde.
Para a bióloga Tamara Frank, que liderou o estudo em três locais das Bahamas, no Caribe, descobertas como essa podem levar a inovações úteis anos mais tarde, a exemplo de um telescópio de raio-X que já se baseou nos olhos de uma lagosta.
A pesquisadora explica que trabalhos anteriores já haviam descoberto animais das profundezas que veem em luz ultravioleta, mas essa é a primeira vez que se testa como eles respondem à luz.
Além de fazer vídeos e fotos dos caranguejos, os cientistas capturaram e examinaram com microeletrodos os olhos de oito indivíduos encontrados nesses três lugares do Caribe e em expedições anteriores.
Para testar a hipótese de que a luz ultravioleta realmente funciona como um "código de barras" para os crustáceos saberem o que é comida e o que não é, os pesquisadores precisam coletar mais espécimes e testar a sensibilidade deles a comprimentos de onda ainda mais curtos.
Outro desafio é saber se a forma como os animais estão agindo no vídeo é natural, já que os submarinos, redes e veículos usados na pesquisa acabam perturbando os bichos. De acordo com o biólogo Sönke Johnsen, o estudo é uma espécie de investigação biológica "forense", pois observa os animais e o ambiente para depois tentar juntar os pedaços e reconstruir o que realmente aconteceu.

 

4º Congresso Brasileiro de Biologia Marinha


A Associação Brasileira de Biologia Marinha tem a satisfação de anunciar a realização da quarta edição de seu principal evento, convidando todos os interessados a participar do Congresso. O CBBM é promovido pela ABBM bianualmente e será realizado pela primeira vez na região Sul. Além de contemplar uma programação científica ampla e de elevada qualidade, o CBBM é também o maior fórum de reunião dos associados da ABBM e abriga as assembleias ordinárias regulares da Associação.

Embora o CBBM ainda seja um evento relativamente recente, ele já conquistou um estilo marcante, que é reconhecido por seus congressistas: elevado padrão de qualidade da programação, pontualidade das atividades programadas, atenção às demandas dos congressistas, concessões de premiações e homenagens, apresentação de painéis institucionais, incentivo à realização de reuniões paralelas etc. Estas características serão mantidas no 4º. CBBM e espera-se avançar em outros campos para tornar o evento ainda mais dinâmico.

Seguindo o exemplo da própria ABBM, o Congresso Brasileiro de Biologia Marinha não deve ser vinculado a nenhuma categoria profissional: todos e quaisquer profissionais e estudantes são muito bem-vindos no evento. A menção explícita à Biologia Marinha decorre da avaliação de que se trata da designação mais ampla e representativa do universo de trabalhos e ações que se esperam ver contemplados no evento.

A programação científica do 4º. CBBM encontra-se em elaboração e as diversas atividades do evento serão selecionadas e anunciadas neste sítio ao longo dos próximos meses. Contudo, diversas outras informações sobre o evento já estão disponíveis e devem ser consideradas pelos interessados no 4º. CBBM. Recomenda-se que visitas regulares sejam feitas a este sítio para que os interessados se atualizem quanto às novidades.

A Comissão Organizadora do 4º. CBBM espera oferecer um excelente congresso aos associados da ABBM e à comunidade interessada, apresentando no evento alguns dos avanços mais importantes em Biologia Marinha em todas as suas dimensões: pesquisa, divulgação científica, ensino, política, atividades econômicas e extensão.

Para saber mais sobre o evento, acesse o site: http://www.abbm.net.br/congressos-da-abbm/cbbm

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ave guará retorna a Santa Catarina após décadas de extinção local

O guará, uma ave típica de manguezais, retorna a Santa Catarina após um longo período de extinção local. A constatação é da equipe do Projeto Aves, da Univille, que desde novembro do ano passado monitora a espécie na Baía da Babitonga, litoral norte do Estado. O último registro oficialmente documentado no Estado é de 1858, no litoral de Palhoça.
Segundo a bióloga Marta Cremer, um grupo com mais de 70 indivíduos reproduziu na região, em uma das ilhas do Saguaçu, entre dezembro de 2011 e abril de 2012. “Mesmo após o evento reprodutivo, os guarás se mantêm na região, o que indica que voltaram para ficar”, afirma a pesquisadora da Univille. “O registro da reprodução desta espécie na Baía da Babitonga demonstra a grande importância da região e de suas áreas de manguezal, reforçando a necessidade de medidas urgentes para a conservação de sua biodiversidade”, enfatiza.
Ameaçada de extinção no Paraná e em Santa Catarina, o guará esteve desaparecido por décadas, dizem os pesquisadores do Projeto Aves. Os últimos registros são históricos, dos séculos 18 e 19. Os relatos indicam que no passado o guará era considerado abundante e foi observado por diversos viajantes e exploradores, como James Henderson, que em 1820 relatou grandes revoadas da espécie colorindo os céus de vermelho na Baía da Babitonga.
“O guará sofreu um declínio populacional intenso em todo o Sudeste e Sul do Brasil, principalmente pela degradação do manguezal e pela caça descontrolada para a retirada das penas”, explica o pesquisador Alexandre Grose. As penas, de vermelho vivo, eram exportadas para a Europa e Estados Unidos para confecção de chapéus e outros adornos. O guará se alimenta principalmente de caranguejos, mas pode capturar peixes e invertebrados aquáticos.

Relatório alerta para extinção de invertebrados no mundo


Desenterrar minhocas, admirar borboletas e coletar conchas de moluscos, tudo isso pode se tornar coisa do passado se nada for feito para proteger os invertebrados. Um relatório publicado pela Sociedade Zoológica de Londres (ZSL), em conjunto com a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na sigla em inglês), revelou que um quinto dos invertebrados do mundo pode estar ameaçado de extinção.

Os invertebrados formam a base de muitos dos benefícios essenciais que a natureza oferece. As minhocas, por exemplo, reciclam nutrientes de resíduos, e os recifes de coral suportam milhares de formas de vida e as abelhas ajudam na polinização.
Mais de 12 mil invertebrados da Lista Vermelha da IUCN foram analisados por cientistas de conservação. As espécies que estão sob maior risco estão na água doce, depois vêm os invertebrados terrestres, e por último os marinhos. Os resultados deste grupo inicial de avaliações globais, regionais e nacionais fornecem informações importantes sobre o estado geral de invertebrados. Juntos, indicam que a situação de ameaça é provavelmente muito semelhante ao de vertebrados e plantas.
“Invertebrados constituem quase 80% das espécies do mundo, e um total de cinco espécies podem estar em risco de extinção”, explicou Ben Collen, chefe dos indicadores e unidades de avaliações da ZSL. “Enquanto o custo de salvá-los será caro, o custo da ignorância para a sua situação parece ser ainda maior”.
O maior risco de extinção está associado com espécies que são menos móveis e são encontradas apenas em pequenas áreas geográficas. Já as espécies de invertebrados que são mais móveis, como libélulas e borboletas, enfrentam uma ameaça semelhante ao das aves. Cerca de um décimo das espécies estão em risco.
O problema é o tratamento dado aos invertebrados. O professor Jonathan Baillie, diretor de Conservação da ZSL, explica que é dada mais importância na extinção de um leão ou elefante do que de um molusco, por exemplo. “A ecologia de vertebrados e as suas ameaças são razoavelmente bem documentados, e muitas vezes há mais esforço para conservá-los, do que com relação aos invertebrados”, alertou.