quarta-feira, 24 de abril de 2013

Ouriços-do-mar podem pôr fim às rugas


Aprender com a natureza é o lema que move a investigadora Ana Rosa Ribeiro. Foi com esta premissa que desenvolveu o seu trabalho de doutoramento no Instituto de Engenharia Biomédica no Porto.
O seu trabalho deu origem ao artigo, publicado na revista PlosOne, “New Insights into Mutable Collagenous Tissue: Correlations between the Microstructure and Mechanical State of a Sea-Urchin Ligament”, que foi agora distinguido com o Prémio Pulido Valente Ciência 2012, entregue em Lisboa.
“Este foi o primeiro artigo que publiquei nesta área. O meu trabalho consistiu em fazer a caracterização morfológica de tecidos de colágeno, que são tecidos conjuntivos, nos equinodermes, ou seja na classe dos animais onde se incluem os ouriços-do-mar, as estrelas-do-mar e os pepinos-do-mar. Em particular, analisamos tecidos de colágeno mutáveis, porque os ouriços-do-mar conseguem mudar propriedades mecânicas rapidamente, o animal está muito relaxado e se tocarmos ele consegue fica bastante contraído”, explica Ana Rosa Ribeiro, licenciada em Engenharia de Materiais pela Universidade do Minho.
A investigação, que foi possível com a atribuição de uma bolsa pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), conduziu Ana Rosa Ribeiro a concluir que os ligamentos que prendem internamente os dentes dos ouriços ao resto do corpo são compostos por fibras de colágeno bem estruturadas, parecidas com as dos mamíferos.
Contudo, nos ouriços-do-mar, estas fibras cumprem a função de músculos e são controladas pelo sistema nervoso. “Com este conhecimento, no futuro, poderíamos desenvolver um biomaterial que tivesse que se adaptasse às propriedades mecânicas de acordo com as necessidades fisiológicas do paciente”, adianta, ao Ciência Hoje, a investigadora de 31 anos.

Estes biomateriais poderão ter aplicações cosméticas, por exemplo suavizando as rugas, ou mesmo médicas, ajudando a dar mais elasticidade à pele cicatrizada após lesões.
A investigação sobre os ouriços-do-mar continua no Instituto de Engenharia Biomédica do Porto, mas Ana Rosa Ribeiro mudou de área. A jovem cientista candidatou-se à FCT para um bolsa de pós-doutoramento, mas a mesma foi recusada. Este motivo, e outros pessoais” conduziram-na até ao Brasil, ao Estado de São Paulo, onde atualmente está a fazer o seu pós-doutoramento.
Mudei de área. Agora estou a trabalhar numa área de desenvolvimento de novas superfícies para implantes dentários. Estudo a interação das células humanas com estas superfícies”, conta a premiada.

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=57531&op=all

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