quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
Corais da Baía da Ilha Grande, na Costa Verde Fluminense, sofrem com branqueamento
Projeto Coral Vivo relaciona o fenômeno com calor intenso e atraso das massas de águas frias no local
Pesquisadores e mergulhadores identificaram na Baía da Ilha Grande, na Costa Verde Fluminense, o branqueamento de corais. O motivo pode estar relacionado ao intenso calor em todo Estado do Rio de Janeiro, com estiagem de quase um mês, potencializado pela geografia desse litoral, e pela direção do vento predominante. “Além disso, houve atraso na ressurgência de Cabo Frio – fenômeno oceanográfico que leva as massas de águas frias para a superfície em novembro, e neste verão somente aconteceu em fevereiro”, pontua o biólogo marinho Gustavo Duarte, coordenador executivo do Projeto Coral Vivo, que é patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Ambiental.
Para se ter uma ideia, a ESEC Tamoios registrou em Paraty-Mirim 34 graus Celsius na temperatura do mar. A analista ambiental dessa estação ecológica, Adriana Gomes, relata ser um recorde desde que começaram a fazer as medições há dez anos, e que é a primeira vez que acontece algo dessa magnitude com branqueamento de corais visto em diferentes pontos. Trata-se de Unidade de Conservação federal de proteção integral, criada na década de 90 com o intuito de preservar o rico ecossistema insular e marinho da região e permitir o monitoramento da qualidade ambiental, após a implantação das três usinas nucleares de Angra.
Com estresses como aquecimento da água, acidez ou poluição, por exemplo, o coral expulsa as microalgas simbiontes (chamadas zooxantelas), que vivem no interior do tecido dele e dá a cor. Ele adoece, e a expressão branqueamento é usada porque, com a saída dessas algas, o tecido quase transparente deixa em evidência o esqueleto calcário branco. De acordo com o biólogo Clovis Castro, coordenador geral do Projeto Coral Vivo e professor do Museu Nacional – UFRJ, quanto mais intenso e duradouro o evento, maior a chance da colônia de coral morrer.
“Quando os corais do litoral brasileiro conseguem sobreviver a esse tipo de estresse crônico, em seis meses, recuperam a coloração com o retorno das algas zooxantelas à colônia. Já em outras partes do mundo a taxa de mortalidade dos corais costuma ser maior”, compara o pesquisador Gustavo Duarte. Ele usa o mesocosmo marinho do Projeto Coral Vivo em Arraial d’Ajuda (BA) para simular as mudanças climáticas e antecipar episódios como este que ocorreu em Paraty, favorecendo na tomada de decisões de políticas públicas.
O Projeto Coral Vivo recebeu relatos de diferentes pesquisadores e mergulhadores da região. Até o momento, parece que é um fato isolado, sem interferência na vida marinha de outras regiões do estado. Duarte foi recentemente mergulhar em Paraty e também percebeu que a água estava mais quente do que o habitual.
Projeto Coral Vivo
O Coral Vivo faz parte da Rede BIOMAR (Rede de Projetos de Biodiversidade Marinha), que reúne também os projetos Tamar, Baleia Jubarte, Golfinho Rotador e Albatroz. Todos patrocinados pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Ambiental, eles atuam de forma complementar na conservação da biodiversidade marinha do Brasil, trabalhando nas áreas de proteção e pesquisa das espécies e dos habitats relacionados. As ações do Coral Vivo são viabilizadas também pelo copatrocínio do Arraial d’Ajuda Eco Parque, e realizadas pela Associação Amigos do Museu Nacional – SAMN/UFRJ. Mais informações:www.coralvivo.org.br e www.fb.com/CoralVivo
EcoDebate, 20/02/2014
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