Classificação
Reino Animalia :: Filo Ectoprocta :: Classe Gymnolaemata :: Ordem Cheilostomata :: Família Bugulidae :: Gênero Bugula :: Espécie Bugula neritina
Agência FAPESP – Um
estudo realizado por pesquisadores do Centro de Biologia Marinha (Cebimar) da
Universidade de São Paulo (USP) resultou na descrição de nove espécies novas de
briozoários do gênero Bugula
no litoral brasileiro. Os briozoários
são animais invertebrados majoritariamente marinhos que vivem em colônias,
presos ao substrato.
O estudo que descreve as espécies – encontradas nos
litorais de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo – foi publicado na
revista PLoS One.
As novas espécies foram denominadas de: Bugula
bowiei, Bugula foliolatan, Bugula guara, Bugula biota,
Bugula ingens, Bugula gnoma, Bugula alba, Bugula rochae
e Bugula migottoi.
Os nomes das novas espécies homenageiam o Programa
BIOTA-FAPESP (Bugula biota), o vice-diretor do Cebimar, Álvaro Migotto (Bugula
migottoi), a professora Rosana Rocha, do Departamento de Zoologia da
Universidade Federal do Paraná (Bugula rochae), e o músico britânico
David Bowie (Bugula bowiei).
O artigo com a descrição foi elaborado por Leandro
Vieira, pesquisador do departamento de Zoologia do Instituto de Biociências
(IB) da USP, Karin Fehlauer-Ale, pesquisadora do Laboratório de Sistemática e
Evolução de Bryozoa do Cebimar, e Judith Winston, do Museu de História Natural
da Virginia (Estados Unidos).
O estudo foi realizado com apoio da FAPESP, no âmbito
do projeto “Caracterização molecular de Bugula spp.: implicações taxonômicas,
filogenéticas e de bioinvasão”, coordenado por Migotto.Segundo Fehlauer-Ale, além de contribuir para a caracterização morfológica e para o conhecimento sobre a riqueza de espécies do gênero Bugula no Atântico Sul, o estudo também realizou uma revisão taxonômica do gênero.
Algumas das novas espécies caracterizadas eram antes
confundidas com espécies típicas do Atlântico Norte e consideradas como espécies invasoras no Brasil.
séssil“Em alguns casos não se tratava de espécies invasoras,
mas apenas de um problema taxonômico. É importante fazer essa revisão, porque,
se um táxon for identificado de forma errônea, isso pode resultar em medidas
inadequadas contra invasores que não o são, ou pode levar a subestimar a
diversidade de uma costa ao considerar várias espécies como uma só”, disse
Fehlauer-Ale à Agência FAPESP.
Embora sejam organismos
sésseis – isto é, que vivem presos ao substrato marinho –, os briozoários
se movimentam na coluna d’água durante a fase larval de seu ciclo de vida.
Ainda assim, como a fase móvel é bastante restrita, seria plausível que cada
espécie tivesse uma restrição geográfica bem determinada.
“No entanto, o que temos observado é que várias
espécies possuem uma distribuição global, ao contrário do que seria de se
esperar. A hipótese que sugerimos para explicar isso é o transporte antropogênico: isto é, os briozoários podem ser
disseminados nos cascos de navios, em sua fase adulta. Por isso há uma
preocupação com espécies invasoras em relação a esse filo”, disse Fehlauer-Ale.
60% das espécies conhecidas
Um dos objetivos do grupo do Cebimar foi compreender
melhor que espécies residem na costa brasileira. O gênero Bugula foi
escolhido porque já incluía algumas espécies reconhecidas como invasoras. Outro
objetivo foi realizar amostragens comparativas fora da área mais estudada, que
é a região Sudeste. O grupo estudou regiões costeiras de Alagoas, Espírito
Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.
“Para nossa surpresa, descobrimos nove espécies novas,
o que corresponde a mais de 60% das espécies já conhecidas na costa
brasileira”, disse Fehlauer-Ale.
Além dos autores do artigo, os estudos tiveram
contribuição de Andrea Waeschenbach, do Museu de História Natural de Londres
(Reino Unido), e Ezequiel Ale, doutorando de genética e biologia evolutiva do IB-USP.
De acordo com Fehlauer-Ale, de agora em diante seus
estudos terão foco na espécie Bugula
neritina , que tem indícios de ser um “mosaico”. “É possível que sejam três espécies de Bugula
morfologicamente semelhantes, mas que apresentam distinções em análises de DNA
e outros atributos como simbiose
bacteriana. Encontradas em escala global, duas das espécies têm potencial
de invasão”, afirmou.O trabalho terá colaboração dos pesquisadores Joshua Mackie, da Universidade Estadual de San Jose, na Califórnia (Estados Unidos), e Grace Lin-Fong, do Randolph-Macon College, na Virgínia (Estados Unidos).
No estudo realizado, Winston teve apoio da FAPESP na
modalidade Auxílio à Pesquisa – Pesquisador Visitante, no âmbito do projeto “Sistemática, evolução e distribuição de briozoários marinhos recentes no
Brasil”, também coordenado por Migotto.
Migotto também participou das pesquisas ao orientar o
pós-doutorado de Fehlauer-Ale – com Bolsa de Pós-Doutorado – e o mestrado e doutorado de
Vieira, ambos realizados com bolsas da FAPESP.O artigo Nine New Species of Bugula Oken (Bryozoa: Cheilostomata) in Brazilian Shallow Waters, de Leandro M. Vieira e outros, pode ser lido na PLoS One em www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0040492
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