quarta-feira, 25 de abril de 2012


Tecnologia naval auxilia estudos sobre comportamento de animais marinhos
Elton Alisson em 24/04/2012

Agência FAPESP – Uma tecnologia utilizada na indústria naval – para exploração de petróleo em águas profundas, entre outras aplicações –irá auxiliar pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), no campus experimental de São Vicente, a conhecer melhor o comportamento de raias marinhas e de água doce.
Os cientistas estão testando em cativeiro e em breve começarão a utilizar Veículos Subaquáticos Operados por Controle Remoto (ROVs, na sigla em inglês), combinados com equipamentos de radiotelemetria e telemetria acústica, para estudar padrões de movimentação e distribuição de raias em rios do oeste paulista e no litoral norte do estado.

Resultado de um projeto apoiado pela FAPESP, o estudo utilizando ROVs e radiotelemetria especificamente para essa finalidade era inédito no Brasil.
“As tecnologias se complementam e possibilitarão trazer à tona informações sobre a ecologia espacial de algumas espécies de raias que ainda são desconhecidas, já que estudos dessa natureza ainda não foram realizados no estado de São Paulo, especialmente em função do custo elevado e da necessidade de formação específica”, disse Domingos Garrone Neto, pesquisador da Unesp, à Agência FAPESP.
O pesquisador iniciou um estudo sobre o comportamento de raias utilizando radiotelemetria – em que são inseridos no animal transmissores que emitem sinais de rádio – em 2011, no rio Paraná, na divisa com Mato Grosso do Sul.

Como o peixe cartilaginoso, a exemplo dos tubarões, usa o sistema eletrossensorial para detectar suas presas, Garrone começou a questionar os possíveis efeitos dessas marcas eletrônicas no comportamento dos animais.
Para analisar os eventuais impactos dos equipamentos de radiotelemetria em raias, o pesquisador optou por continuar a pesquisa em cativeiro, em aquários montados especialmente para essa finalidade.
“Estamos terminando os experimentos e, em breve, saberemos se os radiotransmissores interferem ou não no comportamento das raias”, disse Garrone.

No litoral paulista, o pesquisador conheceu o Núcleo de Tecnologia Marinha e Ambiental (Nutecmar), que opera ROVs, e viu a possibilidade de incorporar mais essa tecnologia a sua pesquisa sobre ecologia espacial de raias.
Após realizar cursos na empresa para operar o equipamento, cujos comandos são similares aos de um helicóptero, Garrone pretende utilizá-lo em seu projeto de pós-doutorado, sob a supervisão do professor Otto Bismark Fazzano Gadig.
“Pretendemos utilizar ROVs para explorar tanto o mar como a água doce para analisar o comportamento de tubarões e raias em grandes profundidades de dia e à noite”, explicou Garrone.
Inicialmente, os pesquisadores estão utilizando um ROV cedido pela empresa parceira do projeto para realizar os estudos. Mas, no fim de abril, deverão começar a operar um equipamento próprio, importado da Rússia e adquirido com auxílio da FAPESP.
Avaliado em cerca de US$ 60 mil, o ROV que será adquirido pelos pesquisadores pode atingir até 150 metros de profundidade e é capaz de operar ininterruptamente quando plugado por um cabo de energia a uma corrente alternada, ou entre quatro a doze horas, utilizando a bateria de navios ou botes.
O equipamento, que pesa cerca de 12 quilos e tem o tamanho um pouco maior do que de um aparelho de microondas doméstico, é dotado de duas câmeras, localizadas em sua dianteira e traseira. Operadas na superfície, as câmeras captam imagens em tempo real, que são transmitidas para um monitor conectado a um HD de computador fora do ambiente aquático.

O robô também tem diodos de laser que possibilitam avaliar a escala de tamanho dos animais com os quais se defronta na água, além de braços articuláveis que permitem coletar materiais no fundo do mar.
Outros acessórios do equipamento são sonares que conseguem identificar os alvos com precisão, mesmo quando o equipamento é operado em águas turvas, além de propulsores que permitem que o mini-submarino navegue até 4 nós de velocidade, e emissores de luz de LED para trabalhos noturnos ou exploração de locais com baixa ou nenhuma luminosidade, como cavidades e ambientes profundos.

Mas, segundo Garrone, uma das maiores inovações do ROV “brasileiro” será um sistema de depuração de imagens que permitirá melhorar a visibilidade de imagens capturadas em águas turvas, tornando-as extremamente limpas como as de uma piscina.
“O robô permitirá substituir nossa presença na água por tempo ilimitado, possibilitando explorar os ambientes com maior segurança e precisão, principalmente no mar, onde a profundidade e a temperatura da água costumam limitar os trabalhos por longos períodos”, destacou.

Acidentes com raias

Garrone se interessou por estudar o comportamento de raias durante a realização de seu mestrado, em que desenvolveu um estudo com pescadores na Amazônia e identificou que os acidentes com raias de água doce representavam um sério problema de saúde pública na região.
Porém, não se sabia muito bem o comportamento desses animais aquáticos na natureza e aspectos como sua alimentação, reprodução e interação com outras espécies. E a maioria das poucas pesquisas disponíveis sobre essa espécie de peixe cartilaginoso era baseada em observações indiretas do animal coletado muitas vezes por anzol, rede de arrasto e pesca de espinhel.

Por meio de observações subaquáticas, Garrone fez as primeiras observações subaquáticas sobre as práticas de caça, os rituais de corte e acasalamento e o deslocamento desses animais na natureza.
Agora, o objetivo de sua pesquisa utilizando ROVs e equipamentos  de telemetria  é aumentar e melhorar o entendimento sobre o comportamento de raias marinhas e de água doce e tentar responder algumas questões como se no inverno os animais que habitam a costa de Ubatuba, no litoral paulista, procuram águas mais quentes e depois retornam no verão, quando á água está mais aquecida, e se as correntes marinhas influenciam a distribuição espacial desses animais.

“Essas tecnologias vão nos dar condições de responder essas questões com muita segurança e precisão”, disse Garrone
Os pesquisadores também pretendem utilizar equipamentos de telemetria acústica, em que são utilizadas ondas de som em vez de rádio, para estudar o comportamento de raias inicialmente no mar e, futuramente, em água doce.
Os trabalhos integram uma rede de pesquisas coordenadas pelo professor Otto Bismark Fazzano Gadig sobre elasmobrânquios brasileiros, como tubarões e raias, no Laboratório de Estudo de Elasmobrânquios da Unesp de São Vicente.

 O que é Elasmobrânquio?
Elasmobrânquio = Classe (Elasmo­branchii) que compreende peixes cartilaginosos com maxilares bem-desenvolvidos, fendas branquiais nos lados e boca situada ventralmente.
Compreende duas subclasses: a dos Plagióstomos, que abrange tubarões e cações, e a dos Batóideos, que abrange as arraias.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Mordedor de língua


Cymothoa exigua é uma das 382 espécies de “piolho” conhecidas por se grudar na língua dos peixes após entrar pelas guelras. Uma vez lá, os parasitas se alimentam do peixe, comendo sua língua e carne, além de se alimentar do suprimento sanguíneo.
  Os parasitas adultos podem atingir até quatro centímetros, e são mais comuns na costa da Califórnia. Eles não apresentam perigo aos humanos, mas um deles vivo pode dar uma boa beliscada com suas garras, também usadas para grudar na língua do peixe.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Conheça o caranguejo Yeti que cria a própria comida


Uma espécie de caranguejo de águas profundas cria sua comida no próprio corpo. O animal cria bactérias extremófilas a partir de suas patas.
O caranguejo Yeti, como é chamado, vive perto de depósitos de metano marinhos, na costa da Costa Rica, onde o composto e sulfureto de hidrogênio são formados a partir de rachaduras no piso oceânico. A bactéria se alimenta do metano, e o caranguejo da bactéria.
O caranguejo balança suas patas, movendo a água e alimentando as bactérias com oxigênio e sulfureto de hidrogênio. Ele então colhe a comida usando pinças da região bucal.
A espécie foi identificada por Andrew Thurber, um ecologista marinho da Universidade Estadual de Oregon, em Corvallis. As primeiras amostras do Yeti foram descobertas em 2005, perto da Ilha de Páscoa. Mas ela foi identificada apenas um ano depois, recebendo o nome científico Kiwa puravida, que significa “pura vida”.
A maior parte da alimentação do caranguejo parece vir dessas bactérias, e não, como na maioria dos outros crustáceos marinhos, de plânctons fotossintetizantes. Isótopos de carbono e ácidos graxos dos caranguejos parecem bater com aqueles da bactéria conversora de carbono, mais do que com plâncton. “Nós mostramos que essa espécie não está usando energia do sol como fonte principal”, comenta Thurber. “Está usando energia química do assoalho oceânico”.[PopSci]

Vida amorosa: camarão limpador mata seus concorrentes


Você talvez já conheça o camarão limpador, crustáceo que mantém uma interessante simbiose com certos peixes marinhos. O camarão se fixa sobre o corpo do peixe e se alimenta de parasitas nocivos depositados sobre ele. Essa bonita relação, no entanto, esconde um segredo sobre os camarões limpadores: eles matam indivíduos da mesma espécie na luta por parceiros.

Um experimento feito por cientistas suecos revelou a complexidade da relação entre indivíduos de uma espécie de camarão limpador (Lysmata amboinensis). Eles separaram dezenas de tanques de água e colocaram um grupo de três ou quatro camarões em cada tanque. Ao final de 42 dias de observação, cada tanque tinha só dois camarões; os demais haviam morrido.

Mas os camarões que padeceram não morreram de fome: eles foram assassinados. Os cientistas descobriram, em primeiro lugar, que o camarão limpador fica suscetível a ataques fatais quando troca de pele, em média uma vez a cada duas semanas. Para evitar se expor essa fragilidade, o camarão faz essa troca de “casca” à noite. E foi justamente nesse período de vulnerabilidade que se registraram os ataques de um camarão a outro.

Esses ataques, conforme explicam os pesquisadores, tem motivação de acasalamento: eles matam uns aos outros em busca de parceiros. Mas não se trata de relação entre macho e fêmea, porque a espécie é totalmente hermafrodita. Todos os indivíduos possuem óvulo e esperma. Por conta disso, a monogamia entre esses animais é um conceito muito relativo.

Em condições normais, o camarão limpador vive realmente em pares monogâmicos. Inicialmente, os cientistas esperavam que essa condição se mantivesse sem “traição”, quando eles fossem colocados em grupos de três ou quatro. Mas isso não aconteceu: a busca por acasalamentos mais vantajosos destruía qualquer “relacionamento” anterior dos camarões.

Nessa espécie de hermafroditas, há uma oscilação intensa entre a produção de esperma e de óvulos. Em época de competição por parceiros, o camarão produz muito esperma e poucos óvulos, porque um espermatozoide pode fertilizar vários óvulos e o camarão precisa sair “à caça” de alguém com quem reproduzir.

Quando os camarões estão unidos monogamicamente, no entanto, a situação se inverte: eles passam a produzir mais óvulos, já que não há mais competição. Mas esse momento de estabilidade é quebrado quando um terceiro camarão entra na jogada: os níveis de fertilização se desequilibram. Nesse momento, azar do primeiro camarão que precisar trocar de casca, porque pode ser morto no meio da madrugada em nome da procriação da espécie. [LiveScience]




quarta-feira, 4 de abril de 2012

FAPESP lança e-book sobre organismos bentônicos

O programa BIOTA-FAPESP lançou o e-book (livro eletrônico) Biodiversidade e ecossistemas bentônicos marinhos do Litoral Norte de São Paulo, Sudeste do Brasil. Em 550 páginas ilustradas, a publicação apresenta um inventário integrado da fauna associada aos substratos marinhos – os organismos bentônicos – no Litoral Norte paulista. Essa biota, altamente diversa e complexa, inclui organismos importantes nos ciclos biogeoquímicos dos mares e oceanos.
O conteúdo é resultado do Projeto Temático “Biodiversidade bêntica marinha no Estado de São Paulo”, financiado pela FAPESP entre 2000 e 2005 e coordenado por Antonia Cecília Zacagnini Amaral, do Departamento de Zoologia do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Organizado por Amaral e por Silvana Henriques Nallin, do Laboratório de Biologia Marinha do Instituto de Biologia da Unicamp, a produção do e-book envolveu mais de uma centena de pesquisadores das áreas de zoologia, taxonomia e ecologia.
Segundo Amaral, os bentos têm um papel fundamental no fluxo de energia, em diferentes níveis tróficos, das cadeias e teias alimentares marinhas e estuarinas. O livro consolida os dados obtidos no âmbito do Programa BIOTA-FAPESP por um levantamento amplo, consistente e integrado dessa biota no Litoral Norte paulista.
“O objetivo principal do trabalho consistiu em disponibilizar os dados obtidos no projeto de uma forma mais sintética e básica, para que eles ficassem acessíveis a alunos de graduação, especialistas de todos os níveis e principalmente para os órgãos governamentais, que podem utilizar essas informações para o desenvolvimento de políticas públicas de conservação”, disse Amaral à Agência FAPESP.
O formato de e-book foi escolhido para que fosse possível ampliar ao máximo o acesso do público. “Os resultados mais específicos do projeto de pesquisa – que trataram de temas como dinâmica populacional, reprodução de organismos e descrição de novas espécies – foram publicados em revistas internacionais. O e-book, por outro lado, apresenta informações de fácil compreensão”, afirmou Amaral.
“Fizemos coletas, no Litoral Norte de São Paulo, na gama mais variada de substratos marinhos que conseguimos, no maior número possível de praias, em áreas arenosas, em costões, no substrato submerso e na fauna associada a algas. Depois de reunir todo o material, convidamos taxonomistas especializados em diversos grupos para analisá-los”, disse.
Ecossistemas – Além de uma introdução sobre o contexto do Litoral Norte de São Paulo e uma descrição das metodologias utilizadas na obra, o livro é dividido em duas partes principais: “Biodiversidade” e “Ecossistemas”.
“Na parte sobre a biodiversidade, 63 taxonomistas tratam do conhecimento adquirido sobre a diversidade das espécies. Para determinados grupos biológicos, não havia especialistas em São Paulo, por isso convidamos pesquisadores de outros estados e países que eram ligados ao BIOTA-FAPESP. Esses especialistas, além de participar do projeto, capacitaram alunos brasileiros para trabalhar com esses grupos”, explicou Amaral.
A parte sobre biodiversidade descreve o estado atual do conhecimento sobre a taxonomia de cada um dos grupos mais comuns de organismos bentônicos nos diferentes ecossistemas da região.
“O que dá mais consistência a essa descrição do estado do conhecimento sobre a macrofauna bentônica é que sua produção contou com a participação de especialistas em cada um dos grupos. O trabalho não foi feito de forma generalizada”, afirmou Amaral.
A parte sobre ecossistemas reúne um conjunto de artigos de cunho ecológico, elaborado a partir do trabalho de base feito sobre a taxonomia. “A seção ecológica do livro tem foco nos ambientes e relaciona todos os grupos de espécies que constam na parte sobre a biodiversidade, em relação aos diferentes ecossistemas”, disse Amaral.
Com esses dados, é possível associar a ocorrência de determinadas espécies a ambientes específicos, com diferentes morfodinâmicas.
“Se temos um ambiente específico, como uma praia de areia fina e compacta, na qual as ondas se dissipam, podemos determinar quais são as espécies que provavelmente se adaptam a essas condições e que têm maior probabilidade de ali ocorrer”, disse Amaral.
(Fonte: Fábio de Castro/ Agência Fapesp)

Corais brasileiros são ameaçados por espécie do Oceano Pacífico


No laboratório do Instituto de biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), os pesquisadores confirmaram o que mais temiam: o coral sol – um coral invasor  chegou à Baía de Todos os Santos. Biólogos e oceanólogos estão avaliando o tamanho do problema.
A espécie invasora conhecida como coral sol se espalha, sufoca e mata rapidamente. Em uma área próxima a Ilha de Itaparica ele ocupou todos os espaços de um recife. As colônias nativas que ainda não foram atingidas estão ameaçadas. O invasor é uma espécie asiática, veio das águas do Índico e do Pacífico. Entrou no Brasil pelo Rio de Janeiro, mas já chegou a Santa Catarina, São Paulo, Espírito Santo e por último a Baía de Todos os Santos.
A grande ameaça agora, segundo os pesquisadores é a migração do coral sol para o extremo sul da Bahia. Se isso acontecer ele irá alterar uma das regiões mais ricas do oceano atlântico, que fica na região dos Abrolhos, onde fica localizada no 1º Parque Marinho do Brasil concentra corais raros e o maior banco de recife do sul do atlântico. Oito espécies são exclusivas da área.
O biólogo José Amorim confirma que a corrente marítima pode levar a espécie invasora para a região de Abrolhos. “Sem dúvida é uma via de acesso”, diz.
Onde o coral sol se instala a vida marinha praticamente desaparece. Ele cresce três vezes mais rápido do que os nativos e nem precisa de parceiro para procriar, conseguindo se reproduzir até quando é arrancado do mar.
“Essa é uma estratégia reprodutiva que ele tem de se reproduzir no ambiente”, explicou o biólogo Ricardo Miranda.
Arrancar as colônias invasoras até o momento é a única alternativa. Para os técnicos da Pro – mar, instituição que se dedica a cuidar da Baía de Todos os Santos, os pescadores podem ajudar nessa missão.
“Os pescadores precisam ser treinados, qualificados. Ter acesso à tecnologia que permite ele fazer a retirada do organismo invasor sem criar maiores problemas ao meio ambiente”, explicou o diretor da Pro-mar, Zé Pescador.
Até a produção pesqueira pode ser afetada pelo invasor. Sessenta e cinco por cento das espécies de peixes da costa brasileira se alimentam nos recifes construídos pelos corais nativos.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Baby boom de tartarugas-verdes em ilha nas Filipinas

Nascimento de filhotes na Ilha das Tartarugas é o maior desde 1995, quando os registros começaram a ser feitos, e pode representar 13 mil novos indivíduos adultos para a espécie ameaçada.
Um total de 14.220 ninhos de tartarugas-verdes foi registrado em Baguan, uma das Ilhas das Tartarugas, em 2011, quebrando o recorde anterior de 12.311 ninhos em 1995. Isso significa que houve 2.844 tartarugas desovando na ilha e 1,44 milhão de ovos colocados.
“1,44 milhão de ovos é um número impressionante para uma praia de cerca de um quilômetro de comprimento, e apresenta grande esperança para estimular a população de tartarugas-verdes”, diz Romeo Trono, diretor-executivo de campo da CI nas Filipinas.
“Com uma média de 90% de sucesso nos nascimentos e 1% de taxa de sobrevivência dos filhotes até a maturidade sexual, Baguan pode contribuir em 2011 com 13 mil novos indivíduos para a população adulta de tartarugas.”
Os 36 hectares de Baguan no sudeste Filipino é uma das nove ilhas da Área de Proteção do Patrimônio da Ilha das Tartarugas, única área protegida gerenciada conjuntamente por dois países: Malásia e Filipinas. É feita de seis ilhas do Santuário da Ilha das Tartarugas, onde Baguan está localizada, e três ilhas do Parque da Ilha das Tartarugas de Sabah, na Malásia.
Os dados do DENR mostram que, desde a alta anterior de 12.311 ninhos registrados em 1995, os registros de ninhos de Baguan têm passado por declínios acentuados, chegando ao número mínimo de 4.000 ninhos em 2003. Invasão da área por pescadores estrangeiros, o recolhimento de ovos por comunidades locais para comida e comércio, a destruição e a perturbação dos hábitats através de métodos de pesca ilegal e a fraca aplicação da lei foram identificadas como as causas do declínio na população de tartarugas-verdes no santuário.
“O crescimento do número de ninhos mostra que, quando tartarugas são protegidas em suas praias de desova e em distância suficiente da água, elas se recuperam”, diz Bryan Wallace, diretor de ciência do Programa de Espécies Flagship da CI. “As Ilhas das Tartarugas são áreas de importância global para as tartarugas-verdes, especialmente para a população do Pacífico Leste, por causa da relativa abundância e devido ao crescimento da proteção para as tartarugas na área.”
 Esforços de conservação bilateral
Desde 2007, a CI está trabalhando com o DENR filipino e o governo local, bem como com o Parque Sabah da Malásia, para aconselhar e implementar estratégias de conservação marinha na região, incluindo: montagem do quadro de gerenciamento de área protegida, formulação de plano de manejo para dez anos e delineamento de 1.200 hectares ao redor de Baguan como uma zona restrita de proteção.
A aplicação da lei em Baguan foi também reforçada por treinamentos providenciados pelos vigias do parque, e esforços dos aplicadores da lei, voluntários comunitários e patrulheiros. O time de observação da lei das Ilhas das Tartarugas Filipinas também inclui oficiais da guarda costeira filipina e da marinha filipina instalados na área.
“Essas parcerias com outras agências como a guarda costeira e a marinha proporcionam um grande estímulo para os esforços na observação das leis na ilha”, diz Mundita Lim, diretor do departamento de vida selvagem e áreas protegidas do DENR. “Nós também gozamos de uma boa relação de trabalho com nossos parceiros do Parque Sabah no cargo de gerência do lado malaio da Ilha das Tartarugas. Elas desovam por toda a área, sem levar em conta os limites políticos. Essa é também a abordagem que nós estamos usando no manejo dessas ilhas através da parceria de produção.”
Arlington, VA, 03 de fevereiro de 2012.