terça-feira, 31 de maio de 2011

Espanha: Pescadores podem ajudar a limpar o mar do plástico


Moisés Erades Sart, líder da associação de pescadores de Xabia (Alicante),
não tem dúvidas. Ele é um firme defensor de que as embarcações de arraste ou artesanais também possam recolher os plásticos e o lixo que são abundantes entre os cabos Santo António e La Nao, uma encruzilhada de travessias náuticas no Mediterrâneo oriental.
Os pescadores de Xabia, cerca de cem, reuniram-se há alguns dias e deram pleno apoio à idéia dada recentemente pela comissária de Pesca da União Européia, Maria Damanaki. Ela sugeriu que os barcos de pesca também capturem os plásticos e dejetos que ameaçam a vida marinha. Bruxelas quer que, nas épocas de inatividade (nos períodos de proibição), os pescadores sejam encarregados de limpar o mar dos resíduos e levá-los para reciclar. Reportagem de Antonio Cerrillo, La Vanguardia.
“A idéia da comissária de Pesca nos parece muito boa, porque nos ajudaria a enfrentar a crise econômica”, explica Moisés Erades, que se estende ao relatar a série de dejetos que costuma encontrar ao tirar suas redes de pesca da água. “Perto da costa, na primeira linha do mar, encontra-se de tudo; mas, mar adentro também é comum encontrar plásticos, latas e até galões, porque estamos numa rota muito transitada, tanto pelos navios mercantes como pelo turismo náutico”, afirma.
Erades e seus companheiros de Alicante pescam merluza, salmonete e polvo, mas também mariscos, camarão e lagostim. E não é estranho que, em algumas ocasiões, algumas redes tenham de ser jogadas fora ao emergirem cheias de piche ou graxa.
O ponto de vista da comissária européia conta com o apoio incondicional de muitos pescadores andaluzes, que consideram que assim será possível consolidar o intervalo biológico, muito necessário para recuperar o estoque pesqueiro super-explorado. “Dessa forma, os lugares de pesca poderão descansar, o que facilitaria a reprodução e nos renderia um salário”, disse María del Carmen Navas Guerrero, líder da associação de pescadores de Vélez-Málaga.
A super-exploração afeta os barcos de arraste (polvo, pacamão, camarões, sibas) e de cerco (sardinhas, boqueirões), até o ponto em que a associação fixou limites próprios “para dar trégua às espécies e fazer com que tenham mais valor”.
O mesmo apoio é expresso por Eusebi Esgleas, presidente da Federação Catalã de Associações de Pescadores, para quem a proposta comunitária permitiria “cuidar do meio ambiente e ao mesmo tempo ajudar os pescadores”. “As pequenas embarcações de pesca artesanais podem ser uma boa solução para ter praias limpas no verão, agora que as lixeiras deixaram de funcionar”, afirma.
Na opinião de Esgleas, as subvenções que receberão não devem ser para compensar o recolhimento de plásticos, algo que já fazem de forma habitual e rotineira quando fazem a seleção da pesca, mas para pagar pela limpeza de áreas marinhas extensas e bem delimitadas onde o lixo se concentra (plásticos, dejetos, além de troncos e outros detritos) arrastados pelas correntes que eles conhecem tão bem.
“A medida nos parece muito acertada e, além disso, equilibraria a economia do setor pesqueiro”, diz Miquel Illa, chefe da associação de pescadores de Vilanova i la Geltrú. Illa acha necessário limpar além da primeira linha marítima. “Há plásticos por toda parte. Inclusive nas áreas mais profundas, onde pescamos camarões”, diz ele.
Em Vilanova e La Geltrú há 230 pescadores e 76 barcos. Entretanto, a iniciativa de Bruxelas não foi acolhida exatamente com alvoroço pelo Ministério do Meio Ambiente e Meio Rural e Marinho. A secretaria geral do mar realizará reuniões com as organizações de pescadores, onde a questão será abordada “a partir do diálogo e o consenso com o setor pesqueiro”, afirma um porta-voz ministerial.
Neste ponto, o governo não dará um passo sem o consentimento dos pescadores. “O governo espanhol não se define claramente sobre esta idéia, porque ainda não ficou claro de onde sairá o dinheiro”, diz Moisés Erades. Os fundos europeus de pesca prevêem subvenções para ações coletivas dos pescadores se forem de interesse social geral. E, de fato, a secretaria geral do mar já colocou em andamento em 2009, na Galícia, um projeto (em colaboração com o Centro Tecnológico do Mar da Galícia) para estudar o reaproveitamento dos resíduos sólidos (não só plásticos) que forem recuperados do mar e nos trabalhos da pesca.
Para poder avançar mais nessa linha, o passo seguinte deveria ser detectar as áreas com uma acumulação de resíduo mais intensa, segundo indica a secretária geral do mar. Mercè Sanmartí, diretora de Pesca da Generalitat, mostra-se cética com o propósito da comissária européia: e, ainda que admita os benefícios iniciais desse projeto, diz que não foi demonstrada a relação entre custo e eficácia. “Estamos em crise, e deve-se avaliar previamente se o custo de sair recolhendo plástico no mar não será muito grande, tendo em vista o alto preço do combustível, do diesel e do trabalho”, afirma.
A atividade exigiria instalar contêineres nos portos e facilitar as medidas para entregar e reciclar os plásticos. O Greenpeace rejeitou sem rodeios a pesca de lixo por entender que ela confunde dois problemas que deveriam ter soluções diferenciadas. “Para começar, os plásticos não deveriam ficar no mar. Mas, além disso, o que é preciso fazer é uma boa gestão da pesca, mais social e sustentável. Os pescadores não podem se dedicar à gestão dos resíduos, mas sim a fazer uma pesca responsável”, disse Celia Ojeda, porta-voz da organização.
As iniciativas para ampliar o horizonte da atividade pesqueira são várias. A França colocou em andamento em 2008 os contratos azuis, com os quais subvencionaram ações para recolher utensílios de pesca perdidos e outros resíduos em colaboração com os pescadores. Na Espanha, introduziram-se planos para fomentar o ecoturismo de pesca. Alguns pescadores oferecem a possibilidade de passar um dia no mar e conhecer a vida marinha e seus costumes. Entretanto, as medidas estritas de segurança no mar exigidas pelo Ministério de Fomento bloquearam por enquanto a sua implantação, dizem os pescadores.
O que contamina os mares?
1. Plataformas e navios petroleiros
As plataformas petroleiras e os grandes navios que transportam o petróleo são um dos focos de contaminação dos mares. O golfo do México é a região do mundo onde houve mais vazamentos de barcos e plataformas. O Mediterrâneo está em terceiro lugar na lista, atrás do noroeste dos EUA, mas à frente do Golfo Pérsico e do mar do Norte.
2. Águas residuais
Mais de 35 municípios espanhóis estão muito atrasados no tratamento das águas residuais, que são jogadas com muita contaminação no mar, segundo uma condenação recente do Tribunal de Luxemburgo contra a Espanha. Entre outras regiões, sobressaem-se Estepona, Barbate, Alhaurín el Grande, Chipiona, Nerja, Tarifa, Gijón-Este, Llanes, Ceuta, Noia, Benicarló, Arenys de Mar, Pineda de Mar, Elx, Vinaròs, A Coruña, Vigo, Peñiscola, Bayona, Santiago Hondarribia.
3.Vertedores no mar
O mar recebe a cada dia cerca de 7.100 toneladas de petróleo e derivados procedentes dos vertedores de resíduos de veículos e indústrias que chegam ao mar através do esgoto.
4.Barcos de recreio
Derramam centenas de toneladas de resíduos. Os navios são obrigados a entregar seus resíduos oleosos em instalações de recepção autorizadas no porto.
Tradução: Eloise De Vylder
Reportagem de La Vanguardia.
Fonte: EcoDebate, 31/05/2011
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Novas pesquisas mostram que peixes têm consciência e podem sentir dor


Más notícias para os entusiastas da pesca: os peixes podem ser mais do que meras máquinas de reflexo, como se pensava. Novas pesquisas mostram que, aparentemente, eles têm consciência e podem sofrer com a dor, e pesquisadores estão pedindo que sejam tratados da mesma forma que mamíferos e aves.
Será que milhões de pescadores amadores e esportivos estão errados? Eles acreditam que ter um anzol maligno preso na boca não machuca o peixe. Os entusiastas da pesca insistem que o sistema nervoso das criaturas aquáticas é primitivo demais para que sintam dor de verdade. Reportagem de Günther Stockinger, Der Spiegel
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Depois de fisgarem o anzol, os peixes muitas vezes lutam de forma impressionante. Mas essa luta não confirma simplesmente como é pequena a agonia que vivenciam? “Se os anzóis de pesca fossem dolorosos, então um peixe fisgado não lutaria e aceitaria o puxar da linha de voa vontade, como um touro pode ser conduzido facilmente pelo anel nas narinas”, argumenta o pescador vienense Johann Braberntz no jornal “Der Fliegenfischer”.
Até agora, aficionados da pesca raramente foram acusados de crueldade, já que os peixes são vistos como forma de vida inferior. De fato, quase ninguém acredita que eles têm sentimentos como mamíferos e aves, e a maior parte das pessoas só têm sentimentos por animais de sangue quente.
Mas agora essa imagem de criaturas robotizadas que teriam uma memória de apenas três segundos está começando a rachar. As mais recentes descobertas de biólogos, neuro-anatomistas e pesquisadores de comportamento mostram que esses vertebrados antigos na evolução são muito mais do que máquinas de reflexo.
Pesquisadores da Universidade de Queen’s, em Belfast, provaram que, quando os peixes são sujeitos a estímulos de dor, os sinais não somem pela espinha. Os cientistas descobriram áreas da pele sensíveis diretamente por trás das brânquias de peixes dourados e trutas. Com a implantação de eletrodos, eles puderam mostrar que as células nervosas ali localizadas enviam sinais diretamente para o cérebro do peixe.
Quando os pesquisadores espetavam os animais com agulhas, uma fúria de mensagens neuronais eram transmitidas ao telencéfalo – a mesma região do cérebro onde os sinais de dor também são processados por animais e mamíferos.

Não um simples reflexo

Resultados similares agora foram alcançados com o salmão atlântico, a carpa e o bacalhau. “Esses estudos demonstram que áreas superiores do cérebro estão implicadas na resposta do peixe a eventos potencialmente dolorosos e que sua resposta não é um simples reflexo”, explica Lynne Sneddon, especialista em peixes da Universidade Chester, no Reino Unido.
Uma equipe de pesquisa espanhola pôde até identificar uma área no cérebro do peixe dourado que parece servir a uma função similar à do sistema límbico, região no cérebro humano que se torna altamente ativa quando as pessoas passam medo ou dor. Como nos mamíferos, esses receptores cerebrais no peixe consistem de uma série de estruturas anatômicas: sinais chegam para a amígdala e são processados por um filtro emocional, enquanto o hipocampo é para memória, mas também tem um papel importante na orientação espacial. Os pesquisadores buscaram por muito tempo em vão essas duas regiões, aparentemente porque estavam procurando no lugar errado. Acontece que, quando o peixe amadurece de embrião para adulto, sua arquitetura cerebral vira de fora para dentro: enquanto a amígdala e o hipocampo humanos são localizados profundamente nos hemisférios do cérebro humano, as estruturas comparáveis de um peixe desenvolvido se localizam diretamente na superfície do telencéfalo.
Testes comportamentais confirmaram esses resultados: os peixes dourados cujas estruturas comparáveis ao hipocampo no telencéfalo foram cirurgicamente desabilitadas subitamente perdem seu sentido de orientação - assim como os mamíferos cujas regiões cerebrais correspondentes foram desconectadas.
Além disso, quando os pesquisadores colocam as seções comparáveis à amígdala do telencéfalo fora de ação, os peixes deixam de aprender com os choques elétricos.
Isso prova que esses animais aquáticos supostamente insensíveis têm a estrutura necessária em suas cabeças para sentir medo e dor. “Apesar da estrutura e função do equivalente nos peixes ser mais muito que nosso sistema límbico, o fato que os cientistas descobriram a presença de estruturas similares é impressionante”, explica Victoria Braithwaite, zoóloga da Universidade Estadual da Pensilvânia.
Alguns anos atrás, Braithwaite causou comoção com outra descoberta que fez sobre a fisiologia dos peixes. Ela encontrou mais de 20 receptores de dor em torno da boca e da cabeça da truta - ironicamente localizados precisamente onde os anzóis penetram na carne do peixe.
Esses receptores frontais do sistema nervoso reagem não apenas aos espinhos, mas também ao calor e agentes químicos. Combinados com as fibras nervosas especializadas que transmitem impulsos de dor, os receptores funcionam como os de outros vertebrados.

Consciência da dor
Mas os peixes são capazes de converter sua percepção desses sinais complexos em uma consciência da dor? Uma série de testes comportamentais sugere que sim.
Trutas cujos lábios foram injetados com veneno de cobra ou acido acético ventilam vigorosamente com suas brânquias por quase três horas e meia, param de se alimentar, se agitam para trás e para frente no assoalho do tanque ou esfregam os lábios nas paredes de vidro. Elas demonstram muito mais do que reações de três segundos.
A truta que foi sujeitada a agentes químicos nocivos não deu atenção a uma torre de Lego colorida introduzida em seu tanque, apesar de normalmente evitar novos objetos, sugerindo que sua atenção estava dominada pela dor. Contudo, os peixes que receberam anestésicos simultaneamente demonstraram o grau usual de cautela em relação aos objetos estranhos - porque a morfina aparentemente eliminara a dor.
Uma equipe de 20 especialistas trabalhando para a Comissão da UE em Bruxelas recentemente avaliou os experimentos feitos sobre o tema. Como todas as descobertas atuais sobre a capacidade dos peixes sentirem dor se baseiam em um número limitado de espécies, inclusive trutas, carpas, peixe zebra e peixe dourado, o grupo concluiu que não é possível, por enquanto, fazer maiores generalizações. Ainda assim, os especialistas reconheceram as seguintes conclusões sobre a vida emocional dos peixes: “Com estudos de sistemas setoriais, estrutura cerebral e funcionalidade, dor, medo e estresse, há evidências para componentes neurais da sensibilidade em algumas espécies de peixe.”
Os especialistas não apenas acreditam que os peixes são capazes de ter medo e dor, mas também sensações de prazer. Por exemplo, a oxitocina – chamada frequentemente de “hormônio do amor”- também foi documentada nos peixes.
Os defensores da pesca esportiva negam essas declarações como antropomorfismos inadmissíveis. Eles dizem que os atributos humanos foram inocentemente atribuídos aos animais.
Apesar dos defensores da pesca não poderem mais negar que os peixes têm um sistema para detectar sensações de dor, eles ainda sustentam que apenas um córtex cerebral altamente desenvolvido como encontrado em mamíferos pode produzir uma consciência dos estímulos de dor registrados. “Não há uma criatura humana escondida em um cérebro de peixe”, argumenta o pesquisador norte-americano James Rose, especialista muitas vezes citado pela indústria da pesca.
“A dor e o sofrimento do peixe não foram provados”, concorda Robert Arlinghaus, especialista em peixe do Instituto Leibniz de Ecologia de Água Doce e Pesca em Berlim. “Simplesmente não sabemos se os peixes têm tais sentimentos”.

Fluido cerebral
Para muitos especialistas, porém, a falta de córtex cerebral não parece mais ser uma razão suficiente para eliminar a possibilidade de consciência da dor. Casos médicos notáveis lançaram dúvida sobre essa velha escola de pensamento: neurologistas ocasionalmente relatam casos de pessoas que só têm metade do cérebro. Enquanto outros têm sinapses, esses indivíduos têm apenas fluido cerebral - e ainda assim muitas vezes são altamente inteligentes e bem adaptados socialmente.
Outros pesquisadores estão indo além. Eles sustentam que descobriram que mesmo invertebrados têm certa consciência de dor. Robert Elwood, especialista em comportamento animal da Universidade do Queens, em Belfast, aplicou acido acético à antena sensível dos camarões. Os crustáceos subsequentemente esfregaram as áreas afligidas por até cinco minutos. De acordo com Elwood, essa reação é reminiscente de como mamíferos reagem à dor.
O polvo, o mais inteligente de todos cefalópodes, talvez tenha uma vida emocional ainda mais diversa. Esses animais, que são famosos por suas contorções impressionantes, nunca param de surpreender os pesquisadores: conseguem abrir um frasco de remédios à prova de crianças se souberem que há delícias escondidas ali dentro e fazem fugas noturnas de tanques famosos por sua segurança são comuns. “Há muitas razões por que as pessoas não querem pensar sobre a dor entre invertebrados”, diz Elwood.
Os pescadores por hobby ou esportivos estão com medo que novas leis possam ser introduzidas que limitem seu prazer em pescar.
As leis atuais na Alemanha já estipulam que os pescadores só podem sair com sua vara e pescar se estiverem em busca de comida ou reduzindo os estoques para manter as populações de peixe saudáveis. Torneios onde o pescado é devolvido à água após ter sido pesado foram proibidos – além de uso de peixes como isca viva.
Os biólogos, contudo, não suspeitam primariamente dos pescadores solitários em rios e lagos de cometerem atos de crueldade sem sentido. Sua atenção é dirigida principalmente para as fazendas de peixes e para a pesca de alto mar industrial.
De acordo com Braithwaite, zoóloga da Pensilvânia, daqui a 20 anos, quase metade de todos os peixes que comemos serão criados em enormes fazendas em torno do mundo. “Se nos preocupamos em proteger porcos e frangos na indústria de alimentos, não devemos excluir os peixes”, argumenta.
Ela também diz que mais atenção deve ser dada para as enormes frotas de barcos de pesca que navegam pelos oceanos do mundo, de forma a garantir que as criaturas “sejam mortas de forma rápida e limpa”. “A maior parte das pessoas certamente não se sente confortável com as enormes quantidades de peixe que sufocam lentamente nos conveses dos navios”, acrescentou.
As instalações de pesquisa também estão passando por fiscalização crescente, pois os peixes estão cada vez mais substituindo os camundongos e ratos em laboratórios. Sneddon, especialista em Chester, acha que seria apropriado no futuro aplicar “diretrizes humanas” para essas criaturas mudas nos experimentos. Assim como com mamíferos, diz ela, “os pesquisadores devem administrar analgesia se não interferir com os resultados dos estudos”.
Tradução: Deborah Weinberg
Reportagem [The Hook That Hurts: Scientists Tip the Scales Against Anglers ] do Der Spiegel,
Publicado em março 14, 2011 por HC