Duas novas espécies, encontradas a 492 metros de profundidade, Brasil, indicam
nível de poluição ambiental e servem de alimento a peixes e camarões.
Uma pesquisa desenvolvida em Pernambuco, em parceria com a Petrobras e o Instituto de Senckenberg, em Wilhelmshaven, na Alemanha, identificou duas novas espécies de microcrustáceos em mar profundo no Brasil. Os animais, encontrados a 492 metros de profundidade, vivem entre os grãos de sedimentos. Eles funcionam como indicadores de poluição ambiental, além de desempenharem a função de regeneradores de nutrientes no ambiente. Na base da cadeia alimentar, nutrem peixes e camarões.
De acordo com o estudo, a descoberta dos novos invertebrados pode fornecer dados práticos para pesquisas de monitoramento ambiental de áreas de produção de petróleo. O levantamento é o resultado do doutorado em oceanografia da bióloga Danielle Vasconcelos, feito na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
A média de tamanho dos microcrustáceos pode variar de 0,2 a 2,5 milímetros. A pesquisa, no entanto, identificou espécimes de dimensão ainda menor, do Kliopsyllus minor, que recebeu o nome devido ao menor tamanho registrado do gênero (0,19 milímetro). A outra espécie encontrada, denominada Pseudomesochra longiseta, é a 19ª do gênero registrada no mundo. Na denominação científica de um ser vivo, o gênero corresponde ao primeiro nome e a espécie, ao segundo.
De acordo com o relatório, estima-se que existam registradas mais de 4.300 espécies de copépodos da ordem Harpacticoida, mas somente 460 espécies de mar profundo foram descritas até agora. “É uma região pouco estudada porque existe dificuldade de acesso e necessidade de grandes investimentos, entre eles a exigência de equipamentos especiais de coleta de material”, disse Danielle Vasconcelos.
“Esse estudo foi inovador, e, de todo material coletado, temos ainda cerca de 90% de espécies novas a serem descritas. Isso representa o começo de um longo estudo que virá e de novos que precisam ser intensificados em outras regiões do Brasil”, acrescentou a pesquisadora.
EXPEDIÇÃO
As amostras de sedimento que permitiram as pesquisas sobre os microcrustáceos foram coletadas em águas de Sergipe durante a expedição oceanográfica do projeto de caracterização ambiental de águas profundas, coordenado pela Petrobrás.
Os animais foram analisados no Laboratório Dinâmica de Populações da UFPE (Labdin), coordenado por Paulo Parreira Santos, o que permitiu a caracterização detalhada da estrutura corporal e identificação dos microcrustáceos. Depois de examinados, os espécimes foram encaminhados ao Museu da Universidade de São Paulo.
“O mar profundo é uma região extremamente rica no que se refere à diversidade da fauna, e, oportunidades de desenvolver trabalhos com boas parcerias tornam-se focos para o crescimento profissional”, disse a pesquisadora.
Au: Larissa Brainer
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